por COMJOVEM NTC | dez 2, 2024 | Artigos, Núcleo Sul de Santa Catarina
A segurança cibernética no setor de transporte RODOVIáRIO de cargas tornou-se um desafio crescente à medida que a tecnologia se integra cada vez mais nas nossas operações diárias, especialmente no mundo digitalizado pós-pandemia. É possível observar que os criminosos também se adaptaram, migrando massivamente para o ambiente virtual.
Apesar dos avanços tecnológicos que prometem aumentar a eficiência e a segurança, muitas empresas, ainda enfrentam dificuldades em proteger seus sistemas contra ameaças cibernéticas. O problema não está apenas na complexidade das ameaças, mas também na alocação inadequada de recursos financeiros em soluções que nem sempre aumentam a segurança cibernética de forma eficaz.
Um dos maiores equívocos que vejo no nosso setor é a crença de que existe uma solução única e definitiva para a segurança cibernética. Na realidade, a segurança eficaz é alcançada através de uma combinação de estratégias e práticas de segurança personalizadas para cada operação específica. Muitas empresas cometem o erro de investir pesadamente em soluções genéricas ou excessivamente complexas, sem uma avaliação adequada das suas necessidades reais, que muitas vezes são vendidas como “soluções definitivas”. Esse investimento inadequado pode não só ser ineficaz, mas também esgotar recursos que poderiam ser melhor utilizados.
A segurança cibernética não se resolve apenas com tecnologia. Embora ferramentas avançadas sejam importantes, elas devem ser complementadas por processos, políticas e, principalmente, pela conscientização e treinamento dos colaboradores, ou seja, uma proteção em camadas. Sem uma cultura de segurança bem estabelecida, até mesmo as melhores tecnologias podem falhar. Este é um esforço conjunto que envolve a colaboração de todos os níveis da nossa organização.
Sendo assim, a mudança não deve ser vista e trabalhada como uma série de medidas isoladas, mas sim como um sistema interligado onde cada componente reforça os outros. Investir em software de detecção de intrusão ou em soluções na nuvem, por
exemplo, é importante, mas deve ser complementado por medidas físicas de segurança e políticas claras de resposta a incidentes.
Cada empresa de transporte tem características e desafios únicos, e a segurança cibernética deve ser adaptada a essas especificidades. Uma avaliação de risco detalhada é essencial para identificar os pontos mais vulneráveis e definir as prioridades. A partir dessa análise, desenvolvemos uma estratégia de segurança cibernética que inclui uma combinação de tecnologias, políticas e treinamento. É crucial que as empresas compreendam que não há uma solução única e que a eficácia das medidas de segurança depende de uma abordagem personalizada e integrada. Investir corretamente, após uma análise detalhada das necessidades específicas, e promover uma cultura de segurança dentro da organização são passos fundamentais para proteger nossas operações contra ameaças cibernéticas em constante evolução. Seguindo as ideias de Bruce Schneier: devemos lembrar que a segurança é um processo, não um produto, e deve ser tratada como tal.
por COMJOVEM NTC | dez 2, 2024 | Artigos, Núcleo Sul de Santa Catarina
Resumo
O transporte de cargas é essencial para a economia global, conectando produtores, distribuidores e consumidores. No entanto, o setor enfrenta desafios como ineficiências, altos custos, fraudes e falta de transparência. Tecnologias emergentes, como blockchain e contratos inteligentes, oferecem soluções promissoras para modernizar e transformar essa indústria. O blockchain proporciona registros imutáveis e transparentes, melhorando a rastreabilidade e autenticidade de mercadorias, enquanto contratos inteligentes automatizam processos e reduzem a necessidade de intermediários. Embora esses avanços ofereçam benefícios significativos, sua implementação enfrenta desafios, como complexidade técnica, escalabilidade, padronização, privacidade e conformidade regulatória. Superar esses obstáculos é crucial para realizar o potencial dessas tecnologias e impulsionar uma cadeia de suprimentos mais eficiente, segura e confiável.
Palavras-chave: Cadeia de suprimentos; Blockchain; Contratos inteligentes; Transporte de cargas.
Introdução
O transporte de cargas é um dos pilares fundamentais da economia global, sendo responsável por mover bilhões de toneladas de mercadorias todos os anos, conectando produtores, distribuidores e consumidores em uma complexa rede de comércio e logística. No entanto, o setor enfrenta diversos desafios, como ineficiências operacionais, altos custos de intermediários, fraudes, roubos e uma notável falta de transparência em suas operações. Essas questões não apenas aumentam os custos e os riscos, mas também podem prejudicar a confiança entre os diversos participantes da cadeia de suprimentos.
Nesse contexto, tecnologias emergentes, como o blockchain e os contratos inteligentes, estão ganhando atenção como soluções promissoras para modernizar e transformar a indústria de transporte de cargas. O blockchain, conhecido por sua capacidade de criar registros imutáveis e transparentes de transações, oferece uma plataforma descentralizada que pode melhorar a visibilidade e a rastreabilidade das mercadorias ao longo de sua jornada. Já os contratos inteligentes, que são programas autoexecutáveis codificados diretamente na blockchain, permitem a automação de processos e a execução de termos contratuais sem a necessidade de intermediários.
Ao combinar essas tecnologias, o setor de transporte de cargas pode alcançar uma nova era de eficiência, segurança e confiança. Esta introdução apresenta os principais conceitos de blockchain e contratos inteligentes, destacando suas aplicações potenciais no transporte de cargas e como eles podem abordar os desafios enfrentados atualmente pela indústria. Com isso, busca-se explorar o impacto transformador que essas inovações podem trazer para uma área crítica da economia global, abrindo caminho para operações mais fluidas e menos suscetíveis a fraudes.
Blockchain e Contratos Inteligentes
Blockchain é uma tecnologia de registro distribuído que armazena informações de maneira segura, transparente e imutável. Pode ser visualizado como um livro-razão digital compartilhado por uma rede de computadores (nós). Cada bloco de transações é criptograficamente ligado ao anterior, formando uma cadeia contínua e cronológica.
A descentralização do blockchain elimina a necessidade de intermediários e aumenta a segurança contra falhas e ataques, já que o registro é compartilhado entre todos os nós da rede. Além disso, uma vez que uma transação é registrada, ela não pode ser alterada, garantindo imutabilidade. A transparência é outra vantagem, pois todas as transações são visíveis para os participantes da rede, fortalecendo a confiança.
O blockchain é utilizado em diversas áreas além das criptomoedas, como na cadeia de suprimentos, onde facilita a rastreabilidade e autenticidade dos produtos. Em votações digitais, aumenta a segurança e a transparência, reduzindo o risco de fraudes. Também permite a criação de identidades digitais seguras, facilitando a verificação descentralizada de informações.
Contratos inteligentes são programas de computador que executam automaticamente termos e condições predefinidos quando certas condições são atendidas, funcionando na plataforma de blockchain. Eles oferecem automação, eliminando a necessidade de intervenção humana, o que reduz erros e fraudes.
O criador imaginou um sistema em que os contratos pudessem ser executados automaticamente por meio de um software, sem a necessidade de intermediários ou verificadores externos. (CNN. 2022)
A transparência é garantida, pois as regras e condições do contrato são visíveis e verificáveis por todas as partes envolvidas. Uma vez implantados na blockchain, esses contratos não podem ser alterados, o que assegura o cumprimento dos termos acordados. Além disso, promovem eficiência ao eliminar intermediários, reduzindo custos e acelerando processos.
Esses contratos têm diversas aplicações, como no setor financeiro para empréstimos e seguros automatizados, e no setor imobiliário para transferências de propriedade e pagamentos de aluguéis. No transporte de cargas, podem automatizar o rastreamento de mercadorias e a liberação de pagamentos mediante a entrega. Na gestão de cadeias de suprimentos, garantem que os produtos atendam a padrões de qualidade antes de serem processados para o próximo estágio.
A Aplicabilidade ao Transporte de Cargas
As tecnologias de blockchain e contratos inteligentes têm um potencial significativo para transformar o setor de transporte de cargas, abordando problemas
que atualmente afetam a eficiência, segurança e transparência. Uma das principais aplicações do blockchain no transporte de cargas é o rastreamento em tempo real.
Cada etapa do transporte pode ser registrada de forma imutável e acessível, permitindo que informações sobre localização, condições de transporte, horários de embarque e desembarque sejam atualizadas constantemente. Isso proporciona maior visibilidade e controle ao longo da cadeia de suprimentos, aumentando a confiança de que as mercadorias estão sendo manuseadas corretamente.
[…] a adoção da tecnologia blockchain pelas empresas desse mercado foi apontada como uma das principais tendências que podem ajudar no crescimento do setor nos próximos quatro anos. (EXAME, 2023)
Além disso, o blockchain pode substituir a documentação tradicional em papel, digitalizando registros como faturas, recibos e comprovantes de entrega. A imutabilidade e a transparência do blockchain garantem que esses documentos sejam autênticos e confiáveis, facilitando auditorias e reduzindo a possibilidade de fraudes. Isso também acelera o processo de envio e recebimento de documentos, eliminando atrasos causados pela burocracia e pela papelada.
Os contratos inteligentes desempenham um papel crucial ao automatizar processos relacionados ao transporte de cargas. Por exemplo, eles podem ser configurados para liberar pagamentos automaticamente assim que a entrega for confirmada ou para iniciar ações específicas caso ocorra um atraso ou dano na carga. Isso reduz a necessidade de intermediários, como despachantes e operadores logísticos, resultando em menos custos e maior rapidez nas transações. Além disso, os contratos inteligentes ajudam a resolver disputas de forma mais eficiente, uma vez que todas as condições e eventos são registrados e verificáveis na blockchain.
Essas tecnologias também aumentam a segurança do transporte de cargas, reduzindo o risco de roubo e falsificação. Com o blockchain, todos os movimentos da carga são registrados e monitorados, dificultando ações fraudulentas. A transparência da blockchain permite que todos os participantes da cadeia de suprimentos vejam as transações e os registros em tempo real, garantindo que quaisquer irregularidades sejam detectadas rapidamente.
Os Desafios da Tecnologia
Embora as tecnologias de blockchain e contratos inteligentes ofereçam muitos benefícios para o setor de transporte de cargas, existem também algumas desvantagens e desafios associados à sua implementação.
Uma das principais desvantagens é a complexidade técnica. A adoção de blockchain requer uma infraestrutura tecnológica avançada e profissionais especializados para implementar e manter a rede. Muitas empresas de transporte de cargas podem não ter os recursos ou o conhecimento necessário para lidar com a integração dessas tecnologias em seus sistemas existentes, o que pode resultar em altos custos iniciais de implantação e treinamento.
Outro desafio significativo é a escalabilidade. Embora o blockchain ofereça segurança e transparência, a capacidade de processar um grande volume de transações de forma rápida ainda é limitada em muitas plataformas de blockchain públicas. Isso pode ser um problema em cadeias de suprimentos globais, onde milhares de transações ocorrem simultaneamente. A falta de escalabilidade pode levar a atrasos e custos adicionais, o que contraria os benefícios de eficiência esperados.
Além disso, há questões relacionadas à padronização. Para que o blockchain funcione eficazmente em um setor tão vasto e diversificado como o transporte de cargas, é necessário que haja padrões comuns adotados por todos os participantes. A ausência de normas padronizadas pode dificultar a interoperabilidade entre diferentes sistemas e redes de blockchain, limitando a eficácia das soluções propostas.
A privacidade também é uma preocupação, pois a natureza transparente do blockchain significa que todas as transações são visíveis para os participantes da rede. Isso pode ser problemático para empresas que desejam proteger informações sensíveis de negócios ou detalhes específicos de suas operações de logística. Embora existam soluções de blockchain que oferecem maior privacidade, como blockchains privadas ou permissão de acesso, essas opções podem limitar a transparência e a confiabilidade que tornam o blockchain tão atraente.
Há ainda desafios relacionados à regulamentação e conformidade. A implementação de blockchain e contratos inteligentes no transporte de cargas precisa estar em conformidade com as leis e regulamentos locais e internacionais, que podem variar amplamente. A falta de uma estrutura regulatória clara para o uso dessas tecnologias pode gerar incertezas legais e dificuldades na adoção em larga escala.
Considerações Finais
A incorporação de tecnologias como blockchain e contratos inteligentes no setor de transporte de cargas tem o potencial de revolucionar a forma como as operações logísticas são conduzidas. Ao melhorar a visibilidade, rastreabilidade, e a segurança das transações, essas tecnologias podem enfrentar muitos dos desafios que atualmente afetam a eficiência e a confiabilidade da cadeia de suprimentos. A capacidade de automatizar processos e reduzir a dependência de intermediários também representa um avanço significativo em termos de redução de custos e agilidade operacional.
No entanto, a implementação dessas tecnologias não é isenta de obstáculos. Questões como a complexidade técnica, escalabilidade, padronização, privacidade e conformidade regulatória precisam ser abordadas para que o potencial do blockchain e dos contratos inteligentes seja plenamente realizado. Superar esses desafios exigirá colaboração entre diferentes atores da indústria, investimentos em infraestrutura e uma evolução contínua das tecnologias.
Ao navegar por esses desafios e aproveitar as oportunidades apresentadas por essas inovações, o setor de transporte de cargas pode não apenas melhorar sua própria eficiência e segurança, mas também contribuir para uma economia global mais integrada e resiliente.
Referências
DA CNN. Smart contracts: entenda o que são e qual a relação com as criptomoedas. 2023. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/ smart-contracts/>. Acesso em 22/08/2024
EXAME. Blockchain pode ajudar no crescimento do setor logístico brasileiro, aponta estudo. 2023. Disponível em: <https://exame.com/future-of- money/blockchain-ajudar-crescimento-setor-logistico-brasileiro/>. Acesso em 22/08/2024
por COMJOVEM NTC | dez 2, 2024 | Artigos, Núcleo Sul de Santa Catarina
Vivemos em um mundo onde a quantidade de informações ao nosso redor supera a capacidade de acompanhamento e analise da mente humana. Todos os dias são coletados e postos a nossa disposição informações simples como o tempo de deslocamento de um local ao outro; o clima que está fazendo e o consumo de combustível que nosso carro está fazendo até chegarmos ao trabalho, entre tantas outras que são empilhadas em nosso Tronco Encefálico, parte do cérebro responsável pela memória e aprendizado, e possivelmente não serão utilizadas mais em um prazo curto de tempo.
O Big Data é um conceito recente, que começou a ser trabalhado nos anos 2000, sobre o processo de coleta, armazenagem, organização, análise e interpretação de grandes volumes de dados de uma empresa ou mercado. Resumidamente, é caracterizado por Volume, Variedade e Velocidade. Se pudéssemos fazer um comparativo, seria nosso tronco encefálico sem abrir mão de informações, interligando os dados que são apresentados para poder chegar a uma série de conclusões baseado naquilo que foi coletado.
“Os dados são considerados o novo petróleo” – Doug Laney, vice-presidente e analista da Gartner (uma das principais empresas mundiais especializadas em pesquisa e consultoria em tecnologia da informação
Com uma boa análise das informações é possível trabalhar de forma preditiva estas informações de forma evitar gargalos nas operações. Existem no mercado soluções que utilizando uma triangulação de horário, transito, GPS e histórico, otimizam a rota de entrega de mercadorias – por exemplo: sabe-se que meu cliente no ponto B tem costume de receber a mercadoria apenas após as 17h, sabe-se a média de tempo que os demais clientes demoram para receberem suas encomendas, então levando em consideração o transito posso ir ao ponto C e D e depois voltar para o B -, informação esta que dependeria da boa vontade e experiencia de um motorista ou gestor de logística.
Em uma análise histórica de volumes, alimentada com informações históricas (como variação de salário mínimo, SELIC, IPCA, taxas de importação/exportação, valor do dólar, ano eleitoral, entre outros…) é possível ter uma previsão de vendas de um cliente ou segmento e avaliar qual o tipo de veículo é necessário em qual momento temporal, facilitando para que os diretores das empresas já possam estabelecer estratégias de investimentos, contração, treinamento e manutenção dos seus equipamentos.
O Big Data é o grande diferencial para as empresas de transporte facilitarem seus planejamentos, no entanto ele ainda sofre com os desafios de implantação e infraestrutura, que consiga lidar com estes volume, variedade e velocidade de informações, mudança na cultura das empresas, que deverão trabalhar alinhadas aos dados e menos a “criatividade” ou “tino” dos seus gestores; além da ter-se uma segurança na origem dos dados, pois uma informação errada poderá prejudicar todo o planejamento de uma empresa.
Apesar dos desafios no processo de implantação, é inegável que a tendência para o mercado é uma maior coleta e triangulação de informações para a tomada de decisão nas empresas. As possibilidades são quase ilimitadas, e podem se estender para áreas financeiras, investimentos, manutenção, marketing entre tantos outros aspectos, e dependerá inclusive das questões éticas daqueles que utilizarão as mesmas, pois também entra-se em questões como: privacidade, consentimento, transparência e justiça no uso dos dados.
por comjovem | set 29, 2023 | Artigos, Núcleo Sul de Santa Catarina
O transporte RODOVIáRIO de cargas desempenha um papel fundamental nas cadeias de suprimento globais, conectando empresas e consumidores em todo o mundo. A flexibilidade e a acessibilidade das estradas permitem a movimentação eficiente de mercadorias, garantindo o abastecimento de produtos essenciais em diversos setores. No entanto, a importância desse meio de transporte também traz consigo desafios significativos em termos de sustentabilidade. O setor é responsável por uma parcela significativa das emissões de carbono globais, devido ao uso predominante de combustíveis fósseis.1 A busca por soluções sustentáveis no transporte rodoviário é essencial para garantir que as cadeias de suprimento globais continuem a funcionar de forma eficiente, ao mesmo tempo em que minimizam seu impacto negativo no meio ambiente.
Os caminhões e veículos pesados movidos a combustíveis fósseis, como o diesel, são uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Além disso, a construção e manutenção de estradas frequentemente levam à fragmentação de habitats naturais, ameaçando a biodiversidade e causando problemas como o escoamento de poluentes para corpos d’água. A mitigação desses impactos ambientais é uma preocupação crítica para a promoção da sustentabilidade no transporte.
As medidas de promoção da sustentabilidade no transporte passam por três abordagens: melhoria da eficiência energética, substituição da matriz energética e compensação no mercado de carbono. Na primeira temos o uso de ferramentas e tecnologias que aprimorem o uso dos recursos já existentes de forma mais eficiente, com redução de custos. Na segunda, os combustíveis fósseis, que hoje perfazem a vasta maioria dos recursos energéticos utilizados, passam a ser substituídos por fontes renováveis. Por último, o mercado de carbono oferece uma alternativa para mitigação do impacto que não puder ser evitado.
Infelizmente a transição para fontes renováveis ainda precisa avançar obstáculos que permitam a redução do custo e a produção em larga escala de veículos. O mercado de carbono, por sua vez, apesar de contar com iniciativas privadas de padronização, ainda carece de regulamentação legal, ficando sob a sombra do greenwashing.2 Resta, assim, o uso das ferramentas já existentes com o objetivo de melhorar a eficiência energética das operações de transporte.
O treinamento de motoristas para direção econômica desempenha um papel crucial na busca pela eficiência e sustentabilidade no transporte rodoviário. Os motoristas são instruídos a adotar práticas como aceleração suave, frenagem gradual, manutenção adequada dos veículos e a escolha de rotas mais eficientes. Além de contribuir para a economia de combustível, o treinamento em direção econômica também promove a segurança nas estradas, uma vez que motoristas treinados tendem a adotar comportamentos mais previsíveis e responsáveis. Portanto, investir em treinamento de motoristas para direção econômica não apenas beneficia as empresas de transporte em termos financeiros, mas também representa um passo importante em direção a um transporte rodoviário mais sustentável e seguro.
Além do treinamento, sistemas avançados, como o controle de cruzeiro adaptativo e o assistente de frenagem, ajudam os motoristas a manter velocidades consistentes e a evitar frenagens e acelerações bruscas, resultando em um uso mais eficiente do combustível. Além disso, sistemas de monitoramento de pressão dos pneus garantem que os veículos estejam sempre com os pneus adequadamente inflados, reduzindo o atrito e o consumo de combustível.
O uso estratégico de veículos com maior capacidade de carga representa uma ferramenta eficaz na busca por uma cadeia de suprimentos mais sustentável e na mitigação do impacto ambiental do transporte de mercadorias. Esses veículos, como bitrens e rodotrens, permitem transportar uma quantidade maior de mercadorias em uma única viagem, o que reduz a necessidade de múltiplos deslocamentos e, consequentemente, diminui as emissões associadas ao transporte.3 Além disso, a eficiência energética geralmente melhora quando se transporta uma maior quantidade de carga, já que o consumo de combustível por unidade de carga diminui. Isso não apenas contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mas também resulta em custos operacionais mais baixos para as empresas de transporte.
A substituição de veículos mais antigos por modelos certificados com a norma EURO 6 é de extrema importância para melhorar a qualidade do ar e reduzir o impacto ambiental do transporte rodoviário. Os veículos certificados com a norma EURO 6 adotam tecnologias avançadas de controle de emissões, como sistemas de tratamento de gases de escape, filtros de partículas e catalisadores mais eficientes. Isso resulta em significativas reduções nas emissões de poluentes nocivos, como óxidos de nitrogênio (NOx) e partículas finas, que são prejudiciais à saúde humana e contribuem para a poluição do ar e as mudanças climáticas.
Na busca por um transporte rodoviário mais eficiente, sustentável e responsável, é inegável que a adoção de tecnologias avançadas, a promoção de práticas de direção econômica e a substituição de veículos por modelos mais modernos desempenham um papel fundamental. Além disso, todas as tecnologias e ferramentas mencionadas já estão disponíveis no mercado, e implicam em ganhos financeiros para as transportadoras com a redução dos custos operacionais.
Essas medidas não apenas ajudam a reduzir os custos para as empresas de transporte, mas também têm um impacto significativo na redução das emissões de gases poluentes, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar e a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, elas aumentam a segurança nas estradas e promovem um uso mais responsável dos recursos naturais. Portanto, à medida que continuamos a enfrentar desafios ambientais e logísticos no transporte de cargas, investir em tecnologias e práticas que priorizem a eficiência e a sustentabilidade é essencial para construir um futuro mais limpo, seguro e eficaz no setor.
1 BRITO, Débora. Efeito estufa: transporte responde por 25% das emissões globais. [S. l.], 11 dez. 2018. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-12/efeito-estufa-transporte- responde-por-25-das-emissoes-globais. Acesso em: 19 set. 2023.
2 JÚNIOR, Sergio Teixeira. Novo padrão tenta frear greenwashing com créditos de carbono. [S. l.],
28 jun. 2023. Disponível em: https://capitalreset.uol.com.br/carbono/novo-padrao-tenta-frear- greenwashing-com-creditos-de-carbono/. Acesso em: 18 set. 2023.
3 PIMENTA, Érico. Europa começa a testar bitrem e rodotrem em prol do meio ambiente. [S. l.], 30 mar. 2023. Disponível em: https://autopapo.uol.com.br/noticia/europa-bitrem/. Acesso em: 20 set. 2023.
Por: Guilherme Cesca Salvan – COMJOVEM Região Sul de SC
por comjovem | set 5, 2023 | Artigos, ComJovem, Núcleo Sul de Santa Catarina
A automatização de processos, buscando sempre uma maior agilidade, proporcionou a evolução de diversas tecnologias que revolucionaram a história. As revoluções industriais nos trouxeram o surgimento da mecanização, a industrialização e o desenvolvimento da informática para a automação das indústrias.
Dando sequência nesta busca constante de aumentar a agilidade de processos, a Inteligência Artificial (IA) começou a ser desenvolvida e virou a “buzzword”, a palavra da moda, nos mercados.
Apesar de a primeira imagem que as pessoas têm sobre IA serem robôs humanoides com capacidade de aprender, perceber e agir como uma pessoa, o termo se tornou um genérico para aplicações que executam tarefas complexas que antes exigiam interação humana, como se comunicar com clientes online, jogar xadrez, assistentes virtuais e direção veicular assistida.
Atualmente, o nível de IA que vemos disponível no mercado é a Inteligência Artificial Limitada, tem por objetivo a realização de atividades programadas, e são divididas em:
a. Maquinas Reativas: Que não tem a capacidade de criar memórias. Elas analisam apenas quais são as possibilidades e regras para agir dentro de um cenário e procuram qual a melhor decisão a ser tomada para chegar em um objetivo. Para referência é a IA que derrotou Garry Kasparov em uma partida de xadrez em 1997.
b. Máquinas com Memória Limitada: Elas guardam algumas informações para a tomada de decisão, por exemplo, os carros autônomos que guardam a posição e velocidade do carro da frente, as faixas e placas que o veículo passou, para envio de notificação ao motorista ou dirigir o próprio veículo, assistentes virtuais como Siri e Alexa ou os serviços de indicação dos streamings (“Músicas/filmes que você pode gostar”)
Apesar de já existirem no mercado soluções na utilização de IA para empresas, como o Watson da IBM e a Carol da TOTVS, nos últimos meses foram liberados acessos a plataformas como o ChatGPT e Bard para a grande população experimentar um pouco de como estas podem impactar o trabalho das pessoas.
A popularização do ChatGPT acabou se apresentando como o uso da solução poderia facilitar o trabalho das pessoas, com auxílios que vão desde como escrever fórmulas para planilhas até bases para projetos estratégicos e ideias de captação, baseando suas respostas nas informações disponíveis na internet, e levando em consideração os detalhes colocados na pergunta.
Trazendo para a realidade do TRC
Hoje o Transporte RODOVIáRIO de Cargas (TRC) apresenta uma grande demanda para a análise de informações em tempo real que precisam ser parametrizadas e correlacionadas para chegarmos as respostas. Rentabilidade, fluxos operacionais, tempo de descanso, gerenciamento de risco, controle de temperatura da carga, câmeras, controle de telemetria, adequação de carga em relação a veículo/motorista/tempo/jornada, legislações em constante mudança e até mesmo ciclo menstrual em viagens internacionais (como foi apresentado por Danilo Guedes no
lançamento da terceira edição do livro “Insights que Transformam: Como o Transporte de Cargas Vem se Reinventando”) são algumas das coisas que as empresas precisam monitorar, e cada vez com menos profissionais a disposição.
Em um cenário em que a IA está analisando estes cenários em tempo real, com objetivos e procedimentos pré-determinados, podemos esperar uma melhora na qualidade de vida para os gestores, deixando a avaliação “fria” para a máquina, enquanto os gestores podem focar nas relações humanas. Uma pergunta como “Qual veículo é mais rentável eu direcionar para uma operação, levando-se em consideração a lei do motorista, o retorno que espero do veículo, a distância que ele está e o prazo de carga e descarga?”, poderia ser respondida em pouco tempo, para diversas operações. Lembrando que, quanto maior o número de informações disponíveis para a IA embasar a decisão, melhor será a mesma, e gerando um novo histórico para avaliação de resultados.
Se for de interesse, não apenas em resultados frios e números, a evolução dos chat bots e secretárias virtuais poderia entrar em contato com funcionários afastados para conferir como está sua recuperação; verificar como foi a noite de sono do mesmo; enviar lembretes referentes a exames periódicos e já agendá-los; ou até mesmo lembrar o funcionário que está em viagem, que será aniversário do cônjuge, baseados nas informações que a empresa já tem sobre o colaborador.
Quais os desafios para a aplicabilidade nas empresas?
Se forem desconsideradas as questões de valores de investimento, provavelmente os maiores desafios para a implementação de tecnologias como essa, é a origem dos dados. Como a Inteligência Artificial necessita de uma base de informações para a sua tomada de decisões, lançamentos de dados incorretos (como uma placa, quilometragem, dados de manutenção e cadastro) podem afetar todo o processo de tomada de decisão.
A questão cultural de os usuários do produto desenvolverem a confiança no uso da mesma, e aceitarem uma decisão diferente da que tomaria, também é algo que terá um tempo para se tornar “orgânico” no dia a dia; até mesmo de as pessoas entenderem que o produto está ali para muitas vezes aliviar o excesso de esforço e podendo focar em outros projetos.
A Inteligência Artificial já está em nossa realidade, e em nosso cotidiano. O que podemos decidir é: quando nós iremos utilizar as soluções que ela traz para nossas operações, e não apenas nas operações dos outros.
Por: Franco Scarabelot Gonçalves – COMJOVEM Sul de Santa Catarina
por comjovem | out 1, 2022 | Artigos, Núcleo Sul de Santa Catarina
A gestão ágil (agile management) e o uso de métodos ágeis para gestão de projetos tem sua origem bem documentada no ano de 2001, quando foi publicado o “Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software”. O documento foi fruto de uma reunião entre pensadores independentes voltados ao desenvolvimento de software. Os princípios contidos no documento foram formulados com o objetivo de tornar os processos de desenvolvimento de software menos pesados e menos voltados à documentação.1
De forma sintética, o desenvolvimento ágil de software quebra o processo de desenvolvimento em pequenos incrementos (iterações), de curto espaço de tempo.
Ao final de cada iteração, o objetivo é ter um produto em estado que possa ser entregue ao usuário, livre de grandes problemas, mesmo que no fim das contas esse produto acabe não sendo disponibilizado imediatamente.2
Como o desenvolvimento ágil é descrito em princípios e ideias gerais, e não em metodologias precisas e específicas, naturalmente esses princípios passaram aos poucos a serem aplicados à gestão de processos e projetos fora do desenvolvimento de software. Dessa aplicação e da associação dos métodos ágeis ao lean management, surgiu o agile management, ou gestão ágil.
Por se fundar no desenvolvimento ágil de software, a gestão ágil também herda seus princípios, inscritos no manifesto ágil, que são doze, de forma simplificada: satisfação do cliente pela entrega contínua; mudança dos requisitos em todas as fases do processo; entregas frequentes; trabalho conjunto entre gestores e desenvolvedores; motivação dos indivíduos, com ambiente e suporte necessário e confiança no trabalho; transmissão presencial de informações; o resultado final é a medida do progresso; manutenção de ritmo constante, indefinidamente; atenção à excelência técnica e bom design; simplicidade; equipes auto-organizáveis; reflexão interna e ajuste de conduta das equipes.
Como pode ser deduzido, esses princípios, apesar de terem sido elaborados em um ambiente de desenvolvimento de software, estabelecem práticas fundamentais que tem a potência de otimizar projetos de desenvolvimento de produtos e serviços nas mais variadas atividades econômicas. O transporte RODOVIáRIO de cargas (TRC) não está excluído desse rol de atividades.
No transporte rodoviário de cargas o tempo entre o “desenvolvimento” do serviço e a entrega ao cliente é medido em dias, ou mesmo em horas. Isso é ideal para a aplicação dos métodos ágeis, tendo em vista que estes foram desenvolvidos exatamente para janelas curtas de tempo, em que um produto mínimo viável (do inglês minimum viable product ou MVP) precise ser entregue ao cliente. No TRC o cliente espera entregas constantes, com iterações e melhorias a cada entrega. Por meio da aplicação dos métodos, cada operação de transporte pode se aprimorada com as melhorias desenvolvidas após a última “entrega”.
Como se vê, os princípios enunciados no Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software são largamente compatíveis com o transporte rodoviário de cargas, talvez com alguns ajustes. O que pode impedir sua aplicação, todavia, são as resistências culturais. Os mesmos mecanismos de gestão tradicional que prolongam o tempo de entrega dos produtos e serviços acabam por criar barreiras culturais, ou de mindset3, que impedem a implantação desses princípios.
A chave para mudança dessa forma de pensar, então, reside na alta gestão da empresa. Mudanças de cultura corporativa não podem, ou ao menos não deveriam ocorrer “de baixo para cima”. Esses movimentos devem ser iniciados e fomentados pela diretoria, que deve se tornar em um exemplo de adoção das novas práticas. Para uma adoção eficaz dos métodos ágeis, a direção precisa primeiro implantá-los em seus próprios processos decisórios e exigir o mesmo de seus subordinados imediatos. Aos poucos, com a persistência e o engajamento da equipe, sempre com o fornecimento das ferramentas de trabalho necessárias, a cultura ágil se implantará.
Por fim, resta dizer que os princípios de gestão ágil são de fato meras ferramentas, de forma que o seu uso eficaz exige intenção e aprendizado. Assim, não basta que a empresa contrate consultorias ou realize treinamentos com seus colaboradores se não houver genuíno investimento da alta gestão na adoção dos princípios introduzidos pelo Manifesto Ágil.
- HIGHSMITH, Jim. History: The Agile Manifesto. 2001. Disponível em: https://agilemanifesto.org/history.html. Acesso em: 25 set. 2022.
- TOTVS. Metodologia ágil: o que é e como implementar. 2021. Disponível em: https://www.totvs.com/blog/negocios/metodologia-agil/. Acesso em: 25 set. 2022.
- Forma de pensar.
Por: Guilherme Cesca Salvan – COMJOVEM Região Sul de Santa Catarina