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O Lado Bom de Desacelerar

Diz o ditado que às vezes é preciso dar um passo para trás, para dar dois para a frente. E andar mais devagar, pode aumentar sua produção?

Essa foi a experiência do Wellington de Paula, membro da Comjovem Vale do Paraíba, a frente da Transpaula já há 10 anos. Enquanto o senso comum nos faz querer fazer tudo mais rápido, acelerando cada vez mais, o jovem diretor tentou o oposto, limitando a velocidade de sua frota a 80Km/h. A experiência já completou 3 meses e por enquanto só acumula efeitos positivos.

A Transpaula atua no ramo de cargas fracionadas e lotações, concentrando suas atividades no Vale do Paraíba, Interior de São Paulo e Santos. A frota é mista, composta de veículos utilitários, trucks e cavalos.

A frota da empresa possui rastreadores com telemetria. Uma tecnologia que proporciona relatórios para acompanhamento do veículo em tempo real. Fornecendo informações sobre a localização, tempo de direção, frenagens bruscas e excessos de velocidade entre outras, inclusive quando um dos motoristas excedia os padrões impostos pela empresa.

Mas ao visualizar que um motorista já havia excedido o limite de velocidade, só restava a empresa tomar medidas educativas. O que para eles não era suficiente. A empresa queria garantir que os seus veículos não pudessem em hipótese alguma ultrapassar os limites de velocidade. Segundo Wellington, o rastreador possibilita ações corretivas, mas era preciso uma solução preventiva. “Se um veículo estiver trafegando em excesso de velocidade, poderá causar um acidente, antes que a empresa possa ter como reagir”, comentou.

Essa preocupação o levou a seguinte tomada de decisão, limitar eletronicamente a velocidade dos veículos a 80Km/h. E a ideia a princípio não foi bem recebida pelos motoristas. A principal preocupação era que não haveria tempo hábil para realizar todas as entregas e coletas. Mas a diretoria já estava decidida e topou o desafio, enquadrariam os prazos de entrega e alterariam os cronogramas da empresa se fosse preciso. Mas todas as preocupações iniciais se mostraram infundadas. A empresa continuou com os mesmos índices de produtividade, pois a medida não afetou os prazos de entrega.

E agora, de acordo com o departamento de Recursos Humanos da Transpaula os motoristas já tem outra visão da mudança. Com a limitação, a empresa zerou as multas de trânsito por excesso de velocidade, um desconto que antes era recorrente na folha de pagamento. Segundo Pamela Rodrigues, responsável pelo setor: “Agora os motoristas dirigem mais tranquilos, sem o risco de levar uma multa por velocidade e a surpresa do desconto”.

Mas não é só o alívio de saber que não é mais possível cometer esse tipo de infração no trânsito. Segundo o diretor operacional, Sergio de Paula, o perfil dos motoristas mudou, hoje eles adotam outro comportamento: “Passaram a dirigir com mais tranquilidade realizando ultrapassagens somente quando necessário, o que também diminuiu os desgastes do veículo com a acelerações pontuais em excesso”.

A empresa já começa a perceber a diminuição nos desgastes dos freios e com outras manutenções. “Como não tem mais aquele anda e para, o desgaste das peças diminuiu muito e consequentemente os veículos passam menos tempo em manutenção e ficam disponíveis para viagens”.

Se a melhora no comportamento dos motoristas e a redução dos desgastes no veículo já não fossem resultados positivos o suficiente, em pouco tempo a empresa já pode apurar uma significativa redução no consumo de diesel.

A melhora no rendimento da frota quanto as médias de consumo de diesel chegam a 10,9%. Dependendo da linha efetuada pelo veículo, as médias dos cavalos mecânicos passaram de 2,90 km/l para 3,20 km/l e de 3,08km/l para 3,33 km/l. Os veículos tocos foram os que apresentaram melhor redução, passando em média de 4,90 Km/L para 5,50 Km/L.

Se você está pesando em aderir a essa ideia, saiba que já possível comprar veículos zero km, já com essa restrição. Ou você poderá programar os veículos eletrônicos em oficinas especializadas. O custo é acessível e vale a pena o investimento, haja vista todos os benefícios proporcionados pela mudança.

Responsável: Mariana Kamiguchi Varajão

Tabela Mínima?! Mas e a Tabela Geral da Sua Empresa?

O que eu aprendi no Conet 2019

Estive pela primeira vez no Conet Intersindical na edição deste ano em João Pessoal/PB. Nos dois dias de evento, vi diversos empresários e líderes sindicais chegarem a mesma conclusão: o transportador não sabe cobrar seu frete.

Foi divulgado que o frete está defasado e a notícia chocou o total de zero pessoas. Brincadeiras à parte, a verdade precisa ser dita: disso o transportador já sabe, e faz tempo, porque o vermelho insiste em pintar o fluxo de caixa.

Não me leve a mal, acredito que devemos discutir o assunto, como ocorreu de forma ampla e democrática no evento. Afinal, o que está acontecendo?! É erro honesto? É concorrência desleal? Falta fiscalização? É muita pressão dos embarcadores? Será a tabela mínima nossa solução – o que nem se consegue discutir devidamente se a própria ANTT não esclarece as dúvidas que impedem sua plena aplicação.

Dito isso, me incomoda que nos atentemos tanto aos efeitos e pouco a causa. Esclareço. Se o transportador não sabe cobrar, dê a ele o conhecimento necessário e uma ferramenta que propicie a sua aplicação.

Proporcionar ferramentas

Não adianta, a maioria dos pequenos transportadores está tão envolto na operação do negócio que não dá tempo de pegar uma calculadora, para tentar extrair de uma planilha seus custos operacionais. Imagina separar custo de despesa, o que é fixo de variável, fazer uma previsão orçamentária, distinguir as perdas e investimentos, os ativos e os passivos…

É claro que existe contador, consultor, mentor, enfim, inúmeras soluções para esse problema. Mas eu vejo nesse gap uma oportunidade. Sabe o que mais eu ouvi no Conet?! Que só 7% das transportadoras do país estão associadas a alguma entidade sindical.

Nós precisamos aumentar esse número, digo isso pelo bem do setor e por experiencia própria. Em 9 anos que participo da Comjovem meu engajamento com o TRC e com a minha própria empresa mudou e muito. Reconheço que participar do âmbito sindical mudou minha vida e eu quero o mesmo, para os outros 93% dos transportadores, que estão perdendo tudo isso.

Durante o evento acendeu uma luz na minha cabeça. E se as entidades oferecessem ao associado ferramentas, como um softwarer de gestão de frotas, a um custo muito acessível ou gratuitamente, para controlar os custos operacionais e formar a tabela de frete de empresa?

Além disso, oferecer também conhecimento, mas de forma focada, como o SEST SENAT faz com a parceria com a FDC. Só que não administração teórica avançada. Conhecimento simples, facilmente aplicado pelos menores dos transportadores, do que precisa ser controlado e quais informações devem ser coletadas e como devem ser imputadas ao sistema para o devido cálculo do custo operacional.

A mudança

Eu prefiro acreditar que o transportador não sabe cobrar seu frete, porque não sabe apurar seus custos operacionais. E mesmo que faça controles, majoritariamente no excel inclusive (acredite, eu tenho perguntado), não sabe como tratar essa informação e extrair dela algo útil e preciso. Perde-se muito tempo fazendo diversos tipos de controles que resultam em nada com coisa alguma e assim alguns tocam suas empresas no escuro. Dá certo, porque está no tino, mas o mercado não está para brincadeiras.

Estou longe de ser uma autoridade no assunto, mas humildemente faço uma previsão. Disseminamos conhecimento agora, dentro de alguns anos começaríamos a sentir uma mudança. Porque nos contratos atuais, mal conseguimos reajustar o índice de correção anual, quiçá rever toda a tabela do cliente, alegando que antes você não conhecia todos os seus custos operacionais.

Aprendendo e sabendo como manusear seus números, eu acredito que o transportador negociaria melhor os seus novos contratos. Dessa forma, a melhora seria gradual e caminharíamos para um TRC, mais forte, unido e consolidado.

Longe de mim, dizer o que as entidades devem fazer, inclusive eu devo muito a todos os cursos, palestras e troca de experiencias que elas me proporcionaram nos últimos anos. Mas a minha grande inspiração no Conet, é que os cursos e palestras são importantes sim, mas se forem tratados com planejamento estratégico e associados a disponibilização de ferramentas aos gestores das empresas serão mais efetivos e benéficos para todos.

Responsável: Mariana Kamiguchi Varajão

Você Está Preparando Para a Sucessão Familiar?

O setor de transporte de cargas é composto majoritariamente por empresas familiares. Geralmente fundadas por um motorista que ousou e deu certo, e carregam no cerne a paixão pela estrada. Isso pelo menos até a primeira ou segunda geração no comando da empresa. Pois a nova geração de gestores, que está sucedendo esses exmotoristas, chega à empresa com uma visão diferente do negócio.

A paixão pelo caminhão ou a vivencia pelas estradas e boleias não é mais o fator determinante que motiva os jovens herdeiros a entrarem no ramo do transporte rodoviário de cargas. Não que essa paixão não exista, pois no fundo sempre existe uma ligação especial com os veículos de carga pesada. Com um alto nível de instrução e especialização, os sucessores chegam com o conhecimento técnico na gestão de empresas, enquanto os sucedidos dominam a pratica e a intuição. Claro que há quem domine ambos.

Não vou falar em gestor ideal, mas uma pessoa que domina a técnica e sabe ler as intuições do negócio será sem dúvida um gestor bem sucedido. Entendo que na sucessão o objetivo é transmitir todo esse conhecimento prático aos jovens que estão preparados com as mais modernas vertentes e ferramentas para gestão de empresas.

Nessa transição de conhecimento e principalmente de responsabilidade, todos os envolvidos enfrentam desafios pessoais, além dos profissionais. E para a sucessão ser bem sucedida, e acontecer sem atritos e magoas, os dois lados precisam se preparar.

Cabe aos pais transmitirem o que sabem, mas permitindo certa liberdade para que os filhos descubram o seu próprio estilo de liderança e tomada de decisões. Para isso, é preciso aceitar que o sucessor será um gestor diferente e não uma cópia idêntica ao mestre. Mudanças ocorrerão inevitavelmente, o importante também é dosar os limites da responsabilidade, para que o pupilo não fique em uma zona de conforto, agindo ciente de que ele não precisa se preocupar, já que os pais tomarão conta de tudo.

Já os filhos não podem perder a postura profissional, por mais que trabalhar com a família possa criar um ambiente mais informal. E isso vale para os benefícios e também para as inconveniências, não se pode levar opiniões divergentes ou críticas construtivas para o lado pessoal. Além disso, existe um longo caminho para conseguir a desejada voz ativa, a confiança da família. Não se pode desanimar ao primeiro “você ainda é muito novo e não entende disso”. Trabalhando com dedicação e mostrando seu valor, logo os filhos conquistarão o seu espaço naturalmente.

Então se preparem, estejam cientes dos papeis que cada um deve desempenhar, quando é hora de abrir mão ou de tomar a responsabilidade para si. Ou seja, se preparem! Hoje já existem métodos que auxiliam essa transição. Dê o melhor de si e tudo correrá bem.

Responsável: Mariana Kamiguchi Varajão