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Comércio, serviços, indústria, agropecuária e transportes, alavancam o desenvolvimento e ajudam MS a superar a pandemia

por | out 13, 2020 | Notícias

Fonte: G1
Chapéu: Economia
Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul — Foto: Silas Ismael/Arquivo Pessoal

Esses segmentos, conforme os dados mais recentes do Produto Interno Bruto do estado (PIB), que são ainda de 2017, representam quase 75 % do índice do indicador.

De cada R$ 10 de toda a riqueza produzida em Mato Grosso do Sul, pelo menos R$ 7 vêm dos setores de comércio e serviços, indústria, agropecuária e transportes. Esses segmentos, conforme os dados mais recentes do Produto Interno Bruto do estado (PIB), que são ainda de 2017, representam quase 75 % do índice do indicador.

São esses setores também que vêm alavancando o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul nestes 43 anos de criação que o estado completa neste domingo (11), e que no momento em que enfrentou uma de suas crises mais severas, a provocada pela pandemia do novo Coronavírus, o estão empurrando para a recuperação.

Comércio e serviços

“Ao longo dos anos se observou um aumento significativo em comércio e serviços. Esses avanços estiveram principalmente nos segmentos voltados a restaurantes e similares, turismo, pet shops e beleza. Mas infelizmente a pandemia do coronavírus trouxe consigo diversos impactos negativos sobre a economia, vida das pessoas e negócios”

presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecomércio/MS), Edison Araújo

Araújo diz que a pandemia não gerou apenas impactos negativos para o setor no estado. “Avanços foram possíveis, assim como a intensificação de estratégias. A adoção de estratégias, tais como, o comércio digital, ou a distância, ajudaram a amenizar em mais de 50% os impactos sobre os negócios. Novos negócios surgiram, assim como outras passaram a ser mais demandadas, como o da tecnologia da informação, marketing, comunicação, vendas à distância, artigos de decoração, consertos e compras de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis”.

Em relação ao futuro do setor a médio prazo (10 anos), o presidente da Fecomércio diz nada mais será como antes da pandemia. “Mas podemos trabalhar para que seja melhor, visto que os empresários do comércio se reinventaram em um curto espaço de tempo, durante a pandemia”.

Indústria

Outro setor importante que ajudou a construir a história do estado e vem ajudando a superar esse momento de dificuldade é a indústria. Segundo a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), o segmento está “a todo vapor”, e presenteia o estado com aumento na geração de empregos, na receita de exportações de produtos industrializados, na abertura de novos estabelecimentos industriais e na produção das indústrias.

No ano, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems, a indústria já tem 130.439 trabalhadores com carteira assinada, a receita de exportações de industrializados está em US$ 2,499 bilhões e deve encerrar o ano na casa dos US$ 3,74 bilhões, enquanto o número de estabelecimentos industriais chegou a 6.014 empresas e a produção industrial deve fechar 2020 com uma movimentação de R$ 53,9 bilhões.

Além disso, o PIB Industrial caminha para terminar o ano em R$ 23,1 bilhões, o que representa 23% do total do PIB de Mato Grosso do Sul, que deve encerrar 2020 em R$ 116,7 bilhões. Na avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, esses dados extremamente positivos são, com certeza, o melhor presente que o setor industrial poderia dar a Mato Grosso do Sul em meio a crise mundial.

“No início da pandemia, em março, inúmeras indústrias nos procuraram preocupadas com os efeitos dessa doença sobre o setor. Imediatamente, por meio da área de SST (Saúde e Segurança do Trabalho) do Sesi, iniciamos a elaboração dos protocolos de biossegurança para que as empresas continuassem produzindo apesar da Covid-19 e o resultado estamos verificando agora”

— Sérgio Longen

Ele reforça que, aliada à adoção dos protocolos de biossegurança para continuarem produzindo, as indústrias também foram beneficiadas com o ajustamento do mercado à nova realidade do setor. “Conseguimos junto às autoridades competentes e com o apoio das instituições financeiras a criação de linhas de crédito especiais via FCO e a prorrogação do pagamento de alguns compromissos para dar fôlego aos empresários”, analisou.

Para Longen, toda essa estrutura disponibilizada permite que Mato Grosso do Sul figure entre os principais estados em desenvolvimento mesmo com a pandemia.

“Os indicadores positivos da indústria foram alcançados graças ao trabalho construído a quatro mãos pela Fiems, pelo Governo do Estado, pela bancada federal e pelas instituições financeiras parceiras, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Essa união de forças deu certo e vamos continuar atuando para que possamos mantê-la em prol do desenvolvimento do nosso Estado, que está de aniversário neste mês”, pontuou.

Agro

A vocação agropecuária e como o estado vem utilizando o potencial nesse segmento é outro destaque nestes 43 anos de história. Em 2020, mesmo com a pandemia, o estado registrou uma produção recorde de soja, 11,3 milhões de toneladas da oleaginosa.

Esse aumento ocorreu com o crescimento na produtividade, que é resultado da implementação de novas tecnologias e inovações, e também com expansão de área. Entretanto, em áreas que eram ocupadas anteriormente por pastagens, a maior parte com algum grau de degradação, sem pressionar os “estoques” de vegetação nativa.

Mato Grosso do Sul se consolidou nestes 43 anos como um dos polos do agronegócio no Brasil. Está entre os maiores produtores do país em soja, milho, cana-de-açúcar e carne bovina, entre outros. O desempenho do estado no setor acaba sendo um reflexo do que ocorre no contexto nacional e seus bons resultados ajudam, segundo especialistas, a entender o fato do setor ser junto com as exportações, os únicos a registrarem crescimento do Produtor Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2020 (0,4%).

O economista Aldo Barrigosse comenta que um conjunto de fatores explica os bons números do agro em Mato Grosso do Sul. Aponta que o estado tem um custo operacional baixo e grande produtividade para commodities como soja, milho, cana e carnes. Somado a essa aptidão natural ele destaca que os produtores sul-mato-grossenses “surfaram” em uma onda favorável em meio a pandemia da Covid-19.

Barrigosse diz que em razão da pandemia, que provocou restrição de operação em várias atividades, ou de intemperes climáticas, houve redução de oferta de vários produtos no mercado internacional, como as carnes e o açúcar. Diz que o Brasil também foi afetado, mas em escala menor, principalmente no agro – que não parou suas atividades, o que permitiu que o país aproveitasse essa janela de oportunidades para ampliar suas exportações em um mercado aquecido e com grande demanda.

Essa procura, provocou uma elevação dos preços, criando um círculo virtuoso, que inclui ainda grande produção, empregabilidade e exportações em patamares elevados.

A exportação de soja, por exemplo, cresceu no primeiro semestre de 2020, 58,42% em volume e 51,47% em receita em Mato Grosso do Sul frente o mesmo período de 2019. Nestes seis meses o estado embarcou 3,915 milhões de toneladas, que resultaram em uma receita de US$ 1,316 bilhão.

Ainda sobre os efeitos da pandemia no setor, o presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Algodão (Ampasul), Walter Schlatter, disse ao G1 há alguns dias que o fato da agropecuária não paralisar suas atividades durante a pandemia foi fundamental para que o setor conseguisse superar as adversidades.

“Isso fez com que a economia nas regiões agrícolas continuasse girando normalmente, visto que a mão de obra no campo foi mantida, os insumos agrícolas continuaram sendo adquiridos e utilizados, e os produtos agrícolas comercializados, ou seja, a compra e venda no ramo do agro continuou movimentando os recursos financeiros que sustentaram de forma positiva o setor durante a pandemia”.

Para auxiliar o produtor a ter números tão positivos quantos os registrados neste ano do 43º aniversário do estado, a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso Sul (Famasul), investiu em tecnologia.

“Por meio da tecnologia e de modo remoto, conseguimos atingir nosso objetivo de, durante a pandemia, continuar compartilhando conhecimento em prol das transformações no campo”

— Presidente da Famasul, Mauricio Saito

A Famasul concluiu, nesta semana, o primeiro ciclo de lives sobre temas ligados à agropecuária de Mato Grosso do Sul. Desde junho de 2020, foram 17 edições transmitidas semanalmente no canal do Youtube, com cerca de 12 mil visualizações a partir de junho de 2020.

De 2 de junho a 6 de outubro de 2020, o Canal Sistema Famasul saltou de 700 para mais de 2.050 inscritos, atingindo mais de 12 mil visualizações e 3 mil horas de exibição pública. Neste ano, os vídeos publicados pela instituição na plataforma registraram cerca de 28 mil visualizações.

Os encontros on-line abordaram sobre os desafios e oportunidades das principais cadeias produtivas do estado: Bovinocultura de Leite, Piscicultura, Horticultura, Bovinocultura de Corte, Ovinocultura, Grãos, Avicultura, Fruticultura, Suinocultura, Agroindústria, Equideocultura, Cana-de-Açúcar, Heveicultura e Silvicultura.

Transportes

Mas se o estado tem uma indústria pujante, um agronegócio forte e um setor de comércio, serviços e turismo ativo, inovador e criativo, precisa escoar essa produção e transportar prestadores de serviço e clientes. Nestas pouco mais de quatro décadas, a logística tem tido um papel preponderante nessa rota de desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.

“O nosso setor emprega em Mato Grosso do Sul quase 10 mil pessoas. Empregos formais e diretos e quase 27 mil indiretos. Nós representamos do PIB sul-mato-grossense quase R$ 5 bilhões. Então, é um setor forte, pujante e que contribui muito para nosso estado. Estamos esperando que essa contribuição possa ajudar ainda mais, para que o nosso estado continue crescendo e que nos próximos 10 anos, esse estado realmente se transforme em um dos principais do nosso país”

— presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog/MS), Claudio Cavol

Cavol, disse que a exemplo do que ocorreu com outros segmentos, que o setor de transportes também foi afetado pela pandemia, com a queda do volume de cargas transportado para outros estados e até outros países, mas que a atividade já está em recuperação.

“Felizmente estamos recuperando rapidamente e esperamos que muito em breve estejamos em níveis de antes da pandemia. O transporte de cargas se comportou bravamente nessa pandemia. Não paramos um só minuto. Transportamos mercadorias de um canto do Brasil para o outro dioturnamente. Não paramos e continuamos a trabalhar. Infelizmente tivemos algumas baixas no setor também. Foram poucas, mas tivemos. Estamos glorificados pelo fato de que conseguimos deixar o Brasil tranquilo naquela época de crise e que não houve nenhuma comoção social para atravessarmos o grave momento que estávamos passando. A nossa economia está se recuperando bravamente e rápido. O setor de transportes está acompanhando isso e tem esperança de que em breve estaremos em níveis melhores do que antes da pandemia”, afirmou.

Cavol apontou que o estado tem em um prazo de 2 a 3 anos a perspectiva de mudar completamente sua realidade em relação ao setor, com a entrada em operação da Rota de Integração Latino-Americana, a rota bioceânica que passa por Mato Grosso do Sul e vai ligar o Brasil aos portos do Pacífico, por meio .

“Temos uma perspectiva muito boa, e que certamente irá ocorrer daqui a dois ou três anos, que a Rota de Integração Latino-Americana. Essa rodovia estará ligando Campo Grande, até os portos do Pacífico e também a rodovia Pan-Americana e possibilitará que cargas se movimentem muito mais rapidamente entre os países da América Latina e da América do Sul”, comentou.

Ele disse que a rota impulsionará a economia do estado como um todo e destacou a potencialidade que se abrirá para o segmento de turismo. “Nossas famílias poderão visitar regiões belíssimas com custo muito baixo. E também teremos muitos turistas visitando Mato Grosso do Sul e Campo Grande. Para isso, precisamos estar totalmente preparados para que esse turista venha e recomende Mato Grosso do Sul a outras pessoas, em seus países de origem. As esperanças para o nosso estado são grandiosas, tanto no campo de logística, de transporte de cargas, como também no de turismo”, concluiu.