
Dados são poder. No mundo do transporte rodoviário, onde veículos e empresas geram grandes quantidades de dados, quem detém esse poder? Sem uma estrutura legal para regulamentar o uso de dados business-to-business (B2B) no nível da UE, a questão permanece sem resposta.
Como principais geradores de dados no setor, os operadores de transporte estão preocupados com a falta de regulamentação e transparência. Para onde vão os dados produzidos por seus veículos? Como é usado e por quem? Eles podem acessar seus próprios dados? A incerteza torna as operadoras de transporte hesitantes em compartilhar dados com outras empresas. Esta questão crescente foi colocada na agenda dos decisores da UE durante a Conferência da UE da IRU em outubro.
Recentemente, a UE renovou o seu compromisso de impulsionar a sua estratégia digital. Identificou a digitalização como uma das principais alavancas para relançar a economia europeia após o COVID-19. Mas como ele planeja tornar o compartilhamento de dados uma realidade para todas as empresas?
A confiança é a base do compartilhamento de dados em uma economia digital de sucesso. Isso só pode ser estabelecido por meio da igualdade de oportunidades.
A IRU identificou três princípios-chave para garantir a justiça dos dados.
Adoção de um quadro jurídico da UE para o fornecimento de dados business-to-business
A estrutura deve incluir explicitamente os princípios para o compartilhamento voluntário de dados e reciprocidade quando se trata de acesso aos dados, definir claramente as obrigações e responsabilidades dos agregadores de dados e reconhecer os direitos dos geradores de dados.
Fornecer incentivos financeiros às operadoras
Mais de 80% dos operadores de transporte de mercadorias e passageiros na UE são pequenas e médias empresas (PME), com um a 10 veículos por operador. A atualização para ferramentas digitais e o treinamento da equipe exigem investimentos significativos, para os quais as empresas precisam do apoio do governo.
Compense as operadoras de transporte por compartilharem seus dados
O futuro quadro de dados deve também garantir que os operadores de transportes possam solicitar e receber uma remuneração financeira em troca dos dados fornecidos. A menos que os benefícios da partilha de dados sejam claros para os operadores de transportes, não se deve esperar que entreguem as suas informações gratuitamente num mercado estimado em 1 bilião de euros, ou cerca de 8% do PIB combinado da UE-27.
A digitalização do transporte rodoviário tem o potencial de trazer muitos benefícios para empresas, consumidores e sociedade. Mas só se for bem feito.
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Observação: A matéria é a nível mundial para entender como é o comportamento do setor no geral. Aqui no Brasil as empresas vêm se adequando a LGPD, fazendo com que o setor seja uns dos pioneiros em relação ao mundo.
Tradução: Mikael Costa, consultor de Relações Públicas da NTC&Logística.
Fonte: IRU
Governança de dados