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Transportadoras tentam equilibrar custos

por | mar 30, 2023 | Notícias, NTC na Mídia, Outros

Fonte: Valor Econômico
Chapéu: Mercado
Foto: Divulgação/NTC&Logística

Apesar do recuo no preço do diesel, empresas procuram ganhos de produtividade com uso de tecnologia e melhor aproveitamento nos espaços dos caminhões

A redução neste ano de 6% no preço do diesel, embora tímida, aliviou a forte pressão nos custos dos fretes pagos nas rodovias brasileiras, que vinha acontecendo nos últimos anos. E mantém em alta, para os próximos meses, a demanda por transporte de cargas no país, avaliam consultores e dirigentes de empresas transportadoras. Em 2022, o transporte de cargas nas estradas do país atingiu o movimento recorde de 1,2 trilhão de toneladas de carga por quilômetro percorrido (TKUs), segundo levantamento do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). Ainda não há projeções para este ano, mas a expectativa é que o aumento da demanda por transporte saia do patamar de 1,8% registrado em 2022 para 3% em 2023, bem acima da taxa de 0,9% prevista para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

“O comércio eletrônico continua crescendo num percentual alto (o número de pedidos pela internet aumentou 9%) e o agronegócio projeta elevação da safra em mais de 10%, o que mostra que o setor de transporte e logística pode ter um bom desempenho neste ano”, diz Mauricio Lima, sócio-diretor do Ilos.

Segundo ele, não há ociosidade da frota de caminhões, que atinge 2,2 milhões de veículos, de acordo com as empresas. Mas as transportadoras ainda enfrentam dificuldades para equilibrar seus custos, porque os veículos novos estão mais caros, assim como o preço das apólices de seguro, e o valor agregado das encomendas transportadas diminuiu. “Por isso, é preciso que as empresas procurem ter uma logística mais eficiente para fazer essa entrega sem ter prejuízo”, diz Lima.

“As ações adotadas pelas transportadoras devem estar relacionadas com ganhos de competitividade e produtividade para que os veículos transportem o máximo de mercadoria em menos tempo”, concorda Francisco Pelucio, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), entidade que representa as empresas do setor de transporte de cargas e logística do país.

A perspectiva do grupo Sada, que atua com o transporte e logística automotiva, por exemplo, está em linha com a dinâmica do setor, afirma Luís Roberto Santamaria, diretor-executivo de transporte e logística. Com operações em mais de 60 cidades, atuando com frota própria de 600 veículos e mais 3 mil caminhoneiros terceirados, o grupo Sada movimentou 2,2 milhões de veículos em 2022 e transportou 200 mil toneladas de cargas. “Este ano, a nossa expectativa de crescimento é de 2% a 5% em termos de venda de veículos zero-quilômetro, alinhado com expectativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e demais órgãos e com base no que nossos clientes estão apostando para o ano”, destaca.

Para Santamaria, o importante neste momento é fazer, de forma permanente, uma análise dos custos detalhada. “Além de uma gestão clara dos processos, a tecnologia tem sido uma ferramenta fundamental para a automatização da prestação dos nossos serviços, seja com o uso de sistemas de câmeras para fazer a leitura e localização dos carros nos pátios, seja para otimizar a mão de obra e reduzir avarias nos veículos transportados, além de aumentar a transparência dos processos e maximizar cada vez mais a experiência do cliente”, diz.

Além de dar andamento ao seu plano de expansão, que prevê abertura de novas unidades no país, incluindo as regiões Norte e Nordeste, o grupo Rodonaves, sediado em Ribeirão Preto (SP), investe sobretudo na área operacional, informa Jesiel Tasso, diretor de marketing. “O objetivo é nos aproximarmos cada vez mais dos nossos clientes, colocando-os no centro das nossas decisões”, destaca. “Pretendemos, assim, melhorar não somente prazos de entrega, mas também toda a experiência do cliente, por meio da oferta de uma solução logística completa, desde armazenagem até coleta e entrega, da primeira à última milha.”

Segundo ele, a RTE Rodonaves, empresa que deu origem ao grupo há 42 anos, tem como principal diferencial a eficiência de atendimento – são mais de 300 mil clientes atendidos anualmente. “Temos uma malha logística bem desenhada, que atende mais de três milhões de possibilidades de rotas para coletas e entregas em mais de cinco mil cidades em todo o país, que visa conexões entre Estados e centros urbanos para nos aproximar cada vez mais da clientela”, explica Tasso. “Por isso, em nosso cenário não existe ociosidade para caminhões”, diz. São mais de três mil veículos na frota da empresa e o plano para este ano contempla a aquisição de mais 170 veículos novos.

O grupo Rodonaves cresce ano a ano, de acordo com o executivo. Em 2022, teve um acréscimo de receita de 24% em relação a 2021, atingindo um faturamento de R$ 1,7 bilhão. “Para 2023, nossa meta é ampliar o faturamento da RTE Rodonaves em 17%, o que representará 80% da receita total do grupo”, afirma Tasso.

A preocupação com a melhoria dos sistemas de gestão e controle logísticos envolve empresas de diferentes tamanhos, origens e foco de negócio. Especializada em cargas completas e fracionadas, com foco nos setores siderúrgico e alimentício e na indústria da transformação, com atuação no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e sul de Minas Gerais, a TKE Logística, sediada em Araranguá (SC), tem investido pesado em pessoas e tecnologias, para um ganho maior de competitividade, afirma Franco Gonçalves, gerente administrativo da empresa. “A intenção é ensinar as pessoas como a tecnologia pode facilitar a vida delas, bem como revisar constantemente as operações financeiras e os custos da companhia”, diz.

Controlar custos e buscar sinergia nas operações são as ações mais eficazes da Anacirema Transportes, especializada no transporte de cargas paletizadas ponto a ponto, segundo José Alberto Panzan, diretor da empresa e presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e Região. Com sede em Americana (SP) e filial em Santos (SP), a Anacirema atende clientes dos setores alimentício, de bebidas, de higiene e limpeza, químico, automotivo, de bens de consumo e do comércio exterior.

Empresa global de serviços expressos com base na internet, com enfoque em inovação tecnológica, a J&T Express aposta no novo cenário de logística 4.0 que se desenha no mercado brasileiro como um impulsionador de crescimento em 2023. “Da mesma forma que nossos clientes desejam receber seus pedidos com maior rapidez, também procuramos realizar as entregas da maneira mais ágil e eficiente possível”, diz Andy Wang, CEO da J&T Express Brasil.

Segundo ele, isso é fundamental, levando-se em conta um país de proporções continentais como o Brasil. “Nesse caso, o diferencial importante é garantir um tempo de entrega reduzido e, se possível, sem custos para o cliente (free shipping)”, destaca. “Para isso, é essencial que a transportadora invista de forma constante em inovação para garantir um controle de expedição minucioso, com uma análise detalhada de todo o seu fluxo operacional e sistêmico. “Com isso, será possível mapear todas as etapas da operação de entregas, reduzindo eventuais impactos que possam afetar a experiência final do consumidor.”

A J&T Express, acentua ele, está bem posicionada para alavancar recursos na construção de operações locais para estabelecer uma rede de serviços aprimorada no Brasil. A intenção é prestar serviços transfronteiriços aos comerciantes de e-commerce onshore, que incluem principalmente desembaraço aduaneiro, armazenamento no exterior e entrega de última milha, indica Wang.

O e-commerce também deve puxar o crescimento das atividades da FS Logística, transportadora especializada nas transferências intermunicipais e interestaduais de cargas fechadas. Em 2022, segundo Rafael Jacobsen, diretor de operações, a empresa atingiu um faturamento de R$ 350 milhões, quase o dobro do registrado no ano anterior, e em 2023 a expectativa é crescer na faixa de 25%. A empresa investiu R$ 32 milhões em 2022 e planeja aplicar mais R$ 50 milhões neste ano, especialmente no seu principal foco de negócios, o de carretas blindadas. Para a Motz, que nasceu como transportadora digital da Votorantim Cimentos, a aposta é na ampliação do elenco de clientes que utilizam os serviços com objetivo de agilizar e simplificar a logística de caminhoneiros e embarcadores. Hoje, são mais de 130 clientes de diferentes segmentos, como agronegócio e construção civil. O volume transportado, entre julho e setembro de 2022, saltou de 2,9 milhões de toneladas para 4 milhões de toneladas, em comparação com o mesmo período de 2021. “Nós centralizamos a gestão do relacionamento com os caminhoneiros por meio da nossa plataforma digital, facilitando desde a seleção dos profissionais até a administração dos contratos, com mais segurança e solidez”, diz André Pimental, presidente da Motz.