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Investimento em infraestrutura no Brasil precisa mais que dobrar, aponta estudo

por | set 18, 2019 | Outros

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Foto: Eduardo Saraiva/A21MG

Para manter e modernizar portos, aeroportos e rodovias, o Brasil precisa de R$ 162 bilhões a mais do que investe atualmente – o que significa mais que dobrar o valor atual.

Neste ano, os investimentos públicos e privados em projetos de infraestrutura devem representar 1,87% do Produto Interno Bruto (ou R$ 133 bilhões). O ideal, no entanto, é que esse percentual subisse a 4,15% do PIB (R$ 295 bilhões), indica um levantamento da consultoria Inter.B.

Os cálculos da consultoria consideram uma estimativa de PIB de R$ 7,12 trilhões em 2019 (em 2018, o PIB ficou em R$ 6,8 trilhões em valores nominais). Segundo a pesquisa, apenas se os aportes superarem o patamar de 4% do PIB durante os próximos 20 anos, o país terá condições de garantir a manutenção e a ampliação da infraestrutura.

“A brecha hoje é de R$ 162 bilhões em valores nominais (sem correção pela inflação). Teríamos que mobilizar isso do setor privado, porque a capacidade do setor público nos próximos anos é muito limitada”, diz o presidente da Inter.B, Claudio Frischtak.

O investimento em infraestrutura é fundamental para que o país consiga acelerar o desenvolvimento econômico. Com melhores serviços em aeroportos e estradas e uma rede de saneamento mais eficiente, por exemplo, o país vai se tornar mais competitivo e, dessa forma, acelerar o crescimento do PIB. As obras também contribuem para movimentar a economia porque geram emprego.

Dependente de grandes obras, o setor de infraestrutura tem sido duramente afetado pela crise fiscal da União, estados e municípios. Sem recursos em caixa, o poder público não consegue realizar novos empreendimentos, nem concluir os que já estão em andamento. No ano passado, a Inter.B mapeou 7,4 mil obras paralisadas apenas no programa “Agora é Avançar”, do governo federal. Se elas fossem concluídas, acrescentariam R$ 115 bilhões à economia do país.

O orçamento do setor público também está pressionado pelo teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. Como boa parte dos recursos é consumida por despesas obrigatórias, como salários de servidores e aposentadorias, sobra pouco para investir.

Em 2020, a equipe econômica projeta que o investimento do governo federal deve ser de apenas R$ 19,4 bilhões, abaixo dos R$ 22,8 bilhões esperados para este ano e dos R$ 38,4 bilhões realizados em 2018.

“O setor público não tem nenhuma condição de acompanhar, vamos ficar satisfeitos se ele mantiver o nível nominal (de investimentos). Logo, o setor privado vai ter que ocupar esse espaço”, diz Frischtak.

Do total investido em infraestrutura no país atualmente, mais de dois terços já vêm do setor privado (65%), segundo o levantamento da Inter.B. E a tendência é que essa parcela cresça para algo em torno de 84%, segundo o economista.

A parcela de investimentos públicos inclui aportes do governo federal, das administrações estaduais e municipais e também de empresas estatais.