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O Efeito PSI

por | set 4, 2017 | Artigos, Núcleo Sorocaba

Fonte: NTC&Logística
Chapéu: Artigo

Cenário atual, segundo semestre de 2017, as empresas de transporte de cargas (TRC) sentem uma leve esperança, dão um leve suspiro ainda com medo do que passaram, analisam o passado recente de pura queda no preço do frete, falta de demanda, insegurança jurídica, aliados ao pior, numerosas contas para pagar, é o cenário perfeito para a falência.

A geração de emprego formal no setor de transportes teve uma queda gradual desde 2010 até igualar a 0 em 2015, onde passa a desempregar gerando quase 60.000 demissões em 2016, o fluxo pedagiado de veículos vem em queda desde 2010, esses dados vem na contra mão da noticia da diminuição da informalidade no Brasil, ou seja, o estrago é bem maior.

Fato é que enquanto o emprego diminui e o fluxo de pedágio cai, o PIB do setor oscila em uma linha quase reta com uma leve queda de 2011 até 2014 (onde inicia uma queda mais acentuada), curiosamente no mesmo período o número de empresas abertas vem aumentando ano a ano, diante desta incoerência vemos um grande alarme, ele se chame BNDES.

O desembolso do BNDES com o programa FINAME vem aumentando consideravelmente desde 2001 a 2008 a uma média de 0,88 vezes o seu valor ano a ano, porém o desencontro vem em 2009 com a entrada do FINAME PSI que da um salto de 12.605 para 29.931em 2010.

Os dados mostram que na tentativa de reaquecer a economia foi dado um crédito desenfreado e com pouco controle, funcionou por dois anos, o PIB do setor deu uma respirada em 2009 e 2010, mas o mercado já começou a ajustar sua ordem natural (oferta e demanda) entrando em queda livre de 2015 a 2017, e reduzindo consideravelmente a venda de caminhões.

Sem entrar no mérito de que o governo subsidiou montantes que geraram um aumento significativo na divida pública, vamos focar em entender o problema direto ao setor do TRC.

Quem comprou veículo através do PSI em 2012 por exemplo, teve o benefício do pagamento em oito anos, assim em 2015 e 2016 praticamente todos os veículos subsidiados precisavam pagar as parcelas mensais do financiamento. Como vimos, o PIB andou praticamente de lado até 2014, porém com o aumento da oferta (caminhões) foi abaixando o preço do frete, este fenômeno se agrava em 2015 com a queda do PIB (menor demanda), neste momento os clientes do BNDES estão desesperados para conseguir pagar as parcelas aceitando fretes a preço abaixo de custo e completamente fora da legalidade, aceitando prazos de pagamento irreais em alguns casos de até mais de 3 meses para tentar ainda reduzir  o prejuízo.

Com esse completo desajuste no setor aliado a crise econômica e , temos a triste realidade, aproximadamente 40% de empresas fechadas, entre elas empresas de mais de 50 anos no setor, fretes muito abaixo da tabela referencial de mercado e muitas vezes abaixo de custo, aumento da informalidade, aumento dos prazos de recebimento, escassez de demanda e excesso de oferta.

O que nos leva de volta ao cenário atual, segundo semestre de 2017, depois deste ajuste natural do mercado no setor do TRC e um leve sinal de retomada econômica, os transportadores sentem uma esperança, de maneira tímida vão aos poucos reduzindo os prazos para recebimento e diminuindo o rombo no caixa, os fretes lentamente voltam a aparecer e o poder de negociação junto aos clientes dá sinais de melhora.

Acredita-se que apenas após as eleições de 2018 a economia consolide o crescimento, mas já é possível ver indícios de que o mercado no setor se ajustou, indicando que quem sobreviveu a crise poderá colher os frutos em um futuro próximo.

Resta aos transportadores refletirem se continuarão sendo uma classe desunida e sem poder , tendo que aceitar políticas fiscais, econômicas e sociais que depreciam e excluem o setor, ou se demonstrarão sua força e evidente poder de negociação junto as classes políticas, estamos em um ano com importantes pautas para o setor, como a reforma trabalhista, o marco regulatório e o aumento de tributos no setor de serviços, não podemos permitir que o TRC seja deixado de lado novamente, ou as 60% de empresas que restaram se submeterão ao monopólio de um pequeno grupo de grandes corporações.

Responsável: Mauricio Nogueira Magalhães Júnior