por COMJOVEM NTC | dez 2, 2024 | Artigos, Núcleo Triângulo Mineiro
O setor de transporte e logística desempenha um papel crucial na economia brasileira, conectando diferentes regiões do vasto território nacional. No entanto, enfrenta desafios significativos, como a necessidade de maior eficiência operacional, transparência e segurança nas transações. O blockchain, juntamente com contratos inteligentes, emerge como uma solução inovadora capaz de revolucionar esse setor e impulsionar benefícios significativos. Estas tecnologias reduziriam também a probabilidade de erros humanos, melhorando a eficiência global do setor.
Mas o que é blockchain? A tecnologia blockchain é uma sofisticada estrutura de banco de dados que possibilita a divulgação clara e transparente de dados dentro da rede empresarial. Blockchain é a tecnologia que possibilitou a criação do bitcoin e de outras criptomoedas, como Ether e Litecoin, mas ela pode ser usada para diversas outras aplicações.
Explicando de uma forma mais simples, imagine um sistema de correio global onde as cartas são transportadas por uma rede de bicicletas. Cada carta é colocada em uma mochila, que passa por várias estações de validação ao redor do mundo. Se aprovada, a mochila é selada com um código único e se une a outras mochilas. Para aumentar a segurança, cada mochila carrega não só o seu próprio código, mas também o código da bicicleta que a carrega. Isso significa que, para acessar o conteúdo de uma mochila, alguém teria que decifrar mais de um código. Essa rede de entregas não tem um dono central, então todas as entregas são registradas em um livro público disponível para todos. No entanto, só é possível ver quando uma entrega foi feita, não quem enviou ou o que foi enviado.
O blockchain, por sua natureza descentralizada e imutável, pode fornecer uma infraestrutura segura para o registro e rastreamento de todas as transações ao longo da cadeia de suprimentos de transporte. Cada transação, desde a origem até o destino final, pode ser registrada em blocos interconectados, proporcionando transparência e reduzindo riscos de fraudes e erros. No entanto, segundo Astarita et al (2019), a maioria dos artigos encontrados na literatura para o setor de transportes mostram apenas potencialidades. Ou
seja, o Blockchain ainda não é uma realidade para o TRC. Isso ocorre devido ser frequentemente relacionada a difusão da Internet de sistemas e dispositivos conectados em tempo integral, o que todos sabem, não ocorre em solo brasileiro. Por outro lado, empresas que estão de alguma forma relacionadas com o TRC, já estão obtendo bons resultados com esta nova tecnologia. A Boeing, por exemplo, participa do desenvolvimento da SkyGrid, que usa essa tecnologia para gerenciar o tráfego aéreo. Enquanto isso, o Carrefour monitora e rastreia a cadeia de produção de 30 variedades de produtos, como ovos, salmão e queijo, por meio da blockchain.
A rastreabilidade é um componente crucial para o transporte eficiente, especialmente em um país tão extenso quanto o Brasil. Segundo Tijan et al (2022) esta tecnologia pode facilitar tarefas logísticas: pode ser usado para rastrear pedidos de compra, alterações de pedidos e documentos de frete, e pode ajudar na informação compartilhando sobre o processo de fabricação e entrega. Isso tudo antes mesmo do caminhão passar por uma barreira fiscal ou mesmo pedágios. Além disso, o blockchain poderia otimizar processos e aumentar a confiabilidade de manifesto de cargas e CTE’s. Um sistema poderia ser desenvolvido para vincular todos os interessados na carga, Receitas estaduais, federais e municipais, embarcadores, clientes e transportadores. Todos os interessados receberiam uma chave com as informações de carregamento, entrega e talvez até localização da carga. Isso diminuiria vertiginosamente o trabalho de fiscais e atrasos em postos fiscais. Combinado com tecnologias RFID (Identificador por rádio frequência, uma evolução do código de barras), pode até eliminar aquele fiscal “tendencioso” que procura algum tipo de “favorecimento” escuso, pois o controle de total de toda a documentação seria criptografado e já aprovado pelos órgãos competentes previamente. Isso tudo além de, permitir a antecipação de potenciais problemas, como atrasos ou danos, possibilitando uma resposta rápida e eficaz.
Esta tecnologia poderia inclusive substituir o infindável DTe. Pois não seria mais necessário um novo documento contendo as informações. O próprio Blockchain já reuniria as informações necessárias do manifesto e CTe’s que são mais do que suficientes para identificar e controlar as cargas pelo país. Isso seria uma simplificação significativa de processos burocráticos, como a emissão e verificação de documentos de transporte, faturas e pagamentos. Pois o transportador poderia vincular o recebimento do frete ao manejo das informações, como chegada e partida da carga, etc. Isso é crucial em um setor onde diferentes empresas, como transportadoras, fornecedores, alfândegas e clientes, muitas vezes operam com sistemas distintos.
Em resumo, a implementação de blockchain e contratos inteligentes no transporte e logística brasileiros tem o potencial de otimizar operações, aumentar a transparência, reduzir custos e melhorar a segurança. Embora desafios possam surgir durante a transição para essas tecnologias inovadoras, os benefícios a longo prazo para o setor e para a economia brasileira como um todo são promissores. O futuro do transporte e logística no Brasil pode ser moldado pela adoção inteligente e estratégica dessas tecnologias disruptivas.
Referencias:
ASTARITA, Vittorio et al. A review of blockchain-based systems in transportation. Information, v. 11, n. 1, p. 21, 2019.
TIJAN, Edvard et al. Factors Affecting Container Seaport Competitiveness: Case Study on Port of Rijeka. Journal of marine science and engineering, v. 10, n. 10, p. 1346, 2022.
por COMJOVEM NTC | dez 2, 2024 | Artigos, Artigos Técnicos, Núcleo Triângulo Mineiro, Triângulo Mineiro
Em tempos de crise como os atuais, onde a incerteza institucional e a safra em queda permeiam o imaginário dos empresários brasileiros, soluções precisam surgir para dar tranquilidade para quem investe, independente do setor. O transporte RODOVIáRIO de cargas no Brasil, sendo um setor vital para a economia e visando amenizar as dores de si mesmo, nos últimos anos tem passado por uma transformação significativa impulsionada pelo avanço das tecnologias digitais que seus próprios clientes estão navegando. Câmeras que monitoram o trajeto, sensores de fadiga do motorista, dados meteorológicos, informações de tráfego, telemetria digitalizada em tempo real e rastreamento via satélite, são exemplos desses avanços. No entanto, a quantidade de dados gerados, processados e utilizados no transporte é enorme e precisa ser bem gerida para que o gestor não se perca em meio a tanta informação. O uso de análises de Big Data vem para garantir insights valiosos para as partes interessadas no transporte, como a gestão e steakholders (ILIASHENKO, ILIASHENKO e LUKYANCHENKO, 2021).
Segundo Leal e Santos (2015), O uso de Big Data no transporte, visa fornecer informações em tempo real. A proposta é analisar de forma abrangente todos os aspectos relevantes para cada parte envolvida, com o objetivo de otimizar a utilização de uma modalidade específica, diminuir custos e reduzir o tempo de viagem A otimização de rotas, por exemplo, utiliza dados em tempo real para identificar as rotas mais eficientes, levando em consideração o trânsito, condições climáticas e outras variáveis. Isso resulta em economia de combustível, redução no tempo de entrega e menor desgaste dos veículos. No monitoramento de frotas, sensores e sistemas de telemetria permitem que as empresas acompanhem o desempenho dos veículos, prevejam manutenções necessárias e evitem quebras inesperadas, aumentando a disponibilidade da frota. Além disso, a gestão de riscos baseada em Big Data possibilita a identificação de áreas com maior incidência de roubos de carga e condições adversas nas estradas, permitindo a adoção de medidas preventivas para melhorar a segurança.
Além destas possibilidades, infinitas outras surgem como análise de custos e eficiência operacional, planejamento logístico, previsão de demanda entre outros. Essa quantidade de informações supera em muito a capacidade humana de geri-las e prever os próximos passos a serem dados. A Analise Preditiva, então, vem junto para que o gestor possa antecipar as decisões que precisam ser tomadas utilizando técnicas avançadas de estatística, machine learning e inteligência artificial. É outra tecnologia que tem transformado o transporte rodoviário de cargas no Brasil. Essa abordagem permite que as empresas antecipem eventos futuros e tomem decisões informadas com base em grandes volumes de dados históricos e em tempo real. Muitos clientes e embarcadores já utilizam tecnologias de Big Data com Analise Preditiva, como Monsanto, Amazon, Uber, Lyft, etc.. A cidade de Joiville possui inclusive um case especial onde utilização das tecnologias que melhorou a agilidade e tempo no transito da cidade (HIROKI, 2021).
Com todo o arsenal de dados que o Big Data fornece para a Analise Preditiva, esta possui aplicações mais significativas como a previsão de demanda, manutenção preditiva, gestão de riscos e na otimização de rotas, etc.. Empresas como a Polifrete que fornecem softwares com estas tecnologias e funcionalidades, já atuam no mercado e possuem cliente como a Britvic, Eletrolux e SuperBAC. Estas empresas conseguem prever as flutuações no frete e negociar contratos com vantagens econômicas que muitas transportadoras não conseguem enxergar pois não possuem as mesmas ferramentas. Grandes players de comodities possuem equipes dedicadas a analisar dados e prever quando o frete pode subir ou descer, para conseguir economizar o máximo possível no momento de transportar a carga.
Porém, nem tudo são flores. Essa quantidade de informação precisa ser devidamente protegida pelo frotista. Tanto para proteger o próprio negócio, como para proteger os dados de clientes e stakeholders envolvidos na operação. A segurança cibernética é uma responsabilidade inerente a este tipo de trabalho, além também da nova Lei Geral de Proteção de Dados que obriga as empresas a proteger os dados que coleta e trabalha.
Com estas novas tecnologias, as empresas enfrentam novos desafios e vulnerabilidades, como riscos associados ao uso de IoT e telemática, ataques de ransomware, acesso não autorizado a dados sensíveis e manipulação de sistemas de gestão de frotas. Empresas e governos ao redor do mundo sofrem ataques diariamente de hackers. Um bom exemplo no setor de transportes foi a Braspress que sofreu um ataque massivo a seus servidores no 1º semestre de 2024.
Para mitigar essas ameaças, as empresas devem adotar medidas de proteção e boas práticas, como a implementação de firewalls e sistemas de detecção de intrusões (IDS), a criptografia de dados, atualizações e patches regulares, e a educação e treinamento de funcionários. A gestão de acessos também é fundamental, garantindo que apenas usuários autorizados tenham acesso a sistemas e dados críticos, além de implementar autenticação multifator (MFA) e políticas de privilégio mínimo. O monitoramento contínuo e a resposta a incidentes são essenciais para identificar atividades anômalas e responder rapidamente a qualquer ataque cibernético. Finalmente, auditorias regulares de segurança cibernética ajudam a garantir que as políticas e medidas de segurança estejam em conformidade com as melhores práticas e normas de mercado.
O combo “Big Data, análise preditiva e medidas de segurança cibernética” no transporte rodoviário de cargas no Brasil não só otimiza a eficiência e reduz custos, mas também protege as operações contra ameaças emergentes. À medida que o setor continua a adotar novas tecnologias, essas ferramentas se tornarão ainda mais importantes para garantir a competitividade e a sustentabilidade das empresas no mercado. O futuro do transporte rodoviário de cargas no Brasil depende da capacidade das empresas de integrar essas tecnologias em suas operações diárias, respondendo de forma proativa às demandas e desafios do mercado.
Referencia
LEAL, Adriano Galindo; DOS SANTOS, Alessandro Santiago. TENDÊNCIAS E CAMINHOS DAS PESQUISAS EM SISTEMAS INTELIGENTES DE
TRANSPORTE. 9º Congresso Brasileiro. 2015
ILIASHENKO, Oksana; ILIASHENKO, Victoria; LUKYANCHENKO,
Ekaterina. Big data in transport modelling and planning. Transportation Research Procedia, v. 54, p. 900-908, 2021.
HIROKI, Stella Marina Yurí. Mobilidade, participação e dados: o caso da aplicação do Waze for Cities Data na cidade de Joinville (SC). URBE. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 13, p. e20200030, 2021.
por comjovem | set 30, 2023 | Artigos, Núcleo Triângulo Mineiro
As fontes de energias renováveis são recursos naturais continuamente regenerados na natureza, usados para produzir energias limpas e sustentáveis, como água, luz do sol, vento, matéria orgânica e calor interno da Terra. Embora esses recursos estejam disponíveis de forma abundante na natureza, eles não podem ser considerados inesgotáveis, por isso é necessário o consumo consciente.
Atualmente, os tipos de energias renováveis mais usados no Brasil são: energia hidrelétrica, eólica, solar e biocombustíveis. Essas fontes de energia proporcionam diversos benefícios econômicos, ambientais e sociais. A redução de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera é o principal benefício associado às energias renováveis, visto que interfere diretamente na situação climática do planeta, o que as tornam recursos chave para alcançar uma possível neutralização de carbono.
Em 2021, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), a ONU convocou uma mobilização das nações em prol da neutralização de carbono até o ano de 2050, com o intuito de evitar uma possível catástrofe climática.
Desde então, governantes e grandes empresas se comprometeram a viabilizar e concretizar esse compromisso global. No que diz respeito ao setor de transportes, há uma pressão significativa para que a responsabilidade pela descarbonização seja assumida, dado que hoje representa cerca de 25% das emissões globais de GEE, considerando a queima de combustíveis fósseis em todos os modais de transporte.
Diante desse cenário, é evidente que o transporte RODOVIáRIO de cargas (TRC) desempenha um papel importante nesse compromisso global. Nos últimos anos, temas relacionados à descarbonização e à responsabilidade ambiental têm ganhado destaque no Brasil. Entre as empresas, o ESG tem se tornado um tema amplamente discutido, o qual consiste em um conjunto de práticas e critérios que avaliam a comprometimento de uma empresa com relação a questões ambientais, sociais e de governança. Concomitantemente, uma pauta relevante entre os governantes é o fomento ao uso de fontes de energias renováveis.
O aumento do conhecimento relacionado a esses assuntos, principalmente sobre a utilização de recursos renováveis e descarbonização, desempenha um papel essencial para promover a adoção desses recursos no TRC. Ainda que a implementação das fontes de energias renováveis não seja responsabilidade exclusiva do setor, ter maior entendimento sobre elas capacita os transportadores para desempenharem um papel mais ativo perante os governantes, o próprio setor e a sociedade. Essa capacitação possibilita uma grande contribuição no cenário futuro, trazendo uma influência maior nas decisões políticas, a redução de barreiras à adoção, o engajamento da indústria e de outros stakeholders, bem como a promoção da conscientização e a busca coletiva pela neutralização de carbono.
Para se comprometer com a neutralização de carbono, o TRC pode começar a sua mobilização considerando adotar as energias renováveis disponíveis. Destaca-se os caminhões elétricos, alimentados por baterias que possuem autonomia limitada a cerca de 200km, em razão disso eles têm sido usados em áreas urbanas, onde a infraestrutura de recarga é mais acessível e as rotas são menores.
A Braspress foi uma das pioneiras a adquirir caminhões elétricos para fazer entregas na capital paulista. Uma das vantagens apresentadas por Urubatan Helou, diretor presidente da empresa, é que os caminhões estão isentos do rodízio municipal, um dos incentivos promovidos pelo governo. Também destaca-se os caminhões a gás, abastecidos por gás natural veicular (GNV), que possui uma emissão de GEE de 70% a 85% menor quando comparado ao diesel. Os caminhões a gás possuem autonomia limitada a cerca de 1.700km e também podem ser abastecidos com biometano, combustível proveniente de matéria orgânica que já é produzido no Brasil.
Há energias renováveis com grande potencial para descarbonizar o TRC, ainda em fase de teste juntamente com os equipamentos compatíveis. O hidrogênio verde, por exemplo, já está sendo produzido e testado no Brasil, com caminhão compatível passando por testes na Europa. O biodiesel, que atualmente representa 12% da composição do diesel comum brasileiro, possui caminhão compatível com biodiesel puro sendo testado na França. Além disso, caminhões com sistemas móveis de energia solar que visam reduzir o uso do diesel comum passam por testes no Brasil.
A implementação de fontes de energias renováveis no TRC enfrenta desafios significativos. Um dos principais desafios reside nos custos iniciais elevados, o que pode ser uma barreira de entrada para pequenas e médias empresas. Além disso, a falta de infraestrutura de recarga elétrica e de pontos de abastecimento com GNV é uma questão relevante, que impacta na distância percorrida e no tempo de rota. Outro desafio é a autonomia limitada dos caminhões elétricos disponíveis no mercado, sendo em média 200km, o que se torna inviável para rotas de longas distâncias.
Para consolidar o uso das energias renováveis e possibilitar uma transição completa da frota atual para uma versão moderna, sustentável e compatível com essas fontes, é imprescindível promover mudanças no cenário brasileiro atual. Isso inclui a promoção de incentivos tecnológicos para empresas que produzem energias limpas e biocombustíveis, assim como para fabricantes de veículos. Também é fundamental o desenvolvimento de políticas e regulamentações que fomentem esses investimentos e estimulem a adesão das energias renováveis não apenas no TRC, mas em outros setores dependentes de fontes de energia do Brasil.
Apesar dos avanços tecnológicos e incentivos políticos serem cruciais para a consolidação das energias renováveis, o TRC pode se destacar através da gestão desses recursos em vários aspectos. A começar pela conscientização do setor e sua disseminação à população através de práticas sustentáveis, pois quando a relevância dessa transição for compreendida, ela passará a ser mais valorizada por todos. Além disso, é importante que os transportadores se comprometam a acompanhar o avanço tecnológico e a adotar as energias renováveis mais viáveis para suas operações.
Também é possível adotar boas práticas, como o ESG, indicadores de desempenho ambiental, otimização de rotas e gestão do consumo de combustível.
É importante ressaltar que a descarbonização já está sendo exigida por alguns embarcadores, tornando o momento atual propício para que os transportadores iniciem a gestão da emissão de GEE em suas operações. Atualmente, ferramentas especializadas em gestão de frota realizam esse cálculo, o ideal é optar por aquela que forneça relatórios detalhados com a quantidade de emissões diretas e indiretas, e que faça o inventário de acordo com os escopos e os critérios do GHG Protocol.
A partir desse cálculo, espera-se que as empresas compensem suas emissões através da compra de créditos de carbono, os quais apoiam instituições voltadas para a preservação dos recursos renováveis, como o plantio e a conservação de florestas, além do desenvolvimento de matrizes energéticas. É crucial que as empresas que adotem a gestão de emissões de GEE garantam total transparência no processo, divulgando publicamente suas emissões e compensações. Por fim, levanta-se uma consideração para reflexão: não seria interessante implementar essa prática e repassar os custos aos embarcadores, informando que a transportadora oferta “frete verde” com emissões de GEE compensadas?
Por: Bárbara Valente Tavares – COMJOVEM Triângulo Mineiro
por comjovem | set 30, 2023 | Artigos, Núcleo Triângulo Mineiro
A inteligência artificial (IA) é um novo campo da ciência e tecnologia que visa interpretar e criar unidades inteligentes para diversos setores da economia. Ecoam atividades baseadas nas ações e no desenvolvimento humano, levando à comparação com conceitos de inteligência ou racionalidade. Mediante definição, um sistema é considerado racional quando executa a ação correta, dadas as
informações de que dispõe. Considerando seu potencial representativo, a inteligência artificial é capaz de transformar o transporte RODOVIáRIO de cargas (TRC).
A capacidade da inteligência artificial abre portas para abordagens mais complexas, como a aplicação de algoritmos avançados de aprendizado de máquina.
Esses algoritmos podem analisar padrões de transporte em grande escala, tendo em conta variáveis dinâmicas como condições meteorológicas, eventos inesperados e mudanças sazonais, para otimizar não só as rotas, mas também o planejamento de
toda a logística. Isso torna as operações mais flexíveis e adaptáveis, fortalece a capacidade da indústria de responder à desafios complexos e melhora a competitividade.
Aparentemente as empresas do TRC têm se rendido à tecnologia mediante aos benefícios futuros que podem alcançar através de métodos racionais que a IA pode promover. A necessidade de melhorias no setor é extremamente imediata, pois cada mudança positiva é muito importante para que os grandes objetivos das empresas sejam alcançados. Essas soluções são pilares essenciais de inovação nas questões mais complexas do segmento.
Ao fazer uma análise de dados em tempo real, a IA pode promover um aproveitamento eficaz das rotas, redefinir os processos de tráfego e planos de ações tornando-os eficazes para evitar congestionamentos, reduzir prazos de entrega e, portanto, custos operacionais. De fato, as decisões não podem mais depender unicamente da intuição e percepção individual de cada gestor, é necessário que elas sejam fundamentadas no mercado atual, considerando sua complexidade em sua totalidade.
Com o desenvolvimento dessas ferramentas técnicas avançadas, as empresas do TRC se beneficiarão significativamente. A otimização de rotas e a interpretação de dados em tempo real reduzem significativamente os custos operacionais, seja por meio de rotas mais eficientes que economizam combustível, minimizam o desgaste dos veículos ou reduzem a necessidade de manutenções corretivas. Além disso, uma gestão eficaz do tempo impulsionada pela IA conduz a prazos de entrega mais precisos e curtos, o que aumenta a satisfação do cliente e consolida a imagem da empresa perante o mercado.
Os benefícios também se estendem aos motoristas, através de condições de trabalho mais seguras e eficientes. A inteligência artificial ajuda a monitorar a saúde dos condutores, recomendando pausas adequadas para descanso e promovendo a sua segurança e bem-estar durante a viagem. A introdução da IA significa uma gestão mais inteligente de toda a operação, pois ela cuida desde o planejamento de rota até o monitoramento do andamento da entrega em tempo real. Isso aumenta a capacidade de adaptação a mudanças repentinas ou eventos inesperados e garante uma operação mais suave e flexível.
A inteligência artificial melhora a manutenção preventiva e promove uma gestão eficaz de ativos, minimiza o tempo de inatividade e permite uma alocação mais precisa de recursos, o que se reflete em inovações na gestão de frotas e na integração de novas tecnologias, como veículos autônomos e sistemas avançados de monitoramento. Além disso, a IA pode melhorar a manutenção preventiva dos veículos detectando antecipadamente potenciais avarias mecânicas, o que promove uma operação segura e prolonga a vida útil da frota. A otimização possibilitada pela IA significa que cada veículo é utilizado de forma mais eficiente, maximizando o seu potencial e reduzindo os custos associados à sua utilização. Esses avanços tecnológicos estão, portanto, a redefinir fundamentalmente a forma como as empresas de transporte operam e competem no ambiente dinâmico do TRC.
É relevante compartilhar o posicionamento do professor da UFU Daniel Duarte Abdala, Doutor em computação pela Westfälische Wilhelms-Universität Münster na Alemanha com ênfase em Processamento Digital de Imagens, Métodos Numéricos, Visão Computacional e Reconhecimento de Padrões afirmando que “já é possível se programar para uma carga antes mesmo de existir o pedido, e com esse mesmo sistema, prever qual veículo deve atender a demanda, gerando um mínimo tempo ocioso, rodando a menor distância possível vazio e também considerando qualquer particularidade daquele veículo, motorista e operação”.
É evidente que no dia a dia do TRC, as empresas podem utilizar diversas ferramentas, das mais simples às mais complexas. As opções iniciais incluem softwares de gerenciamento de frota, sistemas de rastreamento e aplicativos de planejamento de rotas, os quais permitem uma gestão mais eficiente dos veículos e de sua roteirização. A IA aperfeiçoa rotas em tempo real e prevê padrões de demanda. A um nível avançado, a integração de sistemas telemáticos avançados, sensores IoT e automação de processos robóticos (RPA) permite o controle preditivo e a manutenção dos veículos, resultando em operações mais seguras e eficientes.
Apesar dos desenvolvimentos tecnológicos promissores, o TRC enfrenta grandes desafios na implementação dessas inovações. Um dos maiores obstáculos é a resistência à mudança, que muitas vezes ocorre em organizações com estruturas tradicionais e rotinas estabelecidas. É necessário estimular a criação de processos baseados no conhecimento ou na compreensão adequada das novas tecnologias, esse desafio que requer formação e sensibilização para a sua adoção efetiva. Além disso, os elevados custos de implementação e manutenção dessas tecnologias podem ser uma barreira, especialmente para as pequenas e médias
empresas do setor. As questões de segurança cibernética e privacidade também são grandes preocupações, pois essas ferramentas lidam com dados confidenciais.
Por: Pedro Henrique Cabral Vasconcelos – COMJOVEM Triângulo Mineiro