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Dossiê Roubo de Cargas: confira principais bairros, horários e como agem os criminosos, segundo ISP

por | dez 4, 2019 | Outros

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xCarga-de-doces-roubada-por-criminosos-em-Jardim-America-que-foi-recuperada-pela-Policia-Militar.jpg.pagespeed.ic.kDlDDM_Wyo.jpgEstudo inédito mostra que capital concentrou 43,8% dos casos, que ocorrem, principalmente, de manhã. Bangu lidera a lista de seis áreas do estado com mais registros

RIO — Em um estudo inédito, o Instituto de Segurança Pública (ISP) analisou os 9.182 roubos de cargas de 2018. Segundo o dossiê, a capital registrou 43,8% dos casos, seguida por São Gonçalo, com 18,5%. A maioria ocorreu entre 8h e 13h, com pico entre 10h e 11h. E as regiões onde os criminosos mais roubaram foram, nessa ordem, Bangu, Penha, Vigário Geral, Complexo do Salgueiro (São Gonçalo), Lagoinha e Jardim Miriambi (São Gonçalo) e Porto do Rosa (São Gonçalo). As seis áreas  totalizam 1.098 casos, sendo 231 só em Bangu.

De acordo com o ISP, 80% dos roubos de cargas aconteceram entre terça e sexta-feira. Ao analisar os registros nessas seis áreas, foi possível concluir que a maior parte dos casos (31,9%) envolveu o roubo de alimentos.

Quanto à dinâmica das abordagens durante os crimes nessas regiões, o dossiê mostra que 44,9% dos veículos de transporte eram caminhões e que ao menos uma motocicleta foi usada em 46,6% dos casos para efetuar o roubo. Em 58,6% das vezes, o criminoso deu ao motorista a ordem de seguir conduzindo o veículo sem entrar no mesmo, e em 75,7% das abordagens as vítimas disseram ter visto arma de fogo por parte dos criminosos.

Pela primeira vez, o ISP analisa o momento do descarregamento das cargas roubadas (transbordo). Com isso, foi possível descobrir os locais para onde são levadas as mercadorias após os roubos. No geral, as vítimas não identificaram mais pessoas para realizar tal tarefa, ou seja, os mesmos autores que abordaram os veículos foram os que descarregaram as cargas.

Dossiê analisou 1.098 casos em seis áreas

O  instituto  chegou a uma estimativa do valor de todo o material roubado nas seis áreas com maior concentração de ocorrências em 2018: R$ 37.056.820. Considerando ainda esse recorte, 49,3% das cargas tinham valor até R$ 19.999.

De acordo com o dossiê, cargas com valores acima de R$ 100 mil corresponderam a 7,6% dos casos. Atrás de alimentos, que lideram os roubos, aparecem diversos (25,5%) e cigarros (17,4%).

Adriana Mendes, diretora-presidente do ISP, diz que o dossiê foca nos números de 2018, mas que já foi observada uma variação de locais de roubos em relação a 2019. Ela, no entanto, diz que os dados deste ano ainda não foram analisados.

— Nós observamos números elevados (em 2018), embora em 2019 já verificamos acentuada queda (nos roubos) —  afirmou Adriana, dizendo que as cargas após roubadas são levadas quase sempre para comunidades sob o domínio de grupos criminosos.

Em relação a 2017, a queda em 2018 — quando o Rio ficou sob intervenção federal entre fevereiro e dezembro — foi de 13,4%.

Redução de 29% entre janeiro e novembro

Na manhã desta segunda-feira, a Polícia Civil divulgou o número de roubos de cargas em novembro. Em todo o estado, foram 725 ocorrências em novembro de 2018, contra 516 casos no mês passado. A redução foi de 29%.

A Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) conseguiu evitar que 111 cargas fossem roubadas no  último mês.

A Polícia Civil afirma que, esses crimes se concentram em bairros como Pavuna e Irajá, na Zona Norte do Rio; Bangu, na Zona Oeste; São Gonçalo, na Região Metropolitana; além de Belford Roxo e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. No entanto, segundo a DRFC, os crimes têm caído em todo o Rio.

O diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), delegado Delmir Gouvea, afirma que há mapeamentos e coletas de dados dos locais onde acontecem as descargas dos produtos roubados. O objetivo é saber quem comete esse tipo de crime e quem compra os objetos.

— Estamos nos concentrando, não só nos locais dos roubos, mas também nas áreas que chamamos de transbordo (descarga dos produtos roubados). Ali, conseguimos identificar os criminosos que praticam os roubos e os receptadores — diz Gouvea.

Segundo o delegado, há dezenas de inquéritos em andamento que resultarão na prisão de receptadores dos produtos. Em 2019, mais de 30 pessoas ligadas a roubo de cargas já foram presas no estado.

Os dados do ISP apontam que desde o começo do ano o roubo de cargas vem diminuindo. Entre janeiro e outubro de 2019, a Polícia Civil conseguiu evitar que 1.344 cargas fossem roubadas nas estradas que cortam o estado. No mesmo período do ano passado, foram 7.669 ocorrências. Nos últimos 10 meses, foram 6.325 casos.

— Os números ainda são altos. Não são aceitáveis. Mas a Polícia Civil tem feito de tudo para prender e indiciar quem comete esse tipo de crime — disse o delegado Delmir Gouvea.