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Indústrias em Goiânia contribuem com 14% do PIB estadual

por | nov 13, 2023 | Notícias, Outros

Fonte: Jornal Opção
Fernando Leite
Chapéu: Indústria

Cidade concentra o maior número de indústrias no Estado, apesar de não possuir área para distrito industrial

“Não há distrito industrial em Goiânia. Isso foi criado agora pelo novo Plano Diretor. Goiânia é rica em serviços e a cada dia avança mais em relação a comércio e indústria”. A afirmação é de Joel Sant'Anna Braga Filho, o titular da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Serviços (SIC). A atividade industrial na capital contribui aproximadamente com 14% no Produto Interno Bruto (PIB) da cidade, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do crescimento recente, a cidade ainda não parece ter um planejamento para abrigar mais empresas e indústrias.

É preciso destacar que alguns dados tiveram divergências durante a apuração e que órgãos apresentaram números diferentes. Segundo a SIC, Goiânia conta com 33.268 indústrias registradas e ativas. Já o Instituto Mauro Borges (IMB), baseado nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que existem 30.400 empresas, nas seguintes atividades principais: indústria extrativa; indústria de transformação; eletricidade e gás; e água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação.

Considerando a quantidade de indústrias e empresas, a partir da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE ), o IBGE informa o total de 77.555 cadastros ativos (veja abaixo) na cidade. Alguns consideram o setor secundário da economia como o setor industrial; assim, se forem somadas as unidades locais dos grupos de B a F em Goiás, o resultado é de 30.415 empresas, próximo aos números do IMB. Os números do IBGE consideram a duplicidade de alguns CNAE's porque, apesar de ser do mesmo segmento, a empresa pode ter uma atividade secundária diferente, resultando na duplicidade das classificações.

Goiás tem 216.282 CNAEs ativos, enquanto na cidade de Goiânia. Em ambos, Estado e município, o setor com o maior número de atividades é o de comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. Em contrapartida, no IMB a indicação é de que a fabricação de produtos alimentícios é o maior segmento em cadastros.

O diretor-executivo do Instituto Mauro Borges, Erik Figueiredo, informa que, dentro do setor industrial, as cinco maiores atividades são: 1) fabricação de produtos alimentícios; 2) fabricação de álcool e outros biocombustíveis; 3) fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos; 4) metalurgia; e 5) transformação de famílias produtoras. Tudo isso considerando a participação sobre o valor agregado em 2020.

A reportagem o questionou sobre um dado da SIC, que informava ser o setor de confecção de peças o maior segmento industrial do Estado, com 12.648 indústrias ativas. “O segmento citado [confecção de peças] participa muito pouco. De 33 atividades, fica em 27º no quesito participação no Valor Adicionado do PIB de Goiás”, explicou Erik. 

O IBGE confirmou um valor aproximado com 16.563 cadastros, como apontou o gráfico no CNAE “Indústrias de Transformação”, no qual entram como atividades a fabricação de bens de consumo como automóveis e roupas. Os dados foram coletados no ano de 2021. Em contato com a Superintendência Estadual do IBGE em Goiás, a informação foi de que os dados de 2022 só ficarão disponíveis em junho de 2024, já que houve atraso na coleta. 

“É necessária a criação de um distrito industrial“

Para o diretor do IMB, é fundamental a criação de um distrito industrial para fomentar a indústria em Goiás. “Goiânia conta com um setor de serviços forte, além de diversos outros atrativos econômicos. Nesse sentido, os distritos industriais surgem como uma de redistribuição da atividade produtiva no território goiano. Devemos estimulá-los em outras localidades, a fim de viabilizar o desenvolvimento industrial em áreas, que por si só, não conseguem reunir atrativos econômicos”, explicou Erik Figueiredo.

A criação de um parque tecnológico e de um polo de desenvolvimento em uma cidade como Goiânia pode ser uma estratégia eficaz para impulsionar o crescimento econômico, atrair investimentos, promover inovação e criar empregos de alta qualidade. No entanto, a implementação dessas iniciativas requer uma abordagem pautada em planejamento, estratégia e gestão. A capital, no entanto, parece estar presa às mesmas questões e demandas de anos atrás.

O que se tem feito para atrair indústrias para a capital? O questionamento foi apresentado pelo senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) em entrevista exclusiva ao Jornal Opção.

Para o senador e ex-prefeito de Senador Canedo, não há avanços no setor industrial. “Ainda em 2016, eu apresentei o seguinte dado: Goiânia, que no passado havia chegado a ter quase 30% de participação na arrecadação do Estado, naquele ano já tinha apenas 16%. À época, eu declarei que, se Goiânia não voltasse a conceder incentivos e a atrair empresas e ter polos de desenvolvimento, algumas ações macro seriam prejudicadas ao ponto de em dez anos a arrecadação cair mais ainda, para algo em torno de 10% a 12% nessa mesma participação no bolo total do Estado. Agora há pouco foi anunciado o índice mais recente, e o que temos? A arrecadação já caiu para 13%. Veja bem, já caiu de 30% para 13%”, explicou Vanderlan., em entrevista exclusiva ao Jornal Opção.

Já o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) pensa diferente. Flávio Rassi está substituindo Sandro Mabel, que está em viagem à Europa. Para ele, o fato de não haver polo industrial em Goiânia não é um problema em si. “As indústrias, para se fixarem em determinada região, o que é mais comum no interior do Estado, buscam fomentar o desenvolvimento regional e local. Então, é mais comum que os polos sejam feitos no interior, para ‘puxar' as empresas e permitir que elas se montem e se instalem nesses distritos”.

Ele explica que essa concentração no interior é vantajosa por fomentar as atividades de formas mais dispersas. A ação permite que o desenvolvimento seja mais espaçado, sendo feito em Goiás por inteiro e não de forma tão concentrada. “Inclusive, defendemos que as indústrias possam continuar e se estabelecer em várias regiões da cidade. Isso facilita para o poder público e possibilita que as pessoas possam ir ao trabalho e voltar com pouco deslocamento. Então, não necessariamente as indústrias têm de estar segregadas em um polo.”, finalizou.

Medidas que atraem indústrias

  • Levantamento de potencialidades locais: avaliar as áreas de força da região, como setores industriais existentes, força de trabalho qualificada, instituições de ensino/pesquisa e recursos naturais.
  • Planejamento estratégico: desenvolver um plano estratégico que identifique metas claras, prazos, e ações específicas para promover o desenvolvimento tecnológico na região.
  • Parcerias público-privadas: fomentar parcerias entre o governo local, empresas privadas e instituições acadêmicas para garantir recursos, conhecimento e suporte financeiro.
  • Infraestrutura adequada: garantir que a infraestrutura da região suporte as necessidades do parque tecnológico, incluindo acesso a serviços de internet de alta velocidade, energia confiável e transporte eficiente.
  • Incentivos fiscais e regulatórios: criar um ambiente favorável aos negócios, oferecendo incentivos fiscais, desburocratização de processos e regulamentações que apoiem o desenvolvimento tecnológico.
  • Formação de recursos humanos: investir em programas de formação e capacitação para garantir que a força de trabalho local esteja preparada para os desafios tecnológicos.
  • Ecossistema de inovação: estimular a criação de um ecossistema de inovação, envolvendo incubadoras, aceleradoras, centros de pesquisa e espaços de coworking.
  • Atração de investimentos: desenvolver estratégias para atrair investimentos nacionais e internacionais, mostrando o potencial e as oportunidades da região.
  • Sustentabilidade: integrar princípios de sustentabilidade no desenvolvimento do parque tecnológico, considerando aspectos ambientais, sociais e econômicos.
  • Promoção da comunidade: engajar a comunidade local no processo, garantindo que ela se beneficie do desenvolvimento econômico e tecnológico, e esteja envolvida nas discussões e decisões.

Indústria em Goiás

A indústria atualmente contribui entre 24% e 27% com o PIB do Estado de Goiás, segundo dados da SIC.

Goiás conta com mais de 106.166 indústrias extrativas e de transformação, segundo dados da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) e exporta para 162 países, de acordo com a Superintendência de Comércio Exterior da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Serviços (SIC).

No último levantamento, divulgado em outubro, pelo IBGE, a indústria goiana havia registrado a 7ª maior alta do País, com crescimento de 5,6% em comparação à mesma época do ano anterior. A alta na atividade industrial em Goiás foi puxada pela fabricação de produtos alimentícios, que variou 10,3% em agosto, contribuindo com 4,15 pontos percentuais do avanço total de 5,6% nos últimos doze meses. A atividade do setor acumula alta de 6,1% no ano.

De acordo com a Fieg, a distribuição do PIB goiano se encontra da seguinte maneira: serviços (61,9%), indústria (23,6%) e agropecuária (14,5%). Houve um crescimento expressivo da participação da indústria nos últimos anos. Após mais de uma década de estagnação, a indústria começou a registrar um crescimento continuado na participação do PIB do Estado.

Questionado sobre o peso da indústria em comparação ao agronegócio no PIB, Erik Figueiredo, do Instituto Mauro Borges, informou que a cadeia de produção do agronegócio é mais ampla e também envolve inclusive atividades industriais e de serviços.

“O IBM está desenvolvendo uma metodologia inovadora capaz de mensurar o tamanho do agronegócio no Estado de Goiás. O PIB do agronegócio é um produto que em breve estará à disposição da sociedade goiana. Por ora, podemos afirmar que a indústria é maior do que o setor agropecuário, apenas”, finalizou o diretor-executivo.

PIB goiano, segundo a Fieg

  • PIB (2020): R$ 224,1 bilhões
  • 9º maior PIB brasileiro
  • Representa 2,9% do PIB nacional
  • Representa 28,3% do PIB do Centro-Oeste
  • De 2011 a 2020, o PIB acumulou crescimento de 13,3%
  • Entretanto, entre 2019 e 2020 houve recuo de 1,3%
  • PIB Industrial (2020): R$ 47,125 bilhões
  • O que representam as indústrias: 23,6% do PIB do Estado

Compõem o PIB Industrial: indústria extrativa, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública e construção.

10 municípios que concentram o maior número de indústrias

1 – Goiânia (33.268)

2 – Aparecida de Goiânia (9.736)

3 – Anápolis (6.379)

4 – Rio Verde (2.818)

5 – Trindade (2.595)

6 – Luziânia (2.197)

7 – Valparaíso de Goiás (2.079)

8 – Senador Canedo (2.068)

9 – Águas Lindas de Goiás (1.849)

10 – Catalão (1.625)