Portos dizem que integração com outros modais é crucial para a região Sul

por | set 29, 2025 | Notícias, Outros

Fonte: Valor Econômico – (25/09/2025)
Divulgação
Chapéu: MODAIS

Infraestrutura portuária tem gargalos que limitam potencial

A integração entre os modais portuário, hidroviário, rodoviário e ferroviário é, segundo operadores, um dos maiores desafios para a infraestrutura de transporte na região Sul, considerada um dos principais pilares logísticos do país. Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que a sinergia entre esses modais permitiria reduzir custos, aumentar a capacidade de carga e diminuir o impacto ambiental.

“Apesar da relevância, a infraestrutura portuária da região enfrenta gargalos que limitam seu potencial”, diz Rodrigo Cuesta, diretor financeiro e de novos negócios da Norsul, empresa de navegação e logística. Para ele, investimentos em dragagens, expansões de infraestrutura portuária e terrestre, além de sistemas mais eficientes, trariam ganhos imediatos de produtividade. “A solução passa por um plano coordenado de investimentos que alinhem capacidade física, tecnologia e eficiência operacional, garantindo que o potencial logístico da região seja plenamente aproveitado”, diz Cuesta.

A duplicação da BR-280, que liga o noroeste catarinense a São Francisco do Sul, em estudo desde 2012, é uma das reivindicações. A necessidade de uma quarta faixa de ao menos 1,4 km no acesso ao complexo é tal que o porto decidiu bancar os R$ 12,5 milhões da obra.

Uma parceria pública privada entre a operadora, o Estado e o Porto Itapoá desembolsará R$ 324 milhões para o aprofundamento (de 14 metros para 16 metros) e alargamento da curva de acesso (para 260 metros) do canal externo da baía da Babitonga, onde ficam os dois portos. A meta da operadora é, até 2035, dobrar a capacidade de movimentação de cargas no complexo portuário registrada no ano passado, de 17 milhões de toneladas.

No Estado vizinho, a Portos do Paraná está investindo R$ 600 milhões na construção do chamado Moegão, um sistema de descarga ferroviária de grãos que visa aumentar a eficiência e a capacidade de recebimento de cargas em Paranaguá em 60%. “Além de atender à demanda atual, [o Moegão] prepara o porto para receber o maior volume de cargas que chegarão a Paranaguá pelo modal ferroviário”, diz Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná.

O complexo terá três linhas férreas independentes capazes de descarregar 180 vagões a cada quatro horas, conectados, por correia transportadoras, a 11 terminais. Isso reduzirá os cruzamentos ferroviários urbanos de 16 para 5.

A estatal fará, em outubro, leilão para concessão do canal de acesso ao porto, com previsão de ampliação do calado dos atuais 13,1 m para 15,5 metros. “Dois metros de calado representam, em média, mil contêineres a mais no navio ou 14 mil toneladas a mais de algum produto em uma embarcação”, afirma Garcia.

A Portos RS, estatal que administra os principais portos do Rio Grande do Sul, faz coro em relação à necessidade da integração dos modais, que traria, segundo seu presidente, Cristiano Klinger, ganhos importantes e melhorias na eficiência logística gaúcha. “O governo do Estado vem tratando a pauta ferrovia, importante passo que exige investimentos, para que a gente consiga ter a integração entre os modais e, consequentemente, melhorar a chegada ou a saída de cargas ao nosso complexo portuário em Rio Grande”, afirma.

Rodovias também são fundamentais, diz ele, principalmente a BR-392, que liga Santa Maria a Rio Grande, com trechos que não estão duplicados. “Isso traz transtornos, aumentando o tempo e o risco da utilização desses trechos da rodovia, que está dentro do nosso complexo portuário”, afirma.

O executivo informa ainda que, para melhorar a navegabilidade, a Portos RS investe R$ 731 milhões, provenientes do Fundo do Plano Rio Grande, para recuperar canais para navegação interior e o calado de acesso ao porto de Rio Grande, para 15 metros, afetados pelas enchentes de 2024. Para este ano, espera-se que o complexo portuário gaúcho movimente mais que as 45 milhões de toneladas de 2024.

As hidrovias do Rio Grande do Sul também enfrentam desafios importantes, entre eles assoreamento de canais e pedrais que precisam ser vencidos, além da necessidade de dragagem e manutenção. A Hidrovia do Mercosul (lagoa dos Patos e rio Jacuí), importante corredor logístico para o transporte de grãos e produtos florestais, tem trechos com dificuldade de navegabilidade por causa desses problemas.