Logística no Norte: Pará recebe etapa final do PNL 2050 e avança na construção do novo planejamento integrado de transportes

por | dez 8, 2025 | Notícias, Outros

Fonte: Ministério dos Transportes – (04/12/2025)
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Chapéu: LOGÍSTICA

Iniciativa envolveu setores estratégicos de dez estados e orientará investimentos públicos e privados ao longo das próximas décadas

A construção de um diagnóstico amplo e regionalizado tem orientado as discussões do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050 nos últimos meses. Nesta quinta-feira (4), o Governo Federal concluiu o ciclo nacional de encontros em Belém (PA), reunindo autoridades, especialistas e representantes do setor produtivo para analisar desafios e oportunidades relacionados ao transporte e à infraestrutura no Norte do país.

“O PNL 2050 é resultado de um processo contínuo de planejamento baseado em dados e metodologias consolidadas. Na região Norte, vemos uma grande necessidade de conectividade, com uma logística marcada pela geografia complexa e pela complementaridade entre rios, rodovias e ferrovias. A multimodalidade aqui é fundamental para o escoamento de cargas e para conectar populações, inclusive ribeirinhas”, afirmou a superintendente de Inteligência de Mercado da Infra S.A., Lilian Campos.

A região Norte desempenha papel cada vez mais relevante na economia brasileira. Com crescimento estimado de 2,6% no primeiro semestre de 2025, acima do crescimento nacional de 2,5%, a região se consolida como importante eixo de exportação, especialmente pelo Arco Norte. Até 2030, o corredor logístico, que integra rodovias, ferrovias, portos e hidrovias, poderá responder por metade das exportações de soja e milho do país.

“Nós temos aqui um polo industrial magnífico em Manaus, que faturou mais de R$ 21 bilhões até outubro e emprega mais de 130 mil pessoas. É uma região de cerca de 17 milhões de habitantes, com uma logística muito particular, baseada em uma multimodalidade única no país. Por isso, fortalecer essa integração é fundamental”, destacou o vice-presidente da Federação das Empresas de Logística, Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia (Fetramaz), Daniel Luis Carvalho Bertolini.

Apesar do potencial, a área responsável por 6,3% da produção nacional de grãos ainda enfrenta limitações estruturais que comprometem sua competitividade. Para superar esses desafios, o Ministério dos Transportes tem ampliado investimentos estruturantes que fortalecem a integração e melhoram o escoamento da produção.

Entre os projetos prioritários está a Ferrogrão, ferrovia de 933 quilômetros que ligará Sinop (MT) a Miritituba, em Itaituba (PA). Integrado à carteira de concessões do Ministério, o empreendimento tem leilão previsto para setembro de 2026, com edital programado para maio. O investimento estimado é de R$ 33,3 bilhões, com capacidade projetada para até 66 milhões de toneladas por ano.

“O Brasil começa a despontar com maturidade a importância de pensar em infraestrutura e logística. Não se pensa em região: são projetos de nação. E nós somos parte dessa nação e temos atributos geográficos e logísticos que nos caracterizam como grandes potencialidades de desenvolvimento e de agregação a desafios que estamos há décadas sem conseguir superar”, ressaltou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Alex Dias Carvalho.

Avanços concretos

A agenda de desenvolvimento do Ministério dos Transportes também tem transformado diagnósticos em entregas concretas, ampliando o escoamento agropecuário, fortalecendo a integração e aumentando a segurança viária.

Em julho de 2025, um dos principais marcos foi a assinatura do contrato de concessão do Sistema Rodoviário BR-364/RO, a primeira concessão federal de rodovia em Rondônia. O trecho entre Porto Velho e Vilhena, na divisa com o Mato Grosso, inaugurou um novo ciclo para a infraestrutura rodoviária do estado, com investimento previsto de R$ 10,2 bilhões ao longo de 30 anos para operação, manutenção e modernização dos seus 686,7 quilômetros.

Outro avanço importante foi a entrega da ponte que liga São Geraldo do Araguaia (PA) a Xambioá (TO), inaugurada em novembro. Com mais de dois quilômetros de extensão e investimento de R$ 232,3 milhões, a estrutura substitui a antiga travessia por balsa e fortalece a integração entre os dois estados.

Planejamento de longo prazo

O ciclo de debates passou por Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Cuiabá, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte e Belém. Representantes dos modais rodoviário, ferroviário, aeroportuário e hidroviário contribuíram com diagnósticos regionais e apontaram oportunidades de inovação e eficiência.

O PNL 2050 será o primeiro plano formulado sob as diretrizes do Planejamento Integrado de Transportes (PIT), instituído pelo Decreto nº 12.022/2024. O objetivo é aumentar a competitividade nacional, reduzir desigualdades regionais e apoiar decisões estratégicas de longo prazo.

Com a conclusão dos encontros, o Ministério dos Transportes dará sequência à construção do plano em colaboração com órgãos do Executivo, entidades do setor produtivo e representantes da sociedade civil, consolidando uma visão de Estado para a infraestrutura brasileira.