Pedágios na BR-364 podem encarecer combustíveis e alimentos; motoristas enfrentam até uma hora de espera

Pedágios na BR-364 podem encarecer combustíveis e alimentos; motoristas enfrentam até uma hora de espera

A instalação das praças de pedágio ao longo da BR-364 avança rapidamente e já altera a rotina de quem depende diariamente da principal rodovia de Rondônia. Nos trechos em obras, o sistema pare e siga tem provocado congestionamentos que chegam a durar quase uma hora, gerando reclamações de motoristas e transportadores. Caminhoneiros relatam atrasos nas entregas e trabalhadores afirmam que a viagem diária ficou imprevisível.

Além do aumento no tempo de percurso, há preocupação com a segurança. Nos últimos dias, foram registrados acidentes próximos aos pontos de intervenção. Segundo motoristas, a combinação de pista estreitada, sinalização temporária e longos períodos de espera tem contribuído para colisões traseiras e manobras arriscadas de quem tenta evitar as filas. Em alguns casos, a liberação do tráfego ocorre com pouca visibilidade, o que aumenta o risco nos horários de maior movimento.

O avanço das obras reacende o debate sobre o impacto econômico da cobrança quando as praças entrarem em operação. A BR-364 é responsável pela maior parte do transporte de cargas no estado, incluindo combustíveis, alimentos e insumos que abastecem o comércio e a indústria. Transportadoras avaliam que o novo custo no trajeto elevará o valor do frete, e esse reajuste deve chegar ao consumidor final.

Especialistas em logística consideram que produtos sensíveis ao preço do transporte como hortifrutigranjeiros, combustíveis e itens de consumo básico podem sofrer aumentos progressivos. O receio é que, em um estado que depende quase exclusivamente da rodovia para circulação de mercadorias, qualquer acréscimo no custo de operação provoque efeitos imediatos no custo de vida dos rondonienses.

Enquanto isso, quem trafega pela rodovia convive com a rotina de obras, filas e incertezas. A expectativa é de que o fluxo continue lento até a conclusão das praças, cuja estrutura cresce em ritmo acelerado. Motoristas afirmam que compreendem a necessidade de melhorias, mas cobram planejamento mais eficiente para minimizar transtornos e garantir segurança.

Até que os pedágios entrem em funcionamento, o cenário atual – feito de espera prolongada, risco de acidentes e preocupação com impactos futuros – deve continuar sendo parte da realidade diária de quem utiliza a BR-364.

Câmara aprova emenda que suspende CNPJ de empresas envolvidas na receptação de carga roubada

Câmara aprova emenda que suspende CNPJ de empresas envolvidas na receptação de carga roubada

NTC&Logística e CNT contribuíram também para a aprovação da emenda que fortalece o arcabouço legal contra empresas envolvidas em crimes de receptação

A Câmara dos Deputados aprovou, na última quarta-feira, 19 de novembro, a emenda apresentada pelo deputado federal Fernando Marangoni ao Projeto de Lei 5.582/2025, que integra o pacote antifacção e estabelece a suspensão, por 180 dias, do CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas de empresas constituídas ou utilizadas para facilitar, permitir ou ocultar a receptação de carga roubada. A medida representa um avanço significativo no combate às estruturas empresariais que dão suporte operacional ao crime organizado.

A emenda determina que, uma vez comprovado judicialmente o envolvimento da empresa na receptação, sua inscrição no CNPJ será suspensa, impedindo a emissão de notas fiscais e inviabilizando sua atuação no mercado formal. Em caso de reincidência, a empresa será considerada inidônea, e o administrador responsável ficará proibido de exercer o comércio por cinco anos.

O tema foi debatido em maio deste ano, no 24º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, evento realizado em Brasília, pela Comissão de Viação e Transportes (CVT) da Câmara dos Deputados, que conta com o apoio da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), desde 1999. A edição do Seminário em 2025 também marcou o lançamento da Aliança Nacional pela Segurança Logística, iniciativa da NTC&Logística que reúne órgãos públicos, entidades privadas e instituições do setor para reforçar a segurança no Transporte Rodoviário de Cargas em todo o Brasil. A criação da Aliança fortaleceu o debate e ratificou a necessidade de medidas mais eficazes para coibir a atuação de empresas utilizadas por organizações criminosas.

Para o presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, a aprovação representa um marco importante: “O avanço dessa emenda na Câmara dos Deputados é uma conquista significativa para todo o setor. Esse tema vem sendo amplamente debatido pela NTC&Logística, inclusive no 24º Seminário Brasileiro do Transporte Rodoviário de Cargas, quando ressaltamos a importância de mecanismos mais eficazes contra a receptação de cargas roubadas. A iniciativa do deputado federal Fernando Marangoni demonstra compromisso com a modernização do arcabouço legal e com o fortalecimento da segurança jurídica das empresas. Ainda há muito trabalho pela frente, mas este é um passo fundamental para combater estruturas criminosas que afetam diretamente a economia e o Transporte Rodoviário de Cargas. Parabenizamos a CNT (Confederação Nacional do Transporte) e todos que contribuíram para esse avanço”.

A NTC&Logística enfatiza que a suspensão do CNPJ é um instrumento estratégico para desarticular empresas utilizadas como fachada na legalização de mercadorias roubadas, reduzindo significativamente a capacidade financeira e operacional das organizações criminosas. O texto completo da emenda está disponível no portal da Câmara dos Deputados, clicando aqui.

Presidente Eduardo Rebuzzi participará da Série Debates – Logística no Brasil, realizada pela Editora Globo

Presidente Eduardo Rebuzzi participará da Série Debates – Logística no Brasil, realizada pela Editora Globo

O presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (FETRANSCARGA), Eduardo Rebuzzi, participará como palestrante da próxima edição da Série Debates – Logística no Brasil, promovida pela Editora Globo. O evento acontecerá no dia 26 de novembro, das 10h às 11h30, e reunirá autoridades, especialistas e lideranças empresariais para discutir os desafios logísticos e os impactos dos novos investimentos em infraestrutura na região Sudeste.

A Série aborda temas estruturais do país e, nesta edição, coloca em evidência o paradoxo vivido pela região mais rica do Brasil: apesar de concentrar grande parte da atividade industrial nacional, o Sudeste ainda enfrenta gargalos históricos na malha rodoviária, dificuldades de integração modal e limitações que afetam sua competitividade econômica.

A participação de Rebuzzi reforça o protagonismo do Transporte Rodoviário de Cargas no debate sobre políticas públicas, financiamento, corredores logísticos e soluções para a expansão da infraestrutura necessária ao desenvolvimento do país.

Programação

10h | PAINEL 1

Política nacional e financiamento de infraestrutura: diretrizes dos governos, instrumentos de fomento e projetos prioritários no Sudeste e no Rio de Janeiro

10h50 | PAINEL 2

Intermodalidade e ferrovias: corredores logísticos, ampliação ferroviária e integração com portos e polos industriais

11h30 | Encerramento

Palestrantes confirmados

  • Jorge Bastos – Presidente da Infra S.A.
  • Luciana Costa – Diretora de Infraestrutura de Transição Energética do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
  • George Santoro – Secretário-Executivo do Ministério dos Transportes
  • Mauro Ribeiro Viegas Filho – Diretor-Executivo e Presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro)
  • Ulisses Oliveira – Diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade do Porto Sudeste
  • Gabriela Costa – Diretora Executiva da Associação de Terminais Portuários (ATP)
  • Eduardo Rebuzzi – Presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) e da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro (FETRANSCARGA)

Assista ao vivo: https://www.youtube.com/watch?v=eAkQ6_iUqCI

Scania inicia teste de caminhão elétrico extrapesado em rota de longa distância no Brasil

Scania inicia teste de caminhão elétrico extrapesado em rota de longa distância no Brasil

Operação de seis meses avalia desempenho do modelo Scania 30G 4×2 no corredor Cajamar–Taubaté e integra iniciativa Laneshift para implantação de corredor logístico com emissão zero na Dutra

A Amazon, a DHL Supply Chain e a Scania iniciaram, em outubro, um teste operacional com um caminhão extrapesado 100% elétrico em uma rota de longa distância no estado de São Paulo. O veículo, modelo Scania 30G 4×2, vem sendo utilizado no trajeto entre Cajamar e Taubaté, considerado um dos principais corredores logísticos de movimentação de cargas da Amazon no país. A ação integra o programa Laneshift, iniciativa da The Climate Pledge e da C40 Cities para apoiar a transição para o transporte de cargas com emissão zero.

O teste, previsto para durar seis meses, consiste no monitoramento contínuo do percurso e do consumo energético do veículo, que é recarregado no centro de triagem CGH7, em Cajamar, e segue para a base da transportadora parceira To Do Green. A rota foi anunciada durante o lançamento oficial da aliança Laneshift e-Dutra, apresentado em 11 de novembro, na COP30, em Belém. O objetivo da iniciativa é estabelecer um corredor de transporte elétrico ao longo da Rodovia Presidente Dutra (BR-116), conectando São Paulo ao Rio de Janeiro.

O caminhão transporta cargas gerenciadas pela DHL Supply Chain, que utilizará os resultados para avaliar a viabilidade operacional do transporte de longa distância com propulsão elétrica em escala comercial. Segundo a empresa, esse tipo de operação é relevante para medir impactos reais e orientar futuros investimentos em frotas e infraestrutura.

A Scania destaca que este é o primeiro cavalo mecânico 100% elétrico da marca em operação no Brasil. O veículo possui autonomia de 250 quilômetros, potência de 300 kW e capacidade técnica de 66 toneladas de Peso Bruto Total Combinado (PBTC). A montadora afirma que o teste permitirá analisar o desempenho do modelo em uma rota com grande fluxo de caminhões e condições operacionais variadas.

A rota entre Cajamar e Taubaté faz parte do corredor em que está sendo desenvolvido o projeto Laneshift E-Dutra, voltado à instalação de hubs de recarga rápida na rodovia. O plano prevê pontos de abastecimento elétrico em locais considerados estratégicos, como unidades do Graal e o PIT de São José dos Campos, com carregadores de 120 kW.

O corredor já teve uma viagem-piloto em setembro, entre Resende (RJ) e Sorocaba (SP), em um percurso de aproximadamente 800 quilômetros, com um caminhão Volkswagen e-Delivery de 11 toneladas. A ação permitiu o registro de dados sobre autonomia, tempo de recarga e condições de infraestrutura, insumos considerados essenciais para a definição de padrões de operação.

O biodiesel ficou caro: alta de 98% em cinco anos acende alerta no transporte

O biodiesel ficou caro: alta de 98% em cinco anos acende alerta no transporte

Custo do biocombustível quase dobrou entre 2020 e 2025 e começa a impactar frotistas e transportadoras

O avanço do biodiesel na matriz brasileira tem impulsionado discussões sobre qualidade, eficiência e, sobretudo, preço. Dados levantados pelo Gasola by nstech mostram que, entre 2020 e 2025, o diesel comum encareceu 57%, com aumento de R$ 2,19 por litro, acompanhando o movimento global dos combustíveis. No mesmo período, o biodiesel registrou uma alta ainda mais expressiva: quase 98%.

A elevação ocorre em um momento em que o percentual obrigatório de mistura também cresce. A partir de agosto deste ano, o Brasil passou a adotar 15% de biodiesel no diesel, após decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). E a meta anunciada pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, durante evento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em Brasília, é chegar a 25% nos próximos anos.

Para o especialista em combustível do Gasola, Vitor Sabag, a equação é clara: o biodiesel custa mais caro por litro do que o diesel vendido pela Petrobras. “Quando aumenta a proporção, é natural que o preço final suba. Não significa que o biodiesel seja o vilão, mas que seus impactos precisam ser considerados, especialmente para quem roda muito”, diz. Ele destaca que a transição energética exige previsibilidade e diálogo com o setor para evitar distorções de custo que comprometam a competitividade do transporte rodoviário de cargas.

Dependência do óleo de soja

A pressão sobre os preços também reflete a estrutura produtiva. Embora o biodiesel possa ser fabricado a partir de diferentes matérias-primas, a indústria brasileira ainda depende majoritariamente do óleo de soja — insumo sensível à volatilidade agrícola. Com a demanda crescente, aumentam os custos de produção, logística e armazenagem, deixando o biocombustível mais caro do que o diesel fóssil.

O cenário preocupa um setor cuja frota possui idade média de 18 anos, segundo a CNT. “Muitos caminhões antigos não estão totalmente preparados para misturas mais elevadas, o que traz riscos técnicos e financeiros”, afirma Sabag. Ele compara o Brasil com a Europa, onde o uso de biodiesel é integrado a uma política mais ampla, que combina biocombustíveis avançados, combustíveis sintéticos, eletrificação e programas de renovação de frota.

Apesar dos desafios, Sabag avalia que o Brasil tem vantagens competitivas para avançar nessa agenda. O país é um dos maiores produtores mundiais de matéria-prima para biodiesel, possui cadeia estruturada e um programa de mistura obrigatória que garante previsibilidade. “O biodiesel é parte da solução, não o caminho único. O ideal é combiná-lo a outras tecnologias limpas e políticas de suporte, que garantam compatibilidade técnica e sustentabilidade econômica.”

Na avaliação do especialista, o desafio macroeconômico é tornar o biodiesel competitivo sem pressionar ainda mais os custos logísticos do país – que depende do modal rodoviário para transportar 70% das mercadorias. “O Brasil tem potencial para ser protagonista global em combustíveis renováveis, desde que consiga alinhar transição energética, competitividade e segurança operacional”, diz.

Governo de Minas amplia investimentos em manutenção de rodovias, em 2025

Governo de Minas amplia investimentos em manutenção de rodovias, em 2025

Contratos preveem investimentos de mais de R$ 800 milhões

O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) deve encerrar 2025 com um investimento de mais de R$ 800 milhões em ações de manutenção e conservação das rodovias estaduais. Esse valor representa um aumento de cerca de 50% em relação ao montante aplicado no ano passado, que foi de R$ 535 milhões.

De acordo com a autarquia, o reforço no orçamento tem como objetivo garantir melhores condições de tráfego e segurança para motoristas e passageiros, além de reduzir custos com reparos emergenciais.

As obras incluem serviços de tapa-buracos, recuperação de pavimento, limpeza de margens, desobstrução de drenagem e manutenção da sinalização, e abrangem cerca de 25 mil quilômetros de rodovias estaduais pavimentadas e não pavimentadas.

“Minas Gerais está entrando em um novo patamar de infraestrutura rodoviária com a determinação de promover a mobilidade e a segurança nas nossas rodovias. Esses recursos serão vitais para a manutenção e conservação contínua”, explica o diretor-geral do DER-MG, Matheus Novais.

“Não é apenas tapa-buracos: é um investimento na prevenção e na segurança de quem trafega. O resultado direto será um tráfego mais fluido, menos acidentes e uma redução significativa no custo logístico para quem movimenta a economia mineira”, avalia.

Atualmente, a malha viária sob responsabilidade do DER-MG apresenta apenas um ponto crítico com interrupção total do tráfego. Além disso, oito trechos estão operando por variantes, sendo que três deles contam com obras em andamento e os outros cinco se encontram em processo de licitação.

O DER-MG reforça que os usuários podem acompanhar, em tempo real, as condições das rodovias estaduais e informações sobre interdições, desvios e obras por meio do site oficial do órgão.

Ainda de acordo com Matheus Novais, com o aumento dos investimentos, o Governo de Minas pretende avançar na recuperação da malha rodoviária e oferecer mais conforto e segurança aos mineiros que circulam pelas estradas do estado.

“Além disso, todas as 40 regionais do DER-MG estão orientadas para atuar com prontidão e em regime de plantão durante o período chuvoso, garantindo uma resposta rápida a ocorrências e a adoção imediata de medidas para restabelecer as condições de tráfego e a segurança nas rodovias estaduais“, acrescenta o diretor-geral do DER-MG.

Os novos contratos abrangem dezenas de obras de manutenção e conservação, tanto na rede pavimentada quanto na não pavimentada, e inclui, também, a recuperação de aterros, revitalização de pavimento e sinalização, podas, capinas e eliminação de pontos críticos, entre outras atividades.

Entre as inúmeras obras em andamento por todo o estado, há intervenções aguardadas há mais de uma década. É o caso da recuperação da rodovia MG-457, no trecho entre Santa Rita de Jacutinga e Bom Jardim de Minas, na Zona da Mata. As intervenções têm como foco principal o Km 33, onde serão realizadas escavações em rocha, construção de muro em gabião e a implantação de um novo sistema de drenagem.

Ainda na Zona da Mata, na área de influência de Manhumirim, diversos trechos de rodovias estão sendo recuperados, entre os quais, os 25 quilômetros da MG-111, que faz a conexão de Carangola e Tombos.

No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, áreas de grande relevância para a economia agropecuária mineira, os serviços são realizados em várias frentes. Entre as rodovias contempladas, destacam-se trechos das LMG-730, LMG-738, LMG-745 e LMG-746, fundamentais para o escoamento da produção agrícola, o transporte de insumos e o acesso a serviços essenciais.

Na região Central, o exemplo vem da MG-259, entre Curvelo (MG) e Felixlândia (MG), que ganhou novo asfalto e nova sinalização em um trecho de 43,1 quilômetros que conecta os dois municípios.

Mais informações no site do DER-MG.

NTC&Logística realiza o primeiro evento carbono neutro do Transporte Rodoviário de Cargas

NTC&Logística realiza o primeiro evento carbono neutro do Transporte Rodoviário de Cargas

Iniciativa inédita reforça o compromisso da entidade com a sustentabilidade e marca um novo capítulo para o setor

O mundo corporativo vive uma transformação silenciosa e profunda. A transição para modelos de negócios mais sustentáveis deixou de ser uma tendência e se tornou uma necessidade global, impulsionada pelas metas internacionais de descarbonização e pela crescente cobrança da sociedade por responsabilidade ambiental. No setor de transportes – responsável por cerca de 25% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA) –, o desafio é ainda mais urgente: equilibrar eficiência logística, competitividade e redução de impacto ambiental.

No Brasil, esse cenário ganha proporção ainda maior. Dados da Coalizão dos Transportes apontam que o país emitiu aproximadamente 2.300 MtonCO₂e (milhões de toneladas de CO₂ equivalente) em 2022, sendo que o setor de transportes respondeu por cerca de 11% desse total. Dentro desse segmento, o modal rodoviário concentra mais de 90% das emissões, reforçando a necessidade de iniciativas que estimulem práticas sustentáveis e inovação no setor.

É nesse cenário que a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) dá um passo pioneiro e simbólico: o Congresso NTC 2025 – XVIII Encontro Nacional da COMJOVEM, que acontecerá de 27 a 30 de novembro, no Clube Med Lake Paradise, em Mogi das Cruzes (SP), será o primeiro evento do Transporte Rodoviário de Cargas do Brasil a ter suas emissões de carbono integralmente neutralizadas.

A iniciativa faz parte do olhar sustentável da atual gestão do presidente Eduardo Rebuzzi, que vem fortalecendo as práticas de ESG (ambiental, social e governança) na entidade e estimulando a adoção de políticas concretas que inspirem o setor. Esse movimento também reflete o trabalho conduzido pela vice-presidência extraordinária da Pauta ESG, liderada por Joyce Bessa, e pelo esforço conjunto da Assessoria Executiva da Presidência, coordenada por Elisete Balarini, responsável pela organização e pela implementação das diretrizes sustentáveis nos eventos institucionais da entidade.

Para viabilizar a neutralização, a NTC&Logística firmou parceria com a Domani Global, empresa especializada em soluções ambientais e em projetos de compensação de carbono certificados. Todo o processo envolverá o cálculo preciso das emissões geradas – desde o deslocamento dos participantes até o consumo de energia, alimentação e materiais –, com compensação posterior em projetos de reflorestamento e regeneração ambiental reconhecidos internacionalmente.

Fabiano Santana, CEO da Domani Global, explica que o compromisso da NTC&Logística reflete uma mudança de paradigma no transporte brasileiro: “A neutralização de carbono é uma prática adotada pelas principais organizações do mundo e representa um gesto de responsabilidade com as próximas gerações. Quando uma entidade do porte da NTC assume esse compromisso, ela abre caminho para que todo o setor se mobilize em torno da sustentabilidade”.

A vice-presidente extraordinária da Pauta ESG, Joyce Bessa, ressalta que essa é uma ação que vai além do evento. “Estamos construindo uma jornada. A neutralização do Congresso é uma demonstração prática de que é possível alinhar grandes eventos à responsabilidade ambiental. O objetivo é inspirar empresas e lideranças do transporte a adotar práticas semelhantes em suas operações, criando uma cultura de sustentabilidade contínua.”

O presidente Eduardo Rebuzzi reforça que a sustentabilidade é um pilar estratégico da atuação da NTC&Logística.“Temos buscado unir inovação, governança e responsabilidade socioambiental em todas as nossas ações. Esse resultado é fruto de um trabalho coletivo, que envolve a vice-presidência da Pauta ESG, a Assessoria Executiva da Presidência e nossos parceiros. O transporte brasileiro tem papel essencial na economia, e cabe a nós liderar também na agenda sustentável.”

Responsável pela coordenação e organização dos eventos da entidade, a assessora executiva da presidência, Elisete Balarini, destaca que esse novo olhar também orienta a forma como a NTC&Logística realiza suas atividades institucionais. “Estamos revisitando cada detalhe – fornecedores, logística, estrutura e materiais – para que nossos eventos sejam cada vez mais conscientes e responsáveis. A parceria com a Domani Global representa esse novo momento, em que o cuidado ambiental passa a ser parte do planejamento e da execução de todas as etapas.”

O Congresso NTC 2025 – XVIII Encontro Nacional da COMJOVEM reunirá empresários, lideranças e jovens empreendedores de todo o Brasil para debater inovação, tecnologia, gestão e o futuro do Transporte Rodoviário de Cargas. A neutralização do carbono gerado durante o evento reforça a liderança da NTC&Logística na construção de um setor mais sustentável, moderno e conectado às melhores práticas globais.

CNI recomenda teste de viabilidade e integração nos projetos de transportes

CNI recomenda teste de viabilidade e integração nos projetos de transportes

Estudo apresenta recomendações para o país melhorar o atual modelo de priorização de projetos e mostra que falhas no planejamento comprometem a infraestrutura; 220 obras federais de transportes estão paradas

O desenvolvimento de uma infraestrutura de transportes moderna e eficiente é essencial para ampliar a competitividade do setor produtivo, reduzir custos logísticos e inserir o país nas principais cadeias globais de valor.

O estudo Planejamento de Transportes e as Novas Rotas de Integração Logística na América do Sul, divulgado nesta terça-feira (18) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), traz recomendações para que o Brasil aprimore os planos e a execução de sua política de transportes.

A CNI propõe ao governo mudanças no novo ciclo do Planejamento Integrado de Transportes. O estudo traz uma proposição central de que nenhum projeto deveria avançar no ciclo de planejamento sem antes passar por um teste de viabilidade, com o uso de uma análise de custo-benefício, e a identificação de falhas críticas que impeçam sua implantação, operação ou a provisão dos serviços decorrentes, além da avaliação integrada de projetos.

O setor industrial brasileiro enfrenta inúmeros gargalos logísticos, como congestionamentos nos grandes centros urbanos; estradas esburacadas e sem conservação; ferrovias sucateadas; portos com restrições em termos de espaço e limitações de acessos terrestre e marítimo; déficit de armazéns; baixa integração entre os modos de transporte, dentre outros problemas graves.

O estudo menciona obras iniciadas sem projeto básico e executivo, que se arrastam há mais de duas décadas, como a da Ferrovia Transnordestina. Também detalha as melhores soluções para as cinco principais rotas de integração da América do Sul. Na avaliação da CNI, o planejamento de transportes é um pilar central para a construção de um país mais integrado e competitivo.

“A modernização da infraestrutura de transportes representa mais do que eficiência operacional para a indústria. É um vetor de desenvolvimento econômico e social”, afirma o presidente da CNI, Ricardo Alban. “A integração entre os diferentes modais, a racionalização dos investimentos públicos e privados, e a busca por soluções sustentáveis de transporte são fatores determinantes para ampliar a produtividade nacional”, acrescenta.

De acordo com dados do Tribunal de Contas da União (TCU), de abril deste ano, 220 obras federais de transporte estão paralisadas no país – 19% do total de empreendimentos. O presidente da CNI observa que essas paralisações significam custos elevados e atraso para a logística de escoamento de cargas industriais.

“Estradas, ferrovias, aeroportos, hidrovias e portos bem estruturados reduzem o Custo Brasil, aumentam a atratividade para novos investimentos e fortalecem a capacidade de as empresas brasileiras competirem no mercado internacional. Ao mesmo tempo, são fatores essenciais para melhorar qualidade de vida da população, com impactos positivos sobre o emprego, a renda e o bem-estar social”, destaca Alban.

Contribuições para o Plano Nacional de Logística

O estudo busca contribuir com o Plano Nacional de Logística (PNL 2050), em elaboração pelo governo federal. A CNI tem participado ativamente desse processo, apresentando contribuições e sugestões em nome do setor industrial, com a expectativa de que o PNL corrija problemas estruturais do modelo vigente.

De acordo com o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, o país não apenas investe pouco no setor de transportes, como aplica de forma ineficiente os recursos disponíveis. “Nas últimas duas décadas, os investimentos em transporte e logística no Brasil têm sido entre 0,4% e 0,7% do PIB ao ano, frente a uma necessidade de algo em torno de 2,2%. Ao longo dos anos, avançamos na adoção de melhores regras de transparência e governança dos investimentos, mas ainda assim é preciso evoluir significativamente para garantir uma alocação mais eficiente desses recursos”, diz.

“O país deve aprender com os erros e acertos passados. Em infraestrutura, falhas na governança dos projetos vêm levando, há muitas décadas, a baixa produtividade dos investimentos no setor, particularmente em transportes. Este trabalho é uma tentativa de contribuir para a melhoria do processo de planejamento, inclusive para que possam ser descartados projetos inviáveis”, enfatiza o diretor da CNI. “Os recursos são escassos e precisam ser usados com eficiência, minimizando sua má alocação e mirando o interesse público”, completa Roberto Muniz.

Cinco rotas de Integração na América do Sul

O estudo da CNI também mapeia rotas estratégicas para melhorar a integração logística da América do Sul. O trabalho aponta a necessidade de melhoria da governança no processo de planejamento de transporte. Ao avaliar os projetos de integração sul-americana, conduzidos pelo governo, não são encontradas evidências ou semelhanças com os critérios metodológicos de seleção de projetos do modelo em curso (PIT 2019-23).

O trabalho da CNI menciona preocupações com os critérios de escolha e priorização dos projetos, bem como defende a necessidade de análises mais rigorosas de custo-benefício e de cálculo da taxa social de retorno das iniciativas. Por fim, ressalta a necessidade de maior transparência e melhoria na governança no novo ciclo de planejamento (PIT 2024-27).

Reforma tributária altera regras do comércio exterior Brasil

Reforma tributária altera regras do comércio exterior Brasil

A reforma tributária modifica a estrutura de tributação aplicada ao comércio exterior, com a substituição de IPI, PIS e Cofins pelo IBS e pela CBS. As alterações exigem atualização dos sistemas governamentais e normas claras de implementação para garantir previsibilidade às operações. A expectativa é que a adaptação tecnológica e regulatória seja determinante para evitar descontinuidades no período de transição.

A reforma tributária, aprovada pelo Congresso Nacional e atualmente em fase de regulamentação, modifica de forma significativa as bases de tributação aplicáveis às operações econômicas do país. No comércio exterior, a substituição de tributos como IPI, PIS e Cofins pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), pilares da reforma, elimina o chamado “resíduo tributário”, custo acumulado que historicamente elevou o preço das exportações brasileiras. A avaliação consta no estudo Tributação no Comércio Exterior: Isonomia para a Competitividade, publicado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC), o Brasil registrou corrente de comércio de US$ 527,067 bilhões no acumulado de 2025, com recordes de exportações, importações e saldo comercial. De acordo com o documento da CNI, a implementação do IBS e da CBS exigirá atualização dos sistemas governamentais e definição clara das normas complementares para garantir previsibilidade às operações e evitar descontinuidades no período de adaptação.

A reestruturação tributária altera bases de cálculo e formas de incidência sobre produtos importados, exigindo ajustes nos sistemas integrados ao Portal Único de Comércio Exterior. A expectativa é que o recolhimento do IBS e da CBS ocorra no momento da liberação das mercadorias pela Receita Federal, o que pode reduzir custos logísticos e financeiros e ampliar a previsibilidade das operações.

A Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros) ressalta a importância de que os sistemas públicos e privados sejam atualizados de maneira coordenada. A entidade destaca que os despachantes aduaneiros terão papel relevante na orientação técnica às empresas durante a transição para as novas regras. “Toda mudança gera incertezas, e, no comércio exterior, a previsibilidade é chave. A Feaduaneiros está comprometida em contribuir tecnicamente com os debates para que a transição seja a mais suave possível. O objetivo é modernizar o sistema sem impor novos custos burocráticos que possam prejudicar a competitividade do Brasil”, afirma José Carlos Raposo Barbosa, presidente da Feaduaneiros.

Segundo avaliação técnica da Dra. Miriam Tavares, diretora de Câmbio da AGK Corretora e especialista em Direito Internacional e Aduaneiro, a reforma também traz avanços relevantes para regimes especiais, como Drawback e Recof, ao permitir a suspensão do IBS e da CBS nas aquisições internas destinadas à exportação. Para a especialista, a equiparação entre insumos nacionais e importados reforça o princípio da isonomia tributária e contribui para reduzir assimetrias históricas nas cadeias produtivas.

Tavares destaca ainda que a clareza regulatória e a adaptação tempestiva das plataformas eletrônicas são fatores indispensáveis para evitar descontinuidades operacionais, alinhando o ambiente de negócios brasileiro às melhores práticas internacionais de comércio exterior.

Sobre a Feaduaneiros

Fundada em 21 de abril de 1953, a Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros (Feaduaneiros) congrega e representa a categoria em todo o território nacional. Entre suas atribuições, estão a defesa dos direitos da classe, a conciliação entre sindicatos filiados e a promoção de princípios como liberdade profissional, lealdade concorrencial e ética no exercício da atividade.

Concessões de rodovias no Estado de São Paulo impulsionam Transporte Rodoviário de Cargas na Região

Concessões de rodovias no Estado de São Paulo impulsionam Transporte Rodoviário de Cargas na Região

Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2024, o Estado de São Paulo concentra nove das dez melhores estradas do Brasil, todas elas administradas pela iniciativa privada

No início de 2025, o Governo do Estado de São Paulo lançou o programa “SP para toda Obra”, anunciando a previsão de 30 bilhões de reais em investimentos em rodovias públicas e concedidas de São Paulo. Posteriormente, foi anunciada a inclusão de três novos projetos, que somarão mais 21,8 bilhões de reais em melhorias na malha viária do estado. As novas iniciativas fazem parte da próxima rodada de concessões realizadas pelo Governo de São Paulo por meio da Secretaria de Parcerias em Investimentos. Entre elas, estão o Circuito das Águas, a Rota Mogiana e o Lote Paranapanema, que abrangem 1.203 quilômetros de rodovias em diferentes regiões do estado. 

De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2024, das dez melhores estradas do país, nove estão em território paulista; todas sob gestão privada. O levantamento também mostra que 75,4% dos trechos avaliados no estado foram classificados entre ótimo e bom, resultado que reforça o impacto dos contratos de concessão na qualidade das vias e na segurança viária.

Ao todo, 10.760 quilômetros de rodovias paulistas foram analisados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Desses, 4.366 quilômetros receberam classificação ótima, e 3.746 quilômetros foram avaliados como bons. Nos critérios técnicos, o desempenho também se destaca: a pavimentação alcançou 61% de classificação ótima; a sinalização, 59,3%, e a geometria da via, 41,4%. Apesar do bom resultado geral, algumas estradas classificadas como regulares, entre elas SP-055, SP-125, SP-079, SP-312, SP-322, SP-171, SP-250 e SP-425, seguem sob administração pública e ainda exigem intervenções estruturais.

Para o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP), Carlos Panzan, a qualidade das estradas paulistas deve-se ao pioneirismo do estado nas autorizações de privatização das rodovias. “No início, enfrentamos alguns desafios, porém avançamos de forma consistente ao aprimorar os processos de concorrência, os estudos técnicos e os modelos de privatização, o que nos posicionou em um patamar significativamente superior ao dos demais estados.”

Apesar da qualidade apresentada, ainda há um trabalho a ser realizado para aprimorar a infraestrutura das vias. Panzan afirma que as rodovias do estado de São Paulo, como um todo, estão muito prejudicadas pelo elevado fluxo de veículos. “É necessário repensar o transporte nas grandes metrópoles para dar mais fluidez ao trânsito, pensar em alternativas como entregas noturnas para aliviar o trânsito dos grandes centros. Isso realmente facilitaria a logística e o abastecimento da cidade”, conta.

As novas concessões, como o Circuito das Águas, a Rota Mogiana e o Lote Paranapanema, vêm para trazer um grande avanço para a logística, fluidez de trânsito, a implementação de novas tecnologias e duplicação das rodovias. “As concessões rodoviárias contribuirão para reduzir congestionamentos e ampliar a segurança de todos os usuários. No campo tecnológico, destaca-se a implementação do sistema Free Flow, que atende a uma demanda histórica do setor ao permitir a cobrança de pedágio proporcional ao trecho efetivamente percorrido”.

A FETCESP reforça que é fundamental que São Paulo mantenha seu protagonismo no modelo de concessões, especialmente por ser o principal estado da América Latina em relevância econômica e logística. A entidade destaca que a continuidade e a ampliação dos investimentos são essenciais para assegurar rodovias cada vez mais modernas, seguras e compatíveis com as demandas crescentes do transporte de cargas. Manter esse padrão de excelência é determinante para sustentar o desenvolvimento do setor e fortalecer a competitividade do país.

Sobre a FETCESP

A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo foi fundada em 1989, com a finalidade de representar o Transporte Rodoviário de Cargas no Estado de São Paulo junto às autoridades em todos os níveis das administrações pública e privada federal e estadual. Por isso, atua como órgão técnico e consultivo no estudo de soluções de questões ligadas ao transporte.

A Federação mantém comissões de trabalho formadas por empresários e assessorias jurídica e técnica especializadas. Os grupos participam de discussões sobre infraestrutura dos transportes, privatização das rodovias, terminais de cargas, tributos nas empresas de transportes, política trabalhista, acidentes no trabalho, roubo e desvio de cargas, multimodalidade, poluição veicular, legislação de trânsito e transporte de produtos químicos (perigosos), entre outros temas.

Porto de Santos cresce 11,6% em contêineres e tem melhor mês da história

Porto de Santos cresce 11,6% em contêineres e tem melhor mês da história

Movimentação total de cargas cresce 8%, e porto atinge segundo maior volume da história, impulsionado por granéis sólidos e alta de embarques de soja

O Porto de Santos registrou, em outubro, o melhor mês de sua história na movimentação de contêineres, com 550,8 mil TEU, um avanço de 11,6% em relação ao mesmo período de 2024. O crescimento confirma o porto como o principal centro logístico do país e ocorre em um momento de expansão do comércio exterior brasileiro.

A movimentação total de cargas também subiu, alcançando 16,77 milhões de toneladas, alta de 8% na comparação anual. Trata-se do segundo maior volume já registrado pelo complexo, ficando atrás apenas de julho deste ano, quando foram movimentadas 17,4 milhões de toneladas.

O desempenho de outubro foi influenciado pelos embarques, que cresceram 14% e somaram 12,44 milhões de toneladas, enquanto os desembarques recuaram 6,2%, totalizando 4,32 milhões de toneladas. A alta dos embarques está diretamente relacionada ao comportamento dos granéis sólidos, especialmente do complexo soja. O grupo teve um salto de 94,9% no mês, com destaque absoluto para a soja em grãos a granel, cujo volume disparou 1.020%, passando de 138,7 mil toneladas para 1,55 milhão. A soja foi determinante para o avanço da carga geral como um todo, em um mês em que outros produtos relevantes também contribuíram de maneira positiva.

O açúcar atingiu 2,7 milhões de toneladas em outubro, crescendo 3,5% em relação ao ano anterior, enquanto os embarques de carnes aumentaram 5,6% e somaram 281 mil toneladas. A celulose também evoluiu no mês, com alta de 2,6% e 860,8 mil toneladas movimentadas. Alguns segmentos, no entanto, registraram retração, como o álcool, que caiu 59% no comparativo anual, os sucos cítricos, com baixa de 9,3%, o milho, que recuou 1,5%, e a gasolina, cuja movimentação diminuiu 27,2%.

O volume de importações foi predominantemente negativo. A movimentação de fertilizantes – uma das principais cargas de desembarque – caiu 5,8%, chegando a 843,9 mil toneladas. O GLP apresentou queda de 79,1%, enquanto os desembarques de soda cáustica diminuíram 23,1%. Por outro lado, alguns itens mostraram avanço, caso do fosfato de cálcio, que cresceu 9,9%, e do metanol, que registrou alta de 82% no mês.

Desempenho no acumulado do ano

No acumulado de janeiro a outubro, o Porto de Santos também opera em ritmo recorde. A movimentação de contêineres atingiu 4,92 milhões de TEU, resultado 8,2% superior ao do mesmo período de 2024. A tonelagem total chegou a 155,5 milhões de toneladas, com expansão de 1,7%. O volume de unidades movimentadas cresceu 6,3%, alcançando 2,86 milhões no período. O fluxo de navios aumentou 2,1% no ano, com 4.757 atracações registradas. Com esse desempenho, a participação de Santos na corrente comercial brasileira alcançou 29,6%, acima dos 29% verificados no ano anterior.

Para o diretor de Administração e Finanças e presidente interino da Autoridade Portuária de Santos, Júlio Cezar Alves de Oliveira, o avanço reflete um ciclo consistente de investimentos públicos e privados, como o megaterminal STS10 e o aprofundamento do canal de navegação, iniciativas consideradas estratégicas para sustentar o crescimento da demanda.

Vinculada ao Ministério dos Portos e Aeroportos, a APS é responsável pela administração do maior porto da América Latina, por onde passam cerca de 30% das trocas comerciais do país. Localizado a 70 quilômetros da Região Metropolitana de São Paulo, o complexo reúne 53 terminais distribuídos entre Santos e Guarujá, incluindo áreas arrendadas, retroportuárias e instalações privadas, compondo uma das principais engrenagens da economia brasileira.

Tocantins inaugura nesta terça nova ponte que liga Xambioá (TO) ao Pará

Tocantins inaugura nesta terça nova ponte que liga Xambioá (TO) ao Pará

A nova ponte sobre o Rio Araguaia, entre Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA), será entregue nesta terça-feira (18), às 10 horas, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo governador do Tocantins, Laurez Moreira. Com 2.010 metros de extensão e investimento total de R$ 232,3 milhões, dos quais R$ 28,8 milhões são do Novo PAC, a estrutura substituirá a travessia por balsa, que hoje pode custar mais de R$ 300 por viagem, e deve beneficiar mais de 500 mil pessoas na região Norte.

A ponte faz parte do corredor de transporte da BR-153 e é considerada um marco para a infraestrutura e logística do país. Segundo o Ministério dos Transportes, a obra deve ampliar a segurança dos usuários, reduzir custos operacionais e agilizar o escoamento da produção agropecuária e industrial do Tocantins e do Pará.

Para o governo estadual, o impacto será direto no desenvolvimento regional. “A ponte representa desenvolvimento, união e novas oportunidades para o nosso povo. A estrutura diminuirá os custos e o tempo no transporte de cargas e de veículos, gerando crescimento econômico em diversos setores”, afirma o governador Laurez Moreira.

A expectativa é de aumento no fluxo diário de veículos e de fortalecimento do comércio e dos serviços locais. A cerimônia contará também com a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho; do governador do Pará, Helder Barbalho, e do diretor-geral do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Fabrício Galvão.

Serviço

Entrega da ponte Xambioá (TO) – São Geraldo do Araguaia (PA)

Data: Terça-feira, 18 de novembro

Horário: 10 horas

Local: Orla de Xambioá

NTC&Logística participa do Fórum de Rastreabilidade realizado pelo SETCESP e ABIRPP

NTC&Logística participa do Fórum de Rastreabilidade realizado pelo SETCESP e ABIRPP

Evento aconteceu em São Paulo e reuniu empresários, entidades e especialistas

Nesta segunda-feira (17), o presidente da NTC&Logística – Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, Eduardo Rebuzzi, participou do Fórum de Rastreabilidade de Partes e Peças de Veículos, Máquinas e Equipamentos, realizado no Edifício Sebastião Ubson Carneiro Ribeiro, que abriga entidades do Transporte Rodoviário de Cargas. O encontro promovido pelo SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, em parceria com a ABIRPP – Associação Brasileira de Identificação e Rastreabilidade de Partes e Peças de Veículos, Máquinas e Equipamentos, reuniu empresários, executivos, autoridades da segurança pública e representantes de diversas instituições, para debater rastreabilidade, segurança pública e o combate ao roubo de cargas.

A Mesa de Abertura contou com Marcelo Rodrigues, presidente do Conselho de Administração do SETCESP; Eduardo Rebuzzi, presidente da NTC&Logística; Carlos Panzan, presidente da FETCESP – Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo, e Cel. Cássio Araújo de Freitas, chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Contribuíram com o debate, ao longo do evento, Sinval Pereira, presidente da ABIRPP; Jair Jorge Melanda Júnior, da Guarda Civil Metropolitana (GCM), e Dr. Waldomiro Milanesi, delegado de polícia e especialista em segurança.

Na abertura do Fórum, Marcelo Rodrigues agradeceu a presença das lideranças do transporte e das forças de segurança, reforçando a importância do diálogo permanente entre o setor e as corporações policiais. “É uma satisfação receber todos vocês aqui. Este encontro só acontece porque entendemos que a união entre as entidades representativas e as forças policiais é fundamental. Temos um desafio muito grande no combate ao roubo e furto de veículos, cargas, partes e peças, e sabemos o quanto esse trabalho é árduo para as corporações.”

Ele também destacou que o roubo de cargas permanece como ameaça significativa para o setor: “Infelizmente, o roubo continua nas ruas. É uma doença que atrapalha o desenvolvimento do setor e coloca vidas em risco. Mas eu tenho confiança no trabalho que vem sendo feito pelas forças policiais, porque vemos o esforço diário desses profissionais. Com apoio mútuo, nós vamos avançar”.

Foto: Comunicação SETCESP

Na sequência, o presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, ratificou a importância da identificação e da parceria com as forças de segurança. Ele salientou o compromisso institucional da entidade e prestou reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelas corporações em todo o país: “Temos um histórico de diálogo permanente com as autoridades policiais. Em todos os estados, faço questão de reconhecer e homenagear o trabalho dessas corporações. Muitas vezes, a sociedade não faz essa homenagem, mas nós sabemos o que enfrentam, o risco, a dedicação e a complexidade desse trabalho”.

Comentando o avanço tecnológico apresentado no Fórum, acrescentou: “Se toda carga e todo veículo pudessem ser identificados, teríamos melhores resultados de recuperação de mercadorias e uma redução significativa de roubos. A identificação visível inibe o criminoso, pois dificulta o escoamento do produto do roubo”.

Rebuzzi finalizou reiterando o compromisso da entidade: “A NTC&Logística está à disposição para apoiar todas as ações que contribuam para a segurança pública, para o combate à receptação e para o desenvolvimento de soluções tecnológicas que protejam o transportador e toda a sociedade”.

O presidente da FETCESP, Carlos Panzan, enfatizou a necessidade urgente de regulamentação das leis voltadas ao combate à receptação no Estado de São Paulo. Ele afirmou: “Nós só vamos resolver o problema quando punirmos o receptador com regras claras e firmes. A lei que trata da receptação em São Paulo existe desde 2014, mas ainda não foi regulamentada. Sem isso, vamos continuar discutindo esse tema sem alcançar resultados concretos, nem promover as mudanças necessárias”.

O Cel. Cássio Araújo de Freitas reforçou o comprometimento da Secretaria de Segurança Pública no enfrentamento ao roubo de cargas. “Um veículo roubado rende até três vezes mais quando é desmontado e vendido ilegalmente. Precisamos atacar o comércio ilegal de peças e conscientizar a população para não comprar produtos abaixo do preço de mercado.” Acentuou, ainda, que o Estado tem ampliado a instalação de leitores, marcadores e tecnologias de monitoramento em sua malha rodoviária.

Em seguida, Sinval Pereira apresentou oficialmente o SINID – Sistema Nacional de Identificação e Rastreabilidade, ressaltando seu papel inovador no combate ao comércio ilegal de peças. “O sistema utiliza identificação por código, QR Code e nanopartículas aplicadas em diversos pontos do caminhão e de seus implementos, permitindo identificar cada parte de maneira indelével. Tudo é registrado em blockchain para comprovar origem e propriedade, com consulta em segundos pelo aplicativo.”

O Inspetor Jair Jorge Melanda Júnior, da Guarda Civil Metropolitana, assinalou o potencial de integração entre tecnologia e vigilância urbana: “A cidade de São Paulo possui mais de 40 mil câmeras com leitura de placas e identificação facial, que podem ser integradas a sistemas de rastreabilidade para auxiliar no combate ao roubo de cargas”. Acrescentou que a GCM já fiscaliza licenças e operações de desmanches e ferros-velhos para coibir práticas ilegais.

Encerrando as contribuições, o delegado Waldomiro Milanesi alertou para a falta de integração de dados no país: “Somente em 12 estados do Brasil temos o Boletim de Ocorrência Único, o que impede o compartilhamento efetivo de informações para ampliar o combate ao roubo de carga de maneira estratégica e rápida”.

O encontro foi concluído com o entendimento comum de que a rastreabilidade é um dos caminhos mais promissores para ampliar a segurança no Transporte Rodoviário de Cargas.

Visita 

Após o evento, o presidente da NTC&Logística, Eduardo Rebuzzi, recebeu, no gabinete da subsede da entidade, em São Paulo, uma comitiva composta por (da esquerda para a direita) Ivanildo Santos, assessor de Segurança Patrimonial da FETCEMG – Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Estado de Minas Gerais; Dr. Waldomiro Milanesi, delegado; Marcelo Turbo, diretor de Segurança do SINDICARGA – Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Cargas e Logística do Rio de Janeiro; Marcelo Rodrigues, presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP, e Carlos Panzan, presidente da FETCESP. A visita de cortesia teve como objetivo corroborar os resultados do encontro e fortalecer a atuação conjunta das entidades representadas em prol da segurança no Transporte Rodoviário de Cargas.

Rafaela Cozar é eleita nova presidente do SINDICAMP para o triênio 2026-2028

Rafaela Cozar é eleita nova presidente do SINDICAMP para o triênio 2026-2028

O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Campinas e Região (SINDICAMP) elegeu, na última semana, sua nova diretoria para o triênio 2026-2028. A executiva Rafaela Cozar foi eleita para presidir a entidade pelos próximos três anos, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo em mais de quatro décadas de atuação do sindicato.

Rafaela já integrava a diretoria do SINDICAMP como vice-presidente e possui uma trajetória consolidada no setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), com mais de dez anos de atuação na Roda Brasil Logística, sendo os últimos cinco como head de gestão e inovação. É reconhecida por sua liderança, visão estratégica e forte engajamento com temas como inovação, sustentabilidade e valorização do setor.

“Assumir a presidência do SINDICAMP é uma grande honra e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade que encaro com seriedade e dedicação. Nosso compromisso é seguir fortalecendo a representatividade do sindicato, apoiando o desenvolvimento das empresas associadas e incentivando a transformação do setor com base em inovação, sustentabilidade e diálogo permanente com a sociedade”, afirma Rafaela Cozar.

Entre as prioridades da nova gestão, estão a modernização da atuação sindical, o fortalecimento de programas de qualificação e inovação, o estreitamento do relacionamento com o poder público e entidades parceiras, além de uma escuta mais ativa das empresas associadas para atender às demandas locais e regionais. Rafaela também pretende ampliar o debate sobre diversidade e inclusão no transporte, promovendo um ambiente mais representativo e alinhado aos desafios contemporâneos.

“Estamos vivendo um momento de mudanças aceleradas, e o setor de transporte precisa acompanhar essa transformação. O SINDICAMP tem um papel fundamental como agente de fomento, apoio técnico e ponte entre as empresas e a sociedade. Vamos trabalhar juntos, com transparência, escuta ativa e ações concretas”, reforça a nova presidente.

A cerimônia de posse da nova diretoria está prevista para o início de 2026 e reunirá empresários, autoridades e representantes do setor. O calendário de ações do próximo ano já está em fase de planejamento, com a continuidade de programas consolidados, como o Programa Inovação Empresarial, e das iniciativas em parceria com o Programa Despoluir e o Instituto IPTC.

Prejuízo climático supera R$ 1 mi em 25% das transportadoras

Prejuízo climático supera R$ 1 mi em 25% das transportadoras

Sete em cada dez empresas do setor já foram impactadas financeiramente, revelando uma crise operacional e financeira de dupla face

Estudo inédito da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revela que as mudanças climáticas deixaram o campo das projeções para se tornarem uma ameaça concreta e onerosa à operação do sistema de transportes no Brasil. A Sondagem CNT de Resiliência Climática do Setor de Transporte constatou que sete em cada dez empresas (70,6%) já registraram prejuízos financeiros diretos, decorrentes de eventos climáticos extremos, nos últimos cinco anos. A granularidade dos dados é ainda mais impactante: quase um quarto dessas empresas reportou perdas superiores a R$ 1 milhão, e 9,9% enfrentaram prejuízos que ultrapassaram a marca de R$ 5 milhões.

A pesquisa, que ouviu 317 empresários de todos os modais e regiões do país entre 18 de junho e 20 de julho, evidencia uma vulnerabilidade dupla do setor. As empresas são afetadas simultaneamente pela degradação acelerada da infraestrutura física e pelo aumento significativo dos custos operacionais e logísticos necessários para mitigar os efeitos desses fenômenos.

Os impactos operacionais são maciços, atingindo 74,6% das empresas. Essas interrupções se manifestam como paralisação do fluxo de carga, necessidade de remanejamento de rotas, desabastecimento de insumos e, em situações críticas, até mesmo demissões. Do universo de empresas impactadas, 72,2% foram obrigadas a paralisar totalmente suas atividades em algum momento. Para 9% delas, essa interrupção se estendeu por um mês ou mais, cenário que compromete severamente a sustentabilidade financeira dos negócios.

O conceito de resiliência climática, no contexto do transporte, é definido pelo estudo como a capacidade da infraestrutura e das operações de resistir, adaptar-se e recuperar-se de eventos como enchentes, secas, deslizamentos, vendavais e ondas de calor, cuja frequência e intensidade têm aumentado. A diretora executiva da CNT, Fernanda Rezende, enfatiza a urgência do tema. “O estudo reforça que as mudanças climáticas já fazem parte da realidade do transporte brasileiro. Por isso, é preciso investir, com urgência, em infraestrutura resiliente, planejamento estratégico e capacidade de resposta rápida“, afirmou.

O ano de 2024 serve como um painel ilustrativo desses desafios, com exemplos em todas as regiões: 170 bloqueios em 79 rodovias no Sul; secas severas em mais de 1,3 mil municípios; incêndios florestais no Centro-Oeste; mais de 250 mil estabelecimentos sem energia no Sudeste, devido a tempestades, e uma estiagem histórica na bacia dos rios Negro e Solimões, que isolou comunidades e comprometeu o abastecimento na Amazônia.

A análise da CNT detalha os impactos específicos por modal. O transporte rodoviário, que responde por 84,5% da amostra, sofre com trincas e deformações no asfalto devido a temperaturas elevadas, enquanto chuvas intensas e enxurradas danificam pontes, túneis e pavimento. As enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, exemplificam a magnitude do problema, com a CNT estimando a necessidade de investimentos superiores a R$ 18,9 bilhões apenas para a recuperação da malha rodoviária afetada.

No modal ferroviário, os riscos incluem deslizamentos de terra, erosões e o fenômeno da flambagem (empenamento) dos trilhos sob calor extremo, que compromete a estabilidade da via. Chuvas torrenciais podem soterrar o lastro com material de deslizamentos, elevando o risco de descarrilamento. Ondas de calor também provocam o superaquecimento de equipamentos elétricos, reduzindo a eficiência energética e podendo causar falhas na rede de alimentação.

O transporte aquaviário enfrenta sérios desafios com a estiagem, particularmente na Amazônia. A drástica redução dos níveis dos rios restringe as vias economicamente navegáveis, impactando o abastecimento de regiões que dependem quase que exclusivamente do transporte fluvial. A região hidrográfica amazônica, com aproximadamente 16.200 quilômetros de vias navegadas, representa mais de 80% da malha hidroviária nacional, dimensionando a escala do risco.

No transporte aéreo, tempestades e ciclones elevam a incidência de descargas elétricas e turbulências, resultando em atrasos e cancelamentos. Condições de baixa visibilidade, como neblina e chuva intensa, impõem maior distanciamento entre as aeronaves, afetando a regularidade e a capacidade operacional dos aeroportos.

A escalada de custos é uma consequência direta. Das empresas com prejuízos financeiros, 63,4% reportaram despesas adicionais com reparos e manutenção de ativos, e 47,9% enfrentaram custos com armazenamento extraordinário, atrasos logísticos e perda de prazos. O estudo também revela uma fragilidade financeira: dentre as empresas que precisaram tomar medidas para cobrir prejuízos, 76,9% utilizaram recursos próprios, enquanto apenas 7,7% receberam algum tipo de auxílio governamental, destacando a carência de mecanismos de suporte emergencial.

Diante desse cenário, a CNT elaborou um conjunto de propostas. Érica Marcos, gerente executiva ambiental da CNT, defende a adoção de técnicas de engenharia resiliente, com reforço de áreas críticas e utilização de materiais construtivos mais resistentes. O pacote de soluções inclui a implementação de engenharia adaptativa em infraestruturas críticas, a ampliação de redes de monitoramento meteorológico com uso inteligente de dados, a capacitação técnica de equipes, o fortalecimento da governança climática com cooperação entre os entes federados e o setor privado, e o fomento a linhas de financiamento e seguros climáticos adequados à realidade do setor.

Mercado reduz previsão da inflação para 4,46%, abaixo do teto da meta

Mercado reduz previsão da inflação para 4,46%, abaixo do teto da meta

Estimativa para o PIB é 2,16% este ano

Após a divulgação da inflação de outubro, a menor para o mês em quase 30 anos, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – passou de 4,55% para 4,46% este ano. Com isso, a estimativa alcançou o intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central (BC).

Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior, 4,5%.

A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (17), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), em Brasília, com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2026, a projeção da inflação permaneceu em 4,2%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 3,8% e 3,5%, respectivamente.

A redução na conta de luz puxou a inflação oficial para baixo e fez o IPCA fechar outubro em 0,09%, o menor para o mês desde 1998, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Em setembro, o índice havia marcado 0,48%. Em outubro de 2024, a variação havia sido de 0,56%.

Com esse resultado, a inflação acumulada em 12 meses é 4,68%, a primeira vez, em oito meses, que o patamar fica abaixo da casa de 5%. No entanto, ainda acima do teto da meta do CMN.

Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros – a Selic – definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. O recuo da inflação e a desaceleração da economia levaram à manutenção da Selic pela terceira vez seguida, na última reunião, no início deste mês.

No entanto, o colegiado não descarta a possibilidade de voltar a elevar os juros “caso julgue apropriado”.

Em nota, o BC informou que o ambiente externo se mantém incerto por causa da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais.

Já no Brasil, a autarquia destacou que a inflação continua acima da meta, apesar da desaceleração da atividade econômica, o que indica que os juros continuarão altos por bastante tempo.

A estimativa dos analistas de mercado é que a taxa básica encerre 2025 nesses 15% ao ano. Para o fim de 2026, a expectativa é que a Selic caia para 12,25% ao ano. Para 2027 e 2028, a previsão é que ela seja reduzida novamente para 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.

Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Os bancos ainda consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

PIB e câmbio

Nesta edição do Boletim Focus, a estimativa das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira este ano permaneceu em 2,16%.

Para 2026, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) ficou em 1,78%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 1,88% e 2%, respectivamente.

Puxada pelas expansões dos serviços e da indústria, no segundo trimestre deste ano a economia brasileira cresceu 0,4%. Em 2024, o PIB fechou com alta de 3,4%. O resultado representa o quarto ano seguido de crescimento, sendo a maior expansão desde 2021, quando o PIB alcançou 4,8%.

A previsão da cotação do dólar está em R$ 5,40 para o fim deste ano. No fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,50.

Portos públicos do Nordeste movimentaram 65 milhões de toneladas em 9 meses

Portos públicos do Nordeste movimentaram 65 milhões de toneladas em 9 meses

Os portos públicos da região Nordeste movimentaram 65,1 milhões de toneladas de janeiro a setembro de 2025, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O resultado foi puxado pelo aumento de 3,6% no movimento de granéis sólidos e de 2,3% das cargas em contêineres, em comparação com o mesmo período do ano passado.

No caso específico da soja, com 13,9 milhões de toneladas, a alta em relação a 2024 foi de 11%. O produto foi o mais movimentado da região e contribuiu para o desempenho do Porto de Itaqui, no Maranhão, que movimentou, em nove meses, 28,3 milhões de toneladas, cresceu 8,73% e foi o de maior movimentação do Nordeste.

Os portos públicos da região Nordeste movimentaram 65,1 milhões de toneladas de janeiro a setembro de 2025, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O resultado foi puxado pelo aumento de 3,6% no movimento de granéis sólidos e de 2,3% das cargas em contêineres, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Presidente Eduardo Rebuzzi participa da cerimônia de encerramento da Especialização em Gestão de Negócios do ITL no Rio de Janeiro

Presidente Eduardo Rebuzzi participa da cerimônia de encerramento da Especialização em Gestão de Negócios do ITL no Rio de Janeiro

Cerimônia destaca impacto da formação e compromisso do Sistema Transporte com a excelência educacional

Na última quinta-feira (13), foi realizada, no Rio de Janeiro (RJ), a cerimônia de conclusão da Especialização em Gestão de Negócios, coordenada pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística) e promovida pelo SEST SENAT, em parceria com a FDC (Fundação Dom Cabral). O evento reuniu formandos, dirigentes e convidados em uma programação marcada por apresentações de projetos, falas institucionais e momentos de celebração.

A manhã foi dedicada à banca dos projetos aplicativos elaborados pelos grupos, que apresentaram soluções aos desafios do setor de transporte e logística. À tarde, a cerimônia oficial contou com a palavra de encerramento do diretor executivo do ITL, João Victor Mendes, seguida pelas falas do presidente da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) – que também preside a FETRANSCARGA (Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro) e o Conselho Regional do SEST SENAT do Rio de Janeiro –, Eduardo Rebuzzi; do gerente executivo de Finanças do SEST SENAT, Bruno Rafael de Souza, e da diretora executiva da RioCard TI, Renata Faria.

Abrindo a sessão da tarde, Mendes destacou a relevância da formação para o futuro do transporte brasileiro. Ele ressaltou que a conclusão da especialização representa, ao mesmo tempo, uma conquista pessoal para cada formando e um avanço coletivo que fortalece todo o setor. “Cada profissional que conclui essa especialização sai mais preparado para enfrentar os desafios da gestão e contribuir para o fortalecimento do setor de transporte e logística. É uma conquista também para nós, do Sistema Transporte, que temos a missão de oferecer excelência educacional, aliada à inovação e à formação de lideranças capazes de transformar a realidade das empresas e da nossa sociedade”, afirmou.

Em sua fala, Rebuzzi celebrou a qualificação e destacou a relevância do setor. “Tivemos, hoje, um evento de muita alegria e realização, com o encerramento de mais uma turma do ITL em parceria com a Fundação Dom Cabral. São 39 alunos formados, preparados e mais qualificados para o exercício da profissão que escolheram em um setor essencial para a economia do país. O transporte é a base de funcionamento de tudo o que acontece. Por isso, devemos ter muita responsabilidade no exercício diário de nossas funções, seja no transporte de passageiros ou de cargas. Parabéns a todos!”, salientou.

Celebração e simbolismo

O momento mais aguardado foi a entrega dos canudos, seguida pela exibição de um vídeo de encerramento e pela facilitação poética conduzida pelo educador e músico Nuno Arcanjo, que trouxe muita emoção à celebração. O evento foi concluído com um brinde especial promovido pela FDC, simbolizando a conquista coletiva e o início de uma nova etapa para os alunos formados.

Para Marcela Montenegro, diretora administrativa da Manumonte Transportes e uma das alunas formadas do curso, a Especialização em Gestão de Negócios foi uma experiência transformadora na carreira. “O curso trouxe uma oportunidade única de aprendizado e crescimento. A diversidade da turma, com profissionais de diferentes modais, trouxe luz a uma demanda crescente do setor, que é a intermodalidade. Além disso, cada dinâmica e cada disciplina estimularam nosso pensamento crítico e ampliaram nossa visão de gestão, algo que certamente fará a diferença na aplicabilidade do conhecimento e no legado para a sociedade”, enfatizou.

Formação estratégica para o setor

A Especialização em Gestão de Negócios é uma pós-graduação lato sensu gratuita voltada exclusivamente a profissionais do Sistema Transporte. Ministrada pela FDC e regulamentada pelo MEC (Ministério da Educação), a formação integra o Programa Avançado de Capacitação do Transporte. Com carga horária de 370 horas, o curso explora temas como liderança, inovação, ESG, finanças, marketing, inteligência artificial, diversidade e negociação, promovendo uma formação robusta e alinhada às demandas do setor.

Da esquerda para a direita: Nuno Arcanjo; Professor Frederico Vidigal; Professor Márcio Boaventura; Professor Eduardo Penna; Mônica Côrtes; Flavia Durães; Eduardo Rebuzzi; João Victor e Sérgio Vianna

Eduardo Rebuzzi; Marcela Montenegro e Sérgio Vianna

Projeto que amplia recursos para SEST SENAT vai à Câmara

Projeto que amplia recursos para SEST SENAT vai à Câmara

Projeto que direciona as contribuições sociais de empresas de todos os modais de transporte para o SEST SENAT foi aprovado nesta quarta-feira (12) pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS)

Pelo texto, o Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) deixarão de contar apenas com recursos do setor rodoviário e de atender somente aos trabalhadores do transporte rodoviário e o transportador autônomo. O objetivo é viabilizar treinamento e qualificação para trabalhadores de todos os modais, como o aéreo, o ferroviário, o aquaviário e de logística. Caso não haja recurso para votação em Plenário, o PL 79/2020 seguirá para a análise da Câmara dos Deputados.

Do senador Wellington Fagundes (PL-MT), o PL 79/2020 foi aprovado na forma de substitutivo do relator, senador Laércio Oliveira (PP-SE). De acordo com a proposta, as contribuições sociais de empresas de transporte e os recursos de dois fundos públicos deixam de ir para benefícios gerais ou para o uso reservado por cada modal do setor, sendo direcionados integralmente ao SEST SENAT.

Ao justificar o projeto, Wellington Fagundes observa que, pela legislação, o SEST SENAT atende exclusivamente aos trabalhadores do transporte rodoviário. Mas, com as crescentes demandas dos transportadores aéreos, ferroviários, aquaviários e de logística, as instituições abraçaram o compromisso de desenvolver e valorizar o transporte como um todo, afirma o senador.

Contribuições

Ele argumenta que o SEST e o SENAT já prestam serviços para os trabalhadores de todo o setor do transporte, mas recebem apenas a arrecadação das contribuições de empresas do setor rodoviário. Os demais modais de transporte contribuem para o Sistema Indústria, Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), bem como para os fundos geridos pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e pela Diretoria de Portos e Costas do Ministério da Marinha.

Para o relator, a proposta é justa, pois estende ao SEST SENAT um tratamento igualitário em relação a outros setores, contribuindo para uma logística de excelência e para a reindustrialização do país. 

– É um assunto bastante discutido e ele traz justiça aos trabalhadores da atividade e do setor de transporte, uma vez que a CNT (Confederação Nacional de Transporte) tem toda uma estrutura, através das suas Unidades do SEST e SENAT nas rodovias do Brasil afora, em todos os cantos, para oferecer treinamento, capacitação e assistência aos trabalhadores do setor de transporte – disse Laércio Oliveira, que também foi o relator do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Impacto no Orçamento

O relator destacou ainda que, com a transferência das contribuições para o SEST SENAT, “haverá um impacto de R$ 249 milhões na redução de receitas da União, sendo R$ 154 milhões do setor aéreo e R$ 95 milhões do setor portuário”.

Entre as alterações no substitutivo, está a que trata das atribuições e contribuições que serão transferidas para o SEST SENAT, mantendo a responsabilidade da Marinha e da ANAC pelo ensino profissional de algumas atividades, como o ensino de navegação. Outra alteração trata da recomposição das receitas do Fundo Aeroviário, que ocorrerá por meio da transferência de 5% da arrecadação do Fundo Nacional de Aviação Civil, em relação aos valores devidos como contrapartida à União pelas outorgas de infraestrutura aeroportuária.

Para assegurar o atendimento aos trabalhadores portuários avulsos, cujo recolhimentos são feitos pelos órgãos gestores de mão de obra portuária, o relator também apresentou uma subemenda para deixar claro que a destinação deve ser ao SEST SENAT.

Serviços

Laércio Oliveira destacou que o SEST SENAT realizou um total de 17,63 milhões de atendimentos apenas em 2024, sendo 8,11 milhões em desenvolvimento profissional e 9,52 milhões em saúde e qualidade de vida. A rede de Unidades conta com 173 instalações no país, gerando impacto em cerca de 5 mil municípios.

Governo Federal lança inventário nacional de emissões do setor de transportes na COP30

Governo Federal lança inventário nacional de emissões do setor de transportes na COP30

Levantamento divulgado nesta quinta-feira (13) orienta metas da NDC brasileira e estrutura ações de mitigação e adaptação na logística

O Brasil segue na linha de frente dos esforços globais pela descarbonização da cadeia logística entre os 197 países-membros da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém (PA). Nesta quinta-feira (13), o Governo Federal apresentou o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do Setor de Transportes.

“É um levantamento absolutamente detalhado, com dados primários e participação efetiva de empresas, associações e operadores de transporte. O estudo aborda as emissões por modal, por tipo de veículo e também pela infraestrutura”, destacou o subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides.

A iniciativa foi desenvolvida em parceria com a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e será essencial para orientar o país no cumprimento de metas,  como a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), apresentada em novembro de 2024, durante a COP29. O compromisso prevê a redução voluntária das emissões de GEE em pelo menos 59% até 2035, com uma meta ideal de 67%.

“Ambição sem trilha de implementação é apenas um compromisso etéreo. O inventário contribui para o reposicionamento do setor, tanto na atuação direta de empresas e operadores dos modais, quanto na formulação de políticas públicas dentro de uma nova realidade”, completou Benevides.

Segundo o subsecretário de Sustentabilidade da pasta, o agrupamento dos indicadores ambientais do setor permitirá a construção das melhores diretrizes para o Plano Clima e para o Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, instrumentos fundamentais para definir medidas de mitigação e fortalecer a infraestrutura resiliente a médio e longo prazo. O levantamento também servirá de base para projetos como os Corredores Azuis, que incentivam o uso de gás natural e biometano como combustíveis em veículos rodoviários.

“Agora, o setor tem mais segurança para comunicar o que já realiza e quais compromissos pode assumir. O inventário oferece as condições para organizar políticas públicas nos corredores azuis, em projetos de descarbonização e na operação da infraestrutura, aproveitando toda a vantagem competitiva que o Brasil possui”, detalhou.

Nos últimos três anos, o Ministério dos Transportes vem ampliando ações voltadas à sustentabilidade. Durante a COP30, foram apresentados a delegações estrangeiras mais de US$ 2 bilhões em novos investimentos destinados a aprimorar a adaptação da infraestrutura e a descarbonização das rodovias brasileiras.

As discussões também abordaram medidas para estimular o uso de múltiplos combustíveis, a eletrificação, a racionalização e a modernização das frotas, ações que fortalecem outras cadeias produtivas, como a de milho e etanol, utilizados na fabricação de biocombustíveis.

De Belém, o mundo escuta

Na agenda da COP30, o Ministério dos Transportes esteve presente em rodadas de negociação com representantes de governos, instituições multilaterais e organismos internacionais para avançar no consenso entre entendimentos voltados à adaptação da infraestrutura.

Câmara aprova admissibilidade da PEC 51/24, que garante melhores condições de trabalho para motoristas de transporte rodoviário de cargas e passageiros

Câmara aprova admissibilidade da PEC 51/24, que garante melhores condições de trabalho para motoristas de transporte rodoviário de cargas e passageiros

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados deu um passo significativo ao aprovar a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 51/24, de autoria do deputado Toninho Wandscheer (PP-PR). Essa proposta busca estabelecer condições especiais de trabalho para motoristas que atuam no transporte rodoviário de passageiros e de cargas, uma medida que, segundo defensoras e defensores da proposta, é essencial para garantir melhores condições laborais para essa categoria frequentemente trabalhosa e exposta.

O texto da PEC prevê a criação de uma legislação específica, que vai detalhar aspectos cruciais, como a jornada de trabalho, o tempo que o motorista deve estar à disposição do empregador e os períodos de espera entre as operações de carga e descarga. Além disso, as normas regem os intervalos necessários para descanso e alimentação, o repouso semanal e a remuneração em períodos não trabalhados.

A proposta estabelece que, a cada 24 horas, os motoristas devem ter direito a um descanso de 11 horas, podendo esse tempo ser fracionado, desde que respeitado um período mínimo de 8 horas ininterruptas. A legislação também permite que o intervalo para refeição coincida com as paradas obrigatórias, promovendo maior flexibilidade para os motoristas em relação à sua rotina.

Outro ponto relevante é a questão do tempo de espera, que é excluído da jornada de trabalho, mas deve ser remunerado com 30% do salário-hora habitual. Durante esse período, os motoristas têm permissão para realizar pequenas movimentações com o veículo, desde que seu descanso seja respeitado.

O relator da proposta, deputado Zé Trovão (PL-SC), manifestou apoio ao texto, ressaltando a importância de assegurar direitos e condições que reflitam a realidade enfrentada pelos motoristas. A PEC também estabelece regras para viagens longas, permitindo que o repouso semanal ocorra na base da empresa ou na residência do motorista, desde que haja condições adequadas durante a viagem.

Se aprovado, o próximo passo envolve a análise da proposta por uma comissão especial, que se aprofundará na avaliação dos méritos da PEC, antes de seguir para votação no Plenário da Câmara. Com essa proposta, espera-se que a rotina desgastante dos motoristas receba a atenção devida, promovendo segurança e dignidade no exercício de suas funções.

O volume do transporte de cargas no País está quase 40% acima do nível pré-pandemia

O volume do transporte de cargas no País está quase 40% acima do nível pré-pandemia

A cada 10% de crescimento na movimentação de cargas, aumenta em cerca de 6% a 8% o consumo de componentes de reposição, principalmente pneus

Pela mais recente Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgada em outubro, o volume do transporte de cargas no País está quase 40% acima do nível pré-pandemia, impactando diretamente na demanda por peças e pneus. Por outro lado, isso não significa melhora no valor do frete, e o setor continua  enfrentando o déficit de mão de obra.

Segundo Carlos Panzan, presidente da FETCESP – Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo, é preciso ponderar este resultado. “Apesar dos números divulgados, o setor de transporte de cargas ainda vive com margens mais apertadas. Ainda assim, as empresas têm buscado alternativas para manter a competitividade, apostando em eficiência operacional, revisão de custos e inovação em serviços logísticos. Desde 2022, os indicadores apontam um crescimento. Em 2023, tivemos patamar recorde da série histórica da pesquisa. De qualquer forma, é preciso ter um olhar atento ao que ocorre dentro das transportadoras, que reflete na maior atenção das empresas em manter equilíbrio financeiro e aprimorar a gestão”, afirmou.

Para Ludymila Mahnic, diretora Administrativa e Comercial da Mahnic Soluções Logísticas, o avanço (40%) é resultado de uma combinação de fatores que movimentaram toda a cadeia. “O crescimento do e-commerce, a retomada da produção industrial e agrícola e o aumento das exportações deram um novo ritmo ao transporte de cargas. Além disso, o setor evoluiu bastante em gestão e tecnologia, com empresas investindo em frota própria, rastreamento, automação e eficiência operacional. Tudo isso ajudou o transporte rodoviário, que continua sendo o principal responsável pela movimentação de mercadorias no Brasil, a se destacar nesse cenário”, explicou.

Ela disse também que, em parte, esse resultado já era esperado. “A gente já vinha percebendo um movimento positivo depois da pandemia. O transporte ganhou um papel ainda mais estratégico para a economia, e fatores como o bom desempenho do agronegócio e o reaquecimento da indústria aceleraram esse avanço. O setor está mais profissional, com empresas apostando em tecnologia e infraestrutura, o que também tem sustentado esse patamar elevado de atividade”, comentou.

Principais demandas

Sobre as principais demandas, Ludymila respondeu que bebidas e alimentos sempre têm uma demanda muito alta no Brasil. “Principalmente, quando chega no final do ano, pois tem o chamado plano verão, que temos que abastecer para o Natal, Réveillon, Férias e Carnaval. Mas, neste ano, nós tivemos um aumento significativo de níquel para exportação e uma procura também para terras raras, que foi pouca, mas um percentual maior que nos anos anteriores”, especificou. Panzan sintetizou: “as cargas agropecuárias continuam liderando o volume transportado, especialmente grãos, carnes e derivados”, citou.

Valor do frete

Ainda que o volume transportado tenha aumentado, Panzan esclareceu que isso não reflete diretamente no  aumento do valor do frete. “O aumento no volume transportado nem sempre se traduz em valorização do frete. O setor opera em um ambiente altamente competitivo, no qual custos como combustível, pedágio, pneus e manutenção exercem forte pressão sobre as margens”, explicou.

Ludymila foi enfática ao dizer que, infelizmente, não melhorou o valor do frete, mas que o ganho vem de outra forma. “Hoje ganhamos mais em fidelização de clientes, uso de frota própria e veículo com capacidade maior, e isso faz com que o seu percentual de atendimento para tal rota aumente dentro daqueles clientes. Então ganhamos no volume carregado”, afirmou.

Demanda por peças de reposição e pneus 

Nas palavras de Panzan, “o aumento da movimentação naturalmente eleva o desgaste da frota e, consequentemente, a demanda por pneus, peças e serviços de manutenção. Esse cenário reforça a importância da manutenção preventiva e da gestão de frota baseada em dados, fundamentais para preservar a segurança e reduzir custos operacionais”, ressaltou.

E Ludymila falou em números. “O aumento do volume de transporte tem impacto direto na demanda por peças e pneus. Estimamos que, a cada 10% de crescimento na movimentação de cargas, haja um aumento de cerca de 6% a 8% no consumo de componentes de reposição, especialmente pneus, que são os itens de maior desgaste. Nas frotas próprias, esse movimento é ainda mais visível, porque o planejamento de manutenção precisa estar sempre em dia para garantir disponibilidade e segurança”, explicou.

Escassez de motoristas

Recorrente no setor de transporte rodoviário de carga, a falta de motoristas continua sendo um percalço. “A escassez de motoristas é uma preocupação nacional e tem mobilizado empresas, federações e entidades de classe. Há um esforço coletivo, liderado por instituições como o SEST SENAT e os sindicatos regionais, para capacitar novos profissionais e requalificar aqueles que estão fora do mercado. As transportadoras também têm adotado políticas de valorização, com melhores condições de trabalho e programas de reconhecimento. A prioridade é fortalecer a mão de obra nacional e tornar a profissão mais atrativa para as novas gerações, garantindo a sustentabilidade do transporte rodoviário de cargas no longo prazo”, disse Panzan.

Ludymila lamentou que está cada vez mais difícil e que esse é um dos maiores desafios do transporte hoje. “Faltam profissionais qualificados, e as empresas têm precisado agir para formar seus próprios talentos. Aqui na Mahnic, por exemplo, investimos na capacitação de motoristas por meio de parcerias com o SEST/SENAT e com iniciativas internas de treinamento prático. Além disso, estamos trabalhando para oferecer melhores condições de trabalho, com planos de carreira, reconhecimento por desempenho e estruturas de apoio mais adequadas”, informou.

Perspectivas para 2026

Para o próximo ano, Ludymila disse que a expectativa é de crescimento sustentável e mais qualificado no transporte rodoviário. “A Mahnic Soluções Logísticas está se preparando para isso. Nosso foco é fortalecer a eficiência operacional da frota própria, investir em tecnologia e capacitação de motoristas, e ampliar a estrutura de armazenagem nas bases de Pirassununga (SP) e Aparecida de Goiânia (GO). Acreditamos que 2026 será um ano de consolidação e expansão, com a Mahnic cada vez mais posicionada como uma solução completa, integrada e confiável para atender às novas demandas logísticas do mercado”, finalizou.

Panzan respondeu que o ano de 2026 tende a ser de adaptação e atenção redobrada para o setor de transporte de cargas. “As mudanças previstas com a Reforma Tributária e o contexto político exigirão das empresas uma gestão cada vez mais técnica, estratégica e conectada às entidades representativas. Será um período de ajustes e de busca por eficiência, em que o foco estará na análise cuidadosa de custos, processos e oportunidades que surgirem a partir das transformações do mercado”, afirmou.

Segundo ele, mediante este cenário, “a orientação é que os transportadores se mantenham próximos aos sindicatos e federações, participando ativamente das discussões que impactam o setor. A expectativa é de um ano desafiador, mas também de fortalecimento coletivo, em que o diálogo e a união entre empresas, entidades e poder público serão fundamentais para que o transporte rodoviário continue cumprindo seu papel essencial na economia brasileira”, concluiu.

Porto de Rio Grande fica entre os quatro melhores do país em práticas ESG

Porto de Rio Grande fica entre os quatro melhores do país em práticas ESG

Reconhecimento nacional destaca ações ambientais, sociais e de governança e reforça inserção internacional do complexo portuário

O Porto do Rio Grande foi reconhecido como uma das principais referências brasileiras em práticas ambientais, sociais e de governança. A autoridade portuária conquistou o 4º lugar no Prêmio Melhor Desempenho ESG.

O reconhecimento foi anunciado durante o XII Congresso Internacional de Desenvolvimento Portuário (CIDESPORT), em Santa Catarina.

A premiação avalia indicadores técnicos de gestão ambiental, transparência, ações sociais e governança.

– Temos uma prática de controle interno e monitoramento para redução de riscos, mas o que vem crescendo na Portos, a partir da criação da empresa pública, são as iniciativas junto às comunidades lindeiras ao Porto, uma série de projetos sociais importantes, como ‘Minha Cidade tem um Porto’, que impactam a comunidade e também a estruturação da governança interna – afirma Henrique Ilha, diretor de Meio Ambiente da Portos RS.

ESG como parâmetro global

O conceito de ESG – sigla em inglês para Environmental, Social and Governance – reúne práticas adotadas por organizações para reduzir impactos ambientais, fortalecer relações sociais e manter processos internos transparentes e responsáveis.

Nos últimos anos, tornou-se um padrão internacional de avaliação do compromisso de empresas e instituições com sustentabilidade, ética corporativa e desenvolvimento social.

– A sigla surgiu em 2004, na ONU (Organização das Nações Unidas). Nesse momento, também surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, nas grandes corporações, e e se propagou em toda a cadeia de negócios. É a sigla do mercado responsável, ou seja, investir em práticas de meio ambiente e bem-estar social é estratégico – explica Marcelo Dutra, ecólogo e docente da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).

Entre as atuações práticas do Porto do Rio Grande, está a redução de riscos, como o controle para o não vazamento de óleo na Lagoa dos Patos.

Impacto nas movimentações portuárias 

O avanço nas práticas sustentáveis também tem influenciado diretamente as movimentações portuárias e ampliado a inserção internacional do Porto do Rio Grande.

Segundo Ilha, a autoridade portuária tem firmado acordos com países como Holanda, Bélgica, China e Japão, que exigem comprometimento com a agenda ESG:

— O Porto do Rio Grande é um player internacional. Esses parceiros pedem alinhamento com a pauta ESG, e isso tem atraído investimentos importantes – finaliza.

Ainda conforme a autoridade portuária, o movimento abre portas para novos negócios e fortalece o desenvolvimento do Distrito Industrial e da região Sul do Estado.

Atualmente, o Porto de Rio Grande é responsável por movimentar mais de 20 toneladas de cargas anualmente.