Sem melhorias nas condições de rodovias, empresas podem buscar outras estados para se instalarem
A cerca de um ano do início das operações da Transnordestina, a malha viária estadual e federal dentro do Ceará ainda deixa a desejar. Sem a readequação necessária de vias essenciais para o escoamento de produtos, a integração modal e ganho no transporte de cargas pode não ocorrer como esperado.
Trata-se de vias que não necessariamente têm interseção com a Transnordestina, mas são consideradas estratégicas para o transporte de cargas que chegarão a pátios intermodais para, a partir desses pátios, serem alocadas nos vagões.
As vias em questão são as BR-020, BR-222, BR-116 e BR-304, de acordo com Heitor Studart, coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). Além disso, ele menciona a importância de CEs como a 358 e a 455 estarem em boas condições para o escoamento de produtos, a exemplo de frutas.
As outras duas BRs prioritárias, BR-116 e BR-304, estão em estado considerado bom, apesar de a BR-116 ter sido apontada no estudo com uma nota regular para a sinalização da via.
Ciente desse problema, a Fiec elaborou e apresentou, em maio deste ano, ao Ministério dos Transportes, um documento especificando ações necessárias nas rodovias para garantir uma integração eficiente da Transnordestina com a malha viária, segundo Heitor Studart.
Demandas do Ceará
No documento, foi reforçada a necessidade de “ações” com relação a essas quatro vias, acrescentando ainda a inclusão de rodovias estaduais consideradas importantes.
“As BRs são estruturantes e se ligam pelas vicinais cearenses, então temos prioridade, no Ceará, de duplicação da CE-455, ligando Maranguape à Transnordestina, e da CE-358, que pega um polo de fruticultura da Chapada do Apodi e de carcinicultura”.
“Mais importante para a Transnordestina é a duplicação da CE-455, que cruza a Transnordestina e finaliza encontrando a BR-020”, pontua Studart.
Perguntado sobre o que pode acontecer caso essas melhorias não ocorram, Studart avalia que as cadeias produtivas podem deixar de se instalar em regiões do Ceará.
“Você não pode ter uma indústria que não tem como escoar a produção. Não é só a chegada ao porto. O investidor vai para onde ele tiver melhores condições”, enfatiza.
Para discutir demandas essenciais do Nordeste em termos de infraestrutura e logística, será realizado, na primeira quinzena de outubro, um encontro com o Ministério dos Transportes e representantes dos nove estados da Região na Fiec, segundo Heitor.
“São ações de profundo impacto na economia cearense”.
Pavimentação da BR-222
No fim de agosto, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou a execução de “serviços de coletas de dados técnicos referentes à pavimentação asfáltica da BR-222”, no trecho da subida da Serra de Tianguá, entre o Km 295 e o Km 308, ocasionando a interdição nos dias 30 e 31 de agosto.
Essa coleta subsidia “os trabalhos de elaboração de projetos de engenharia para melhoramentos no tráfego da rodovia”, disse o Dnit em seu site.
A coluna buscou o Dnit e, em nota, a autarquia federal informou que está realizando as seguintes intervenções:
- duplicação da BR-222/CE, entre o Km 11 e o Km 35 – previsão de conclusão até o final do ano de 2025;
- duplicação da BR-116/CE, entre o Km 53 e o Km 75 (Pacajus e Timbaúba dos Marinheiros) – o prazo de conclusão inicialmente estipulado em contrato é o ano de 2027;
- recuperação das fundações das pontes sobre o Rio Jaguaribe, na BR-304/CE – a previsão de conclusão é o final do mês de setembro de 2025.
Além disso, o Dnit afirmou que “mantém ações de manutenção rotineiras em todas as rodovias que estão sob sua administração, tanto no Ceará, quanto em todo o país. Nestas ações, são realizados diversos serviços rotineiros, que ocorrem sob demanda”.
A Superintendência de Obras Públicas (SOP) informou que, “na implantação da Ferrovia Transnordestina, existem cruzamentos com diversas rodovias estaduais” e que, nos locais onde “há cruzamentos rodoferroviários, estão sendo realizadas intervenções nas rodovias estaduais para a construção de cruzamentos em desnível”.
Com relação à CE-455 e à CE-358, porém, ainda não estão previstas intervenções, segundo a SOP.
Em junho deste ano, o Diário do Nordeste publicou matéria mostrando que quatro rodovias estaduais ligadas à ferrovia passavam por intervenções, totalizando 55 quilômetros de pavimentação: a CE-564, a CE-282, a CE-375 e a CE-060.


