por Karen Feldman | mar 26, 2019 | Exportação
Após dois anos de crescimento expressivo, que ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) a registrar resultado positivo, as exportações brasileiras terão um desempenho modesto em 2019. Entre os fatores que pesam sobre as vendas externas estão a desaceleração da economia global, a crise argentina e, até mesmo, uma eventual pacificação na guerra comercial entre China e Estados Unidos.
Em 2017 e 2018, o País aumentou 17,6% e 10,2%, respectivamente, os embarques. Nesses anos, além de vir de um período de vendas externas fracas, o que favoreceu a base de comparação, o Brasil se beneficiou da desvalorização do real, do crescimento da economia mundial e, no ano passado, da guerra comercial. O embate entre as duas maiores economias do mundo fez com que o Brasil registrasse recorde na venda de soja para a China, que preteriu a produção americana.
Agora, com o cenário se invertendo quase completamente, as estimativas não são animadoras. O Itaú projeta estabilidade nas exportações na comparação com 2018 e o Santander, alta de 3,4%. Ambos consideram o valor dos embarques em dólares, e não o volume. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), mais pessimista, prevê uma retração de 9% e a consultoria Tendências, que chegou a projetar um incremento de 4,6%, revisou a alta para 1,7%.
“Os números do primeiro bimestre decepcionaram um pouco e o risco de rever a projeção novamente) é para o lado negativo. O quadro é menos benigno do que se esperava”, disse Silvio Campos Neto, economista da Tendências. Em janeiro e fevereiro, a alta das exportações foi de 1,4%, mas os economistas ressaltam que o comércio de plataformas de petróleo no período distorce os dados e dificulta uma análise.
O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, também reduziu as projeções. Em janeiro, a estimativa era de US$ 240 bilhões – mesmo valor do ano passado. Agora, prevê entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões menos. O economista Livio Ribeiro, do instituto, afirma, porém, que, com a desaceleração global, os preços das commodities cairão, o que poderá resultar em um aumento da demanda e, consequentemente, das exportações brasileiras em volume.
Também do Ibre, a economista Lia Pereira afirma que o maior risco para as vendas internacionais brasileiras está no apaziguamento da guerra entre EUA e China. “A agropecuária e a soja sustentaram as exportações em 2018. Não necessariamente isso vai continuar. A China está oferecendo tirar barreiras dos EUA.”
Lia explica que, com a suspensão da compra de soja dos americanos, os chineses elevaram as importações brasileiras do produto em 35% em 2018, absorvendo 82% das nossas exportações. Nas negociações atuais entre os dois países, explica a economista, Pequim poderá conceder preferência à produção americana, não apenas na soja, mas também no frango. Hoje, o frango americano é proibido na China.
ParceirosEconomista do Santander, Jankiel Santos destaca que, além da China, os principais parceiros comerciais do Brasil estão “sofrendo”, o que deverá resultar em um freio no ritmo de expansão das importações brasileiras. “A atividade nos Estados Unidos está se acomodando, e a Argentina não deve melhorar tão rápido.”
O Itaú projeta que a economia global cresça 3,4% neste ano, ante uma estimativa de 3,8% em 2018. A expansão na China deve passar de 6,6%, no ano passado, para 6,1% em 2019, causando impacto negativo no preço das commodities. O presidente da AEB, José Augusto de Castro, lembra que a queda nas commodities, além de prejudicar o Brasil, afeta toda a América do Sul, que também é produtora desses itens. “Esses países compram 40% das exportações manufaturadas brasileiras. Se eles são prejudicados, importam menos do Brasil, que acaba sendo duplamente atingido (nas commodities e nas manufaturas).”
Castro conta que, desde 2014, as vendas de manufaturados brasileiros estão estagnadas entre 36% e 38% do total das exportações. A dependência das commodities, deixa o País sem controle sobre seu comércio internacional, explica ele. “O panorama depende mais do mundo e menos do Brasil.” No ano passado, por exemplo, uma seca sem precedentes dizimou a produção de soja argentina, deixando o Brasil sem concorrentes no primeiro semestre do ano, época da safra na região, e impulsionando os embarques.
Segundo Castro, se as reformas da Previdência e tributária forem aprovadas, esse cenário de dependência completa do cenário internacional pode começar a mudar a partir de 2020, com um aumento da produtividade e, consequentemente, da comercialização de manufaturados.
por Karen Feldman | mar 14, 2019 | Exportação
O setor automotivo não espera que as exportações de veículos cresçam este ano, principalmente por causa dasituação na Argentina, que passa por uma crise cambial. “Infelizmente, neste ano, as exportações de veículos não serão as melhores notícias”, disse hoje (11) o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Carlos Botelho Megale.
“O nosso principal problema é o nosso principal parceiro, que é a Argentina, que infelizmente, está em uma situação muito difícil e acreditamos que o mercado argentino será muito baixo este ano. Estamos fazendo um esforço importante para mandarmos veículos para outros países como Colômbia, Chile e Uruguai. Estamos buscando novos mercados fora da América Latina também”, disse Megale.
Segundo ele, as empresas devem se esforçar para substituir o mercado argentino por outros. “Mas isso leva tempo. E o mercado argentino é o segundo maior mercado da América do Sul. Então, quando ele se retrai, nós, que somos os maiores fornecedores, sentimos”, acrescentou.
Em fevereiro, as exportações atingiram a marca de US$ 876 milhões. “Abaixo de US$ 1 bilhão. E US$ 1 bilhão é uma referência boa para a gente. Acima é um número razoável. Mas estamos abaixo. Se somarmos janeiro e fevereiro estamos com R$ 1,6 bilhão. É muito aquém, 36% abaixo do ano passado”, disse Megale.
Produção e vendas
Em fevereiro, a produção de veículos no país cresceu 29,9% na comparação a janeiro e 20,5% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Segundo a Anfavea, 257,2 mil veículos foram produzidos no país em fevereiro.
Já as vendas de veículos (o que engloba veículos leves, caminhões e ônibus e incluindo também os importados) apresentou queda de 0,6% em comparação a janeiro e aumento de 26,6% em comparação a fevereiro do ano passado, com 198.641 veículos produzidos.
“A boa notícia neste mês de fevereiro foi a produção, quando ultrapassamos 257 mil veículos. Para um mês de fevereiro, que é um mês curto, é um bom número. Tivemos um mercado interno bom, com mais de 198 mil unidades comercializadas, o que dá uma média diária de 9,9 mil unidades comercializadas. Então o ano está começando bem”, disse Megale.
Segundo ele, esses números positivos na produção e na venda se devem principalmente ao aquecimento do mercado interno. “O primeiro ponto é a confiança. Há um clima mais otimista, as pessoas estão mais confiantes na manutenção de seus empregos e achando que o país está voltando a crescer. O segundo ponto é o financiamento. O nível de inadimplência está muito baixo no país. Os bancos estão mais animados para oferecer crédito”, falou o presidente da Anfavea.
Programas
Megale também comentou sobre o programa IncentivAuto, do governo paulista, que prevê incentivos fiscais a montadoras que façam novos investimentos no estado. Serão concedidos descontos de até 25% no valor do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para empresas que apresentarem planos de construção ou ampliação de plantas industriais em valores superiores a R$ 1 bilhão. Para se beneficiarem das reduções tributárias, as companhias deverão gerar pelo menos 400 novos postos de trabalho.
Para Megale, o plano é positivo porque ajuda a reduzir a carga tributária e mostra sensibilidade do governo com o setor. Mas, para ele, a proposta não trará benefícios em curto prazo e não contempla a maior preocupação da indústria automobilística, que são os créditos acumulados.
“Acho que toda redução de carga tributária no país é bem-vinda. O Brasil tem uma carga tributária muito elevada para o nosso setor, muito acima de outros países, então, qualquer redução de carga, mesmo que seja de um estado, é positiva. Mas esse é um programa que parece que vai ter efeito mais de médio a longo prazo. A curto prazo ele não tem efeito. E o que temos falado é que hoje, a curto prazo, temos um problema que precisa ser equacionado, que é dos créditos de ICMS retidos pelo governo de São Paulo”, falou o presidente da associação.
Segundo ele, essa questão já está sendo negociada com o governo paulista. “A gente espera que novas medidas venham no sentido de a gente aproveitar esse crédito, talvez até revertendo ele para novos negócios na indústria”, falou.
“O que resolveria [o problema] é a devolução dos créditos, que são de direito das montadoras. Quando, por exemplo, você compra uma peça, você paga o ICMS. Quando você exporta o veículo, a exportação é isenta de ICMS. E isso fica retido no governo. Isso é dinheiro das montadoras. Inclusive, o cálculo do preço do veículo a ser exportado considera isso como recurso nosso. Se isso fica retido no estado e o estado não devolve para as montadoras, isso acaba virando prejuízo. E isso preocupa as empresas”, explicou o presidente da Anfavea. A soma desse recursos retido, disse ele, chega a ser superior a R$ 5 bilhões.
Ford
Sobre o fechamento da fábrica da Ford, Megale disse não poder comentar sobre a decisão da empresa em fechar sua unidade em São Bernardo do Campo. Ele disse apenas que a medida deverá trazer impactos para a região, mas que espera que os funcionários dessa unidade sejam absorvidos por outras montadoras.
“Nos preocupa, naturalmente, o fechamento de fábricas no Brasil porque a gente entende que o mercado vai crescer e que o Brasil tem potencial para ser um dos cinco maiores mercados do mundo. Acho que se a economia trouxer bons resultados, como a gente espera este ano, nosso mercado vai continuar crescendo. Nossa projeção é de crescimento de 11,4%, que poderá até ser superado”, falou Megale.
por Karen Feldman | mar 11, 2019 | Exportação
A rentabilidade média das exportações brasileiras avançou 12,3% em 2018 na comparação com o ano anterior. O crescimento ocorreu depois de dois anos em que as vendas externas haviam ficado menos rentáveis. Em 2016, o índice de rentabilidade das exportações totais caiu 8,2% e, no ano seguinte, 1,2%, com queda acumulada de 9,3% no biênio. Em 2019, segundo analistas, a alta do ano passado não deve se repetir.
O componente que mais contribuiu para o ganho de rentabilidade em 2018 foi a desvalorização de 14,5% da taxa de câmbio nominal. O fator de rentabilidade, que é a razão entre os índices de preços das exportações e o dos custos de produção, registrou queda de 1,8% no ano passado. Isso aconteceu porque a alta de 7,1% do índice de custos de produção em 2018 superou o crescimento de 5,1% do preço médio das exportações. Os cálculos são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que trata-se de uma recuperação de rentabilidade importante, mas dada conjunturalmente, como resultado da desvalorização da moeda nacional. “Não é um ganho de rentabilidade programado, resultante de alguma política voltada à exportação”, diz ele. Para 2019, a perspectiva é de que o câmbio não contribua da mesma forma para a rentabilidade do exportador, avalia Castro.
“Neste momento, o que se espera é que a taxa média de câmbio do ano fique próxima ao nível que está atualmente. Ainda há uma perspectiva de leve valorização do real com a aprovação da reforma previdenciária, embora o andamento do conflito entre China e Estados Unidos seja um fator que pode provocar maiores oscilações no câmbio”, diz Castro. No mais recente boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado ontem, o consenso dos analistas projeta um dólar cotado a R$ 3,70 ao fim de 2019.
Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, diz que para este ano a perspectiva é de queda de rentabilidade, com o valor da exportação total estável em relação a 2018, embora com queda de preços em commodities importantes, como a soja. No ano passado, lembra ele, a campanha eleitoral para presidente da República contribuiu para uma forte desvalorização cambial, o que aumentou a lucratividade para o exportador. “Mas ao fim do ano passado houve uma revalorização do real, com maior equilíbrio, voltando quase ao patamar anterior de preço do dólar.”
Castro explica que a desvalorização do real tem dois efeitos para o exportador. Ao mesmo tempo em que favorece maior rentabilidade nos embarques, também pressiona custos de produção por meio de insumos importados, o que certamente aconteceu no ano passado, avalia ele. O aumento do custo de produção tira rentabilidade e no ano passado isso só foi compensado em produtos e segmentos que tiveram elevação maior de preços.
Considerando a divisão por seções, no ano passado o índice de rentabilidade cresceu tanto para as atividades não industriais como para a indústria não extrativa e para a indústria de transformação, destaca a Funcex. A maior expansão, porém, concentrou-se na indústria extrativa, segundo o boletim.
Para este ano, além do câmbio, o que será determinante para a rentabilidade do exportador, diz Barral, é o cenário internacional, que está “pouco demandante”. “O comércio mundial tem crescido em ritmo menor do que o PIB, ao contrário do que aconteceu em décadas passadas. Por isso, o cenário não é propício para novos mercados”, afirma ele.
A China, maior parceiro comercial do Brasil, salienta Castro, anunciou meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 6% e 6,5% para 2019, o que significa desaceleração em relação ao avanço de 6,6% no ano passado. Como a China tem papel importante no comércio internacional, isso indica que a demanda externa provavelmente não vai absorver eventual elevação de custo de produção na produção de produtos destinados à exportação, explica ele.
Na desagregação por atividade, a Funcex mostra que o índice de rentabilidade cresceu em 25 dos 29 setores pesquisados. Entre os setores de maior avanço no índice, estão o de extração de petróleo e gás natural, com alta de 45,3%, de celulose, papel e produtos de papel, com avanço de 24,8%, e de metalurgia, com ganho de 19,2%. A perda de rentabilidade ficou para as atividades de couros, artefatos de couro e calçados (-4,5%), impressão e reprodução de gravações (-11,8%, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,4%) e outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-11,3%).
por Karen Feldman | fev 7, 2019 | Exportação
A balança comercial brasileira apresentou em janeiro de 2019 o maior valor para o primeiro mês do ano desde 2014, com uma corrente de comércio de US$ 35 bilhões. Tanto as exportações como as importações cresceram em relação ao primeiro mês de 2018, com a exportação atingindo o maior volume da série histórica para o mês (iniciada em 1997), US$ 18,6 bilhões.
De acordo com ele, o fortalecimento da economia passa por uma maior integração no comércio internacional. “Uma economia forte é aquela que exporta e também importa muito. O aumento da inserção internacional do Brasil é uma agenda do país, que vai se dar de acordo com reformas estruturais. O importante é o comércio como um todo”, frisou.
A exportação em janeiro de 2019 alcançou a cifra de US$ 18,6 bilhões, registrando crescimento de 9,1% em relação a janeiro do ano anterior, pela média diária. Já a importação de bens totalizou US$ 16,4 bilhões sobre o primeiro mês do ano passado, pela média diária. Com relação à corrente de comércio, de US$ 35 bilhões, o volume foi 12% maior ao de janeiro de 2018, também pela média diária.
Herlon Brandão informou que, nas exportações, os mercados de destino que se destacaram no período foram China (crescimento de 20%) e Japão (crescimento de 17%), sempre na comparação com janeiro de 2018.
Para os Estados Unidos houve um aumento de 2%. Com relação à União Europeia, houve redução das exportações de 5,6%, principalmente devido à diminuição dos preços de exportação dos combustíveis no período”, analisou. China e Japão também foram os mercados que apresentaram crescimento em termos de importações.
Detalhamento
Ao analisar os motivos que levaram o país a apresentar o resultado recorde em janeiro de 2019, o diretor ressaltou que o volume exportado foi 19,4% maior, motivado por diversos produtos, como petróleo, soja, minério, café, celulose, ferro, aço e aviões. Brandão afirmou, ainda, que houve redução de exportações em alguns produtos, como, por exemplo, automóveis.
“A diminuição das exportações de automóveis foi motivada pela redução da demanda argentina”, explicou, acrescentando que 70% dos automóveis exportados pelo Brasil se destinam à Argentina.
por Karen Feldman | jan 9, 2019 | Exportação
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,887 bilhão na primeira semana de janeiro de 2019 que teve três dias úteis. O saldo é resultado de exportações no valor de US$ 3,860 bilhões e importações de US$ 1,973 bilhões.
Nas exportações, comparadas as médias da primeira semana de janeiro de 2019 (US$ 1,287 bilhão) com a de janeiro de 2018 (US$ 774 milhões), houve crescimento de 66,2%, em razão do aumento nas vendas das três categorias de produtos: básicos (110,8%, principalmente petróleo em bruto, minério de ferro, farelo de soja, soja em grãos, milho em grãos); semimanufaturados (54,8%, em especial semimanufaturados de ferro/aço, celulose, ferro-ligas, ouro em formas semimanufaturadas, catodos de cobre) e manufaturados (30,4%, principalmente laminados planos de ferro ou aço, aviões, óxidos e hidróxidos de alumínio, gasolina, veículos de carga).
Em comparação a dezembro de 2018, houve crescimento de 31,6%, em virtude do aumento nas vendas das três categorias de produtos: básicos (47,8%, de US$ 489,6 milhões para US$ 723,6 milhões); semimanufaturados (39,2%, de US$ 132,9 milhões para US$ 185,0 milhões) e manufaturados (6,4%, de US$ 355,3 milhões para US$ 378 milhões).
Nas importações, a média diária da primeira semana de janeiro de 2019 (de US$ 657,7 milhões) ficou 1,9% acima da média de janeiro de 2018 (US$ 645,6 milhões). Nesse comparativo, cresceram os gastos, principalmente, com adubos e fertilizantes (47,3%), químicos orgânicos e inorgânicos (44,1%), cereais e produtos da indústria da moagem (39%), plásticos e obras (14,3%), equipamentos eletroeletrônicos (11%). Em relação a dezembro do ano passado, houve crescimento nas importações de 1,8%, pelo aumento das compras de equipamentos eletroeletrônicos (51,8%), químicos orgânicos e inorgânicos (50,1%), plásticos e obras (40,3%), borrachas e obras (30,9%) e siderúrgicos (23,1%).
por Karen Feldman | dez 21, 2018 | Exportação
As empresas exportadoras brasileiras economizarão R$ 44 bilhões por ano em seus custos logísticos com a implantação do Portal Único do Comércio Exterior, de acordo com levantamento preliminar divulgado hoje pelo secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.
O levantamento mostra que o portal permitiu uma redução de 13 dias para 6,4 dias o tempo médio necessário para a liberação de mercadorias. A estimativa de economia foi feita levando-se em consideração que, para cada dia de atraso na liberação das mercadorias, as empresas perdem 0,8% do valor exportado.
O novo processo de exportação permitiu, de acordo com Rachid, reduzir a exigência de documentos ou declarações. Em agosto de 2017, foram 831.551 documentos/declarações exigidas para a liberação das mercadorias exportadas. Em agosto de 2018, o número caiu para 69.328 documentos/declarações – redução de 91,7%.
O Portal Único permite a integração entre os diversos órgãos que atuam no comércio exterior, possibilitando reduzir a quantidade de declarações e de informações prestadas pelas empresas exportadoras aos órgãos de controle. Atualmente, 100% das operações de exportação migraram para o novo processo.
Rachid informou que a Receita iniciou o processo para a simplificação das importações. A meta, segundo ele, é reduzir o tempo médio de importação de 17 dias para 10 dias. O potencial de economia que será gerado pela redução de 7 dias no tempo de liberação de mercadorias na importação atingirá cerca de R$ 30 bilhões para os importadores, de acordo com dados divulgados pelo secretário.
Ao fazer ontem um balanço das ações de simplificação adotadas até agora pelo governo, Rachid afirmou que o prazo médio para o pagamento de tributos devidos pelas empresas no Brasil vai cair das atuais 474 horas, estimado pela Fenacom, para apenas 240 horas, até outubro do próximo ano.
O relatório Doing Business – publicado anualmente pelo Banco Mundial e que avalia o grau de regulação de 190 economias ao redor do mundo – informa, em sua publicação de outubro passado, que uma empresa necessita, no Brasil, de 1.958 horas para pagar os tributos devidos.
A Receita Federal questiona a pesquisa do Doing Business e prefere adotar a pesquisa feita pela Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), que estimou em 474 horas o tempo para a empresa pagar seus tributos.
Com a adoção do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), o prazo médio para o pagamento de tributos vem caindo continuamente, observou Rachid. Em 2018, Distrito Federal e Pernambuco entraram no Sped, em relação à escrituração do ICMS/IPI, fazendo com que o sistema agora abranja a totalidade das 27 unidades da Federação.