Balanço da indústria automotiva e semicondutores- Créditos: Tëcnicon
Para superar os desafios da crise dos chips semicondutores e a ausência de componentes, a indústria automobilística vem se reinventando e gerando novas opções de serviços aos consumidores
A escassez global de semicondutores vivida pela indústria automobilística, causada pela pandemia do Covid-19, tem sido um entrave para a comercialização de carros no Brasil, principalmente para consumidores mais exigentes. Faltam componentes eletrônicos – em especial, chips e semicondutores –, e a crise é global. Essa dificuldade é causada porque os fornecedores têm dado preferência às demandas das empresas de tecnologia, que crescem em ritmo acelerado. Com a pandemia, houve uma explosão de procura por celulares, videogames e outros eletroeletrônicos.
Quase 100% dos semicondutores são produzidos na Ásia, e o setor automotivo representa 5% da demanda. Como as montadoras usam produtos de gerações mais antigas, não compensa o investimento para poucos volumes, e a maior parte da produção acaba indo para o setor de tecnologia. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entre 100 mil e 120 mil veículos deixaram de ser fabricados nos seis primeiros meses de 2021 por conta da falta de componentes.
Assinatura de veículos, carros conectados e mais serviços para consumidores nacionais
Esses fatores de desordem na cadeia global somam-se à queda da demanda no mercado interno agravada pela pandemia, à elevação do preço de commodities como aço, borracha, e outros itens, além da alta do dólar e da carga tributária, o que encarece os custos de produção e faz com que a indústria automobilística enfrente uma crise sem precedentes. Mais do que nunca, é hora de buscar outros caminhos para seguir em frente.
Uma das alternativas tem sido exportar para mercados mais próximos, como Argentina, Chile, Colômbia e outros países da América Latina. Quem sai ganhando nessa também é o mercado de serviços e de seminovos.
A chegada da startup mexicana Kavak ao Brasil sinaliza isso. Ela é especializada na compra e venda de carros usados e promete investir R$ 2,5 bilhões em sua operação brasileira, em um momento onde a tabela do carro usado nunca esteve tão valorizada.
A indústria automobilística acredita ainda que pode vender mais serviços do que automóveis. Um dos sinais disso é o aumento da busca pelo serviço de assinaturas de carros na internet, que, entre abril e maio, aumentou 56,5%, com 12 milhões de visitas a 156 sites de montadoras e empresas especializadas.
A hora da transformação digital
Oferecer facilidades como serviços de manutenção preventiva, controle de desempenho de frotas ou mesmo definição de rotas, resultou em novas frentes de negócios, amparadas por parcerias com startups do setor, provando que neste momento de crise econômica há possibilidades a serem trabalhadas junto aos consumidores, e a digitalização dos serviços é um destes caminhos.
As montadoras que apostam nessa trilha ganham alternativas extras à venda pura e simples do produto final, mesmo aquelas ligadas ao setor de caminhões, que está favorecido pelo bom desempenho do agronegócio e do e-commerce. Outra rota em que o Brasil aposta é a fabricação de carros elétricos e autônomos, que teve um recorde de vendas em 2021 e se apresenta como uma das soluções sustentáveis para reduzir a emissão de CO2.
Apesar de termos ainda poucos modelos produzidos localmente e travas relacionadas à taxação, a indústria acredita e investe no potencial dessa modalidade de veículos, puxada por uma demanda mais consciente dos impactos ambientais causados pelos carros movidos à combustão. Se você está pensando em trocar de carro, o mundo dos híbridos e elétricos ainda é um sonho para poucos, devido ao alto valor.
Mas pense em dar uma olhada nas opções de seminovos ou mesmo nas ofertas dos novos modelos. Para simplificar, você pode contratar um empréstimo consignado. Tendo o valor à vista na mão, você pode negociar uma boa compra e ir pagando esse dinheiro aos poucos na Serasa, com uma taxa bem mais atraente. Sem burocracia, sem filas e de forma 100% online e segura.
Avanço da vacinação tem gerado otimismo no mercado e impulsionado contratações
O avanço da vacinação e o vislumbre do fim da crise sanitária têm sido os combustíveis principais para o otimismo do mercado em relação à retomada econômica. Mesmo sendo o último componente a se recuperar após uma crise, já é possível observar maiores contratações, que devem se intensificar até o fim do ano.
É o que aposta Vladyson Viana, presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). Ele baseia a previsão a partir do saldo positivo de vagas no Ceará mesmo durante a segunda onda da pandemia este ano.
“A medida que tem o aumento da cobertura da vacina e a flexibilização dos decretos, há o surgimento de novos postos. O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) vem confirmando essa curva positiva”, afirma.
Somente em junho, dado mais recente do Caged, o Ceará registrou a criação de 9,7 mil novos postos formais de trabalho, totalizando 33,2 mil no primeiro semestre. Este ano, somente em março o Estado teve mais demissões que contratações, mês que coincide com o endurecimento do isolamento social.
Entre os segmentos que têm puxado a geração de vagas, Viana aponta o comércio e serviços por serem setores que respondem mais rápido durante a retomada.
“Acreditamos que nesse segundo semestre também sejam os setores que irão puxar a criação de novos postos. Historicamente, esse período do ano já é marcado por uma maior oferta de vagas do mercado pela sazonalidade, o que deve contribuir para essa recuperação”, ressalta.
Dentro do setor de serviços, o presidente do IDT detalha que a atividade administrativa tem se destacado, com contratações para telefonista, recepcionista, auxiliar administrativo e toda a cadeia. No comércio, o carro-chefe é o posto de vendedor.
Ele acrescenta que vagas na indústria, por exemplo, devem demorar um pouco mais a deslanchar, tendo em vista que só há contratações com a expansão ou abertura de novas plantas industriais, que requerem alto investimento.
“Além disso, comércio e serviços é a natureza da economia cearense”, argumenta.
LOGÍSTICA EM ALTA
Saindo da camada que baseia a economia local, o setor de logística tem ganhado força durante a pandemia e promete ser uma boa aposta para quem busca recolocação, conforme a coordenadora de recrutamento e seleção da RH Nossa, Eliane Catalano.
Com mais compras online e a necessidade de um volume maior de entregas, a atividade tem gerado oportunidades para os mais diversos níveis, desde posições estratégicas a encarregado, almoxarife e operador de empilhadeira.
Em breve, a Amazon deve inaugurar um Centro de Distribuição no Ceará, em Itaitinga, o que mostra a força crescente do setor.
Também relacionada ao e-commerce, a área de vendas é outro destaque, inclusive com vagas sendo geradas por Microempreendedores Individuais (MEIs).
A coordenadora da RH Nossa também pontua que já está começando uma movimentação para contratações no turismo. Após um longo período de baixa por conta da pandemia, ela acredita que as pessoas estão ansiosas por viajar, o que gera a necessidade de mão de obra.
“Eu fiquei impressionada no mês passado com a quantidade de vagas para agente de viagem no Nordeste. As agências estão buscando esses profissionais da área”, afirma.
Catalano também ressalta a oferta de vagas temporárias, que deve incrementar significativamente as contratações nos próximos meses. Apesar de ser um contrato com prazo definido para acabar, é uma oportunidade dos empregados mostrarem um bom trabalho e serem efetivados.
“No momento, nós temos 1,5 mil vagas abertas com a RH Nossa. Até o fim do ano, isso deve dobrar, especialmente com essa oferta de temporários”, revela.
COMO SE PREPARAR
A coordenadora de seleção e recrutamento aconselha os candidatos a se autoconhecerem e saberem no que eles são bons, aliando perfil técnico e comportamental com disponibilidade de horário e capacitação constante.
Ela também alerta para que a documentação dos participantes esteja sempre em dia, para não correr o risco de falta não conseguir resolver a tempo e algo na nessa etapa da contratação.
“A gente tem sentido dificuldade na hora do processo admissional. Às vezes a pessoa não está regularizado com o título de eleitos, carteira de reservista, CNH atrasada, comprovante de histórico escolar. Então, é aconselhável que haja uma atualização constante”, orienta.
Dando continuidade ao tour pelo Brasil, nesta semana Portogente publica a entrevista com o posicionamento da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), que tem como porta-voz o assessor econômico Cláudio Henrique Oliveira.
Para Oliveira, Goiás, que tem na base atual da sua economia a alta produção de commodities e depende dos portos da costa leste do Brasil, carece de um eficiente modal de transporte – especialmente o ferroviário – e armazenamento, referenciados com estudos de logística e política de atração de desenvolvimento. Ele aponta que “o maior desafio é a agregação de valor nos produtos goianos. A venda de commodities não pode ser o carro chefe de nosso estado no tocante às exportações”.
Para romper as barreiras geográficas, é fundamental o término de obras estruturantes para interligar Goiás com os portos do litoral brasileiro. “Dando velocidade ao escoamento de nossos produtos e redução de custos, pois o modal ferroviário é um dos mais baratos. A estruturação de uma política industrial com foco no agronegócio se apresenta necessária e sua continuidade, entre governos, é um fato que precisa ocorrer”, avalia Oliveira.
Para ele, medidas paliativas ou rasas não trarão negócios para o Brasil, que precisa superar o déficit “em tecnologia, infraestrutura, pesquisa e inovação”.
Em 1993 foi criada a lei da modernização dos portos brasileiros. Quais foram os avanços e ganhos econômicos que essa lei proporcionou para a economia brasileira?
O processo de planejamento portuário desempenha um papel-chave na determinação da posição de um porto na hierarquia marítima. Uma das mudanças importantes que se tem identificado nos anos recentes é a expansão do porto além de seus limites históricos. Ou seja, o ambiente portuário atual não se restringe mais à concepção clássica, estendendo e além dos limites locais e das aproximações tradicionais. Para Akabane, Gonçalves e Silva (2008), o novo estilo de planejamento portuário não é mais baseado exclusivamente nas opiniões de especialistas em infraestrutura, economistas, gestores de transporte e advogados. Requer agora as recomendações de peritos ambientais, planejadores urbanos, consultores financeiros, especialistas em comunicação e profissionais de marketing. A autoridade portuária do passado não pode mais dar respostas adequadas ao cenário atual em que estão inseridos os portos, caracterizado por redes de negócios de alcance global e complexos sistemas logísticos, desenvolvidos em situações de elevada incerteza (NOTEBOOM, 2007). Para responder efetivamente às atuais dinâmicas do mercado, é necessário o exame de uma situação totalmente nova, em que a autoridade portuária terá a necessidade de negociar com outras entidades e instituições, estando mais vulnerável em função de uma maior interferência externa e, consequentemente, menor independência (AKABANE; GONÇALVES; SILVA, 2008). Em resumo, o foco da competividade portuária vem gradualmente se deslocando do porto em si para o conjunto da comunidade ou cluster portuário (NOTEBOOM, 2007). É nesse contexto que se deve considerar a governança portuária e as ações a ela associadas.
Vinte e oito anos depois dessa lei, quais as mudanças necessárias para o sistema portuário nacional,considerando a realidade de Goiás? E por quê?
Um dos modais mais adequado para a indústria e a logística no Brasil, o transporte marítimo ainda não tem todo o seu potencial devidamente exercido. Sua importância está ligada a intermodalidade, à geração de empregos, a alta na movimentação de cargas no país e a consolidação do setor de logística no mercado nacional. Mesmo com todas as dificuldades que enfrenta – com portos ainda inadequados, burocracia e altas tarifas, para citar apenas algumas – o setor movimenta mais de 350 milhões de toneladas ao ano. Fica fácil prever o quanto este número pode melhorar se houver uma preocupação e um trabalho efetivo para alterar este quadro. Há muita burocracia e os portos nacionais ainda não têm o mesmo preparo que os europeus ou asiáticos. Falta preparo e maiores investimentos para sustentar um aumento significativo nas exportações. As prioridades dos portos brasileiros não são devidamente atendidas, fazendo com que eles não acompanhem o avanço tecnológico dos transportes marítimos. Estes demandam águas cada vez mais profundas, desocupação de berços de atracação maiores, e instalações especializadas e de grande amplitude para a movimentação de contêineres. Para Goiás o maior desafio é o custo do modal rodoviário e as perdas existentes, pois até então, o sistema ferroviário, que poderia fazer a diferença, pelo preço e volume, não está efetivado.
Como convergir sustentabilidade, cidades e economia nos negócios portuários pensando a realidade do estado de Goiás?
A conversão dar-se-á se pelas vias de acesso de esgotamento de nossa produção aos portos. A logística empresarial engloba as atividades de movimentação e armazenagem, que atuam facilitando o fluxo de produtos do ponto de aquisição da matéria-prima ao consumo final, e também os fluxos de informação que colocam os produtos em movimento. O que se busca é redução de custo e elevação da eficiência. O avanço no armazenamento consiste num desafio para Goiás pois, a produção de grãos vem aumentando ano a ano. A atividade de manutenção de estoques, por sua vez, envolve a necessidade de providenciar produtos no período entre a oferta e a demanda para atingir certa disponibilidade. Daí saber esperar para vender no momento certo. Equacionar a produção e distribuição, é imperativo. Quanto ao armazenamento e escoamento de produtos manufaturados, via portos, temos que o volume ainda não é elevado sobre a ótica de exportação. Porém, a importação de matéria prima e insumos é de grande volume para a indústria de transformação. Em relação ao embarque portuário, a atividade de movimentação de grãos nos portos, por exemplo, compreende vários problemas, dentre os quais é possível destacar a falta de infraestrutura adequada, que gera grandes congestionamentos no acesso terrestre ao porto e ao acesso marítimo, dada a dificuldade de atracação dos navios. Portanto, para garantir ganho econômico, tem-se como importante que o modal de transporte, principalmente o ferroviário, e o armazenamento, sejam referenciados com estudos de logística e política de atração de desenvolvimento, respeitando as vantagens comparativas de cada município, principalmente daqueles com alta produção de commodities.
Tendo em vista a produtividade cada vez maior do comércio mundial, qual é o caminho que o Brasil precisa seguir para ter seu espaço nesse cenário? E quais são os desafios para o estado de Goiás?
Com certeza o maior desafio é a agregação de valor nos produtos goianos. A venda de commodities não pode ser o carro chefe de nosso estado no tocante às exportações. Como se não bastasse, o término de obras estruturantes é fundamental para a interligação de Goiás com os portos. Dando velocidade ao escoamento de nossos produtos e redução de custos, pois o modal ferroviário é um dos mais baratos. A estruturação de uma política industrial com foco no agronegócio se apresenta necessária e sua continuidade, entre governos, é um fato que precisa ocorrer. Medidas paliativas ou medidas rasas não trarão negócios para o Brasil. Estamos deficitários em tecnologia, infraestrutura, pesquisa, inovação. Portanto, investimentos em desenvolvimento humano e em infraestrutura, bem como a redução de nosso custo, são prioridades que devem ser observadas. Na atualidade a agregação de valores aos produtos goianos é o desafio. Principalmente integrando as cadeias produtivas. O equacionamento das contas públicas garante uma melhor e maior capacidade de investimento para o estado. Enquanto para a iniciativa privada, desafio e a recuperação das perdas e a retomada sustentável de nossa produção. Como missão, a atração de novos investimos, contemplando nossas potencialidades e a distribuição destes investimentos é o desafio comum (público e privado).
Como avaliam os portos brasileiros em relação gestão,eficácia e eficiência?Quais são os mais modernos, confiáveis e competitivos?
Com certeza o Brasil avançou muito nos últimos anos em relação aos seus portos. Porém, melhorias na eficiência portuária se fazem necessárias para que sejam capazes de tornar a movimentação de cargas mais eficientes. O transporte possui um importante papel na tentativa de romper as barreiras geográficas existentes. No entanto, os portos públicos brasileiros ainda apresentam baixo nível de eficiência, custos elevados e reduzido volume de investimento, reflexo da atuação das Administrações Portuárias, estatais responsáveis pela gestão e operação dos serviços portuários As deficiências no setor estão relacionadas a problemas na atuação regulatória da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), falhas nos programas de dragagem, falta de empenho para a transferência das administrações portuárias ao setor privado e demora no processo de adequação dos contratos e realização de novos arrendamentos portuários.
PIB do segundo trimestre foi “pausa no crescimento”, afirmou ministro
O governo está trabalhando por uma reforma tributária neutra ou que gere pequena perda de arrecadação, disse hoje (3) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em evento virtual promovido por uma instituição financeira, ele voltou a dizer que o crescimento da economia nos próximos anos poderá compensar eventuais quedas de receitas.
Mais cedo, o secretário especial de Tesouro e Orçamento da pasta, Bruno Funchal, participou do mesmo evento e estimou em cerca de R$ 20 bilhões a perda de arrecadação no próximo ano, caso o Senado ratifique o texto aprovado pela Câmara. Apesar da projeção, Guedes disse que o crescimento recente na arrecadação federal pode financiar a redução de impostos.
“Estou tentando acertar uma reforma neutra. Mas se errar, eu prefiro errar para arrecadar um pouco menos. Mas não vai haver uma arrecadação menor, aí que está. Suponha que erramos o cálculo em R$ 20 bilhões na reforma. A arrecadação já subiu R$ 200 bilhões neste ano de forma imprevista. Então eu posso abrir mão de um pouco desse aumento, que aliás era nossa promessa de campanha”, declarou.
O ministro voltou a propor a transformação de qualquer excesso de arrecadação em queda de impostos. Apesar da crítica de estados e do setor financeiro, Guedes disse que o texto aprovado na quarta-feira (1º) pela Câmara dos Deputados está próximo do “ponto de equilíbrio”.
“Eu queria baixar 10 pontos porcentuais do Imposto de Renda das empresas, baixamos 8 pontos. A reforma é neutra, não é neutra? Vamos fazer uma consideração aqui. Os empresários dizem que a gente aumentou, os Estados dizem que baixamos. A gente não deve nem ter aumentado muito nem baixado muito, deve estar no ponto de equilíbrio. Isso quer dizer que a gente mais ou menos acertou a dose”, afirmou.
PIB
Guedes também comentou a queda de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país) no segundo trimestre. Na avaliação do ministro, a retração foi uma “pausa” provocada por causa da segunda onda da pandemia de covid-19. Ele reafirmou acreditar que a economia brasileira está se recuperando em “V” (forte queda, seguida de forte alta).
“O segundo trimestre foi o mais trágico da pandemia, com maior número de mortes, quando estávamos voltando ao trabalho. Foi uma ligeira pausa, foi basicamente de lado, caiu 0,05%, e arredondaram para 0,1%. Se fosse 0,04%, teria arredondado para zero”, afirmou o ministro. Segundo ele, outros indicadores, como os empregos, a arrecadação e a contratação de investimentos, continuam fortes.
Em relação à expectativa de que o crescimento do PIB no próximo ano desacelere para menos de 2%, Guedes disse que os críticos são os mesmos que haviam previsto uma queda de 10% do PIB no ano passado e menosprezaram a recuperação em “V” neste ano. “Prefiro acreditar na economia brasileira, no desempenho e no vigor que ela tem exibido, do que acreditar em pessimistas de plantão”, comentou.
Emprego
O ministro chamou de “guerreiros da informalidade” os cerca de 38 milhões de trabalhadores informais que receberam o auxílio emergencial durante a pandemia. Para ele, o avanço da imunização facilitará o retorno ao mercado formal de trabalho. “Era um desemprego disfarçado em massa. Com vacina avançando eles estão retornando ao trabalho e veremos uma aceleração desse emprego informal, além do formal”, disse.
Sobre a regra de ouro, espécie de teto para a dívida pública que requer autorização do Congresso para ser superado, Guedes afirmou que a norma, definida pelo artigo 167 da Constituição, “transformou-se numa ficção” e que é descumprida há cinco anos por causa dos déficits nas contas públicas. “Quando o governo tem um déficit, não cumpre [a regra de ouro]”, completou.
Paulo Guedes elogiou aprovação da reforma do IR na Câmara
O Senado errou e “deu um passo atrás” ao rejeitar a Medida Provisória (MP) 1.045, que propunha uma nova reforma trabalhista, disse ontem (2) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo ele, a MP não tinha o objetivo de fragilizar as relações trabalhistas, mas sim de estimular a contratação de jovens.
“Não era um programa de emprego, ninguém está fragilizando a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. Estamos possibilitando que jovens, ao invés de ficarem desempregados, que eles possam frequentar as empresas na qualidade de qualificação para, no futuro, chegarem ao mercado formal. Foi um equívoco, mas isso acontece”, disse Guedes, ao sair de reunião no Ministério da Saúde.
Originalmente editada pelo governo para formalizar a nova rodada do Benefício Emergencial (BEm), programa de suspensão de contratos e de redução de jornada durante a pandemia, a MP ganhou emendas na Câmara dos Deputados para criar três programas de primeiro emprego e de capacitação profissional para jovens. Além disso, emendas aprovadas pelos deputados tornaram a proposta uma minirreforma trabalhista, com dispositivos que reduziam horas extras para diversas categorias e outras mudanças.
Imposto de Renda
O ministro também comentou a aprovação da reforma do Imposto de Renda pela Câmara dos Deputados. Segundo Guedes, as alterações dos deputados são normais e ocorrem dentro da democracia. “Você chega com uma proposta, e ela sofre aperfeiçoamentos. Aconteceu a mesma coisa aqui, até a oposição sugeriu mudanças e o resultado foi uma votação expressiva”, disse.
Guedes classificou de “excelente” o trabalho de coordenação do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), e disse esperar ajustes pelos senadores. “A equipe econômica indica o vetor [a direção], e o texto acaba sofrendo mudanças no Legislativo. Ainda é possível que haja um ajuste ou outro, pois agora vai para o Senado”, comentou.
Para o ministro, o atual sistema tributário agrava as desigualdades, ao tributar muito as empresas e a folha de pagamento e cobrar pouco de quem vive de rendimentos, como dividendos (parcela do lucro distribuída pelas empresas aos acionistas). Guedes não esclareceu pontos, como a perda de arrecadação gerada pela versão aprovada pelos deputados.
O texto aprovado diminuiu o Imposto de Renda Pessoa Jurídica de 25% para 18% e reduziu para 15%, a alíquota sobre dividendos, enquanto o governo tinha proposto 20%. Um acordo retirou a restrição ao acesso à declaração simplificada do Imposto de Renda.
Precatórios
Em relação à proposta para adiar parte do pagamento de R$ 89 bilhões de precatórios (dívidas do governo reconhecidas definitivamente pela Justiça) previsto para o próximo ano, Guedes disse estar trabalhando com o Supremo Tribunal Federal (STF) para encontrar uma solução. Segundo o ministro, a rejeição da Medida Provisória 1.045 pelo Senado agravará o desemprego, que está em níveis altos.
“Estamos vendo com o Supremo, todo mundo envolvido em reformas, e aí o Senado deu um passo para trás. Vamos ver o porquê disso, quais os pontos contrários, e possivelmente vamos ter de atacar o problema do desemprego de outra forma. Esperamos colaboração”, acrescentou.
Deputado Efraim Filho, Vanderlei Macris, Ministra Flávia Arruda, Presidente Francisco Pelucio e Deputado Vitor Lippi – Foto: NTC&Logística
O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, se encontrou nesta quarta-feira (01) com congressistas e representantes dos 17 setores produtivos, que juntos foram recebidos em Brasília pela ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, para falarem sobre a manutenção da prorrogação da desoneração da folha de pagamento até 2026.
O projeto de lei do Orçamento enviado pelo governo ao Congresso na terça-feira (31) deixou o benefício de fora. No ano passado, com muito empenho da NTC&Logística, em conjunto com os outros segmentos foi derrubado o veto do presidente Jair Bolsonaro e houve a prorrogação por mais um ano, e vai até dezembro desse ano.
“Está aberta uma negociação. O que simboliza essa reunião é que o governo reconhece a dimensão do problema, sabe da necessidade da manutenção da desoneração e vai querer construir uma alternativa definitiva”, disse o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), após a reunião com a ministra.
O presidente da NTC ressaltou a importância da medida para o desenvolvimento do setor. “A manutenção da desoneração é de grande relevância para que as empresas transportadoras continuem empregando, investindo e contribuindo com o país, assim como sempre fizemos, e principalmente na maior crise sanitária do mundo, onde não deixamos de transportar, precisamos agora de apoio do governo para continuarmos seguindo com o nosso trabalho”, destacou Pelucio.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB), autor do projeto de lei da Câmara que prorroga por cinco anos a desoneração da folha, disse que o encontro com Flávia Arruda foi positivo, porque o governo começa, agora, a estudar alternativas. “Maior desafio do Brasil hoje é preservar empregos”, disse.
A entidade busca há anos fazer com que a desoneração da folha seja de forma definitiva, para assim preservar os milhões de empregos diretos e indiretos gerados pelo segmento transportador.
“A ministra Flávia Arruda nos recebeu muito bem e ouviu nossas demandas, estamos confiantes que teremos êxito em mais essa demanda”, concluiu o presidente da NTC.