Entre os desafios enfrentados pela indústria de artefatos de borracha em Minas está a falta de mão de obra capacitada | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC
A indústria mineira de artefatos de borracha cresceu 10% em relação a 2020, já tendo retomado a produção pré-pandemia e já estima incremento de 18% neste ano. A informação é do presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos e Beneficiamento de Borracha e Elastômeros no Estado de Minas Gerais (SinborMinas), Roland Maria Goblirsch von Urban.
A reabertura do comércio, o crescimento da indústria automobilística e do setor de mineração está deixando o mercado otimista. Conforme Urban, a expectativa é que nos próximos meses o segmento cresça pelo menos mais 8%, acumulando uma expansão de cerca de 18% em 2021.
“A demanda está aumentando. No início da pandemia, no ano passado, a produção chegou a cair aos poucos, fomos nos recuperando e agora já voltamos a crescer”, afirmou.
Sobram vagas
A expansão da indústria mineira de produção de artefatos de borracha, no entanto, está esbarrando em um problema incomum: a falta de mão de obra qualificada para preencher as vagas oferecidas pelo setor. Atualmente, as indústrias deste segmento em Minas geram cerca de 14 mil empregos diretos.
Embora não tenha uma estimativa exata de quantos empregos estão sendo oferecidos pelo segmento, conforme o presidente do SinborMinas, as empresas não estão conseguindo ocupar os cargos oferecidos.
Ele acredita que isso acontece, porque, atualmente, muitos dos candidatos não preenchem os requisitos necessários para atender ao perfil de trabalhadores desejados por este tipo de produção industrial.
“Acredito que o ensino médio brasileiro deveria ter conteúdos mais técnicos para preparar os jovens ao mercado de trabalho. Não só para o segmento de borracha, mas também para outros setores. Estamos encontrando dificuldades em encontrar profissionais qualificados. Desse modo, as vagas ficam abertas “, afirmou.
Aumento de preços
Outra situação preocupante para a indústria produtora de artefatos de borracha em Minas, ainda conforme Urban, é o aumento da matéria-prima usada por este tipo de segmento.
“O preço do aço aumentou 70% . Alguns insumos necessários à nossa produção como a borracha natural, os produtos ligados ao petróleo e as substâncias químicas aumentaram cerca de 40%”, disse.
Para o presidente do SinborMinas, uma das causas do aumento dos insumos é o fato de o Brasil ter diminuído a fabricação de matéria-prima nacional, reduzindo, por exemplo, a produção do cultivo de seringueiras, árvores de onde se tira o látex, item essencial à produção de borracha.
“Ao contrário do que acontecia há alguns anos , o Brasil só produz 50% da borracha consumida pela indústria nacional. Isso nos obriga a importar esse tipo de matéria-prima, aumentando os custos de nossa produção”, reclamou.
Imunização
O avanço da vacinação no Estado, ainda conforme Urban, deve também provocar a retomada da participação dos industriais desse setor em feiras internacionais, principalmente, nos eventos ligados à mineração.
“Com isso, acreditamos que podemos ampliar mais as exportações de nossos produtos. Algumas indústrias mineiras já exportam, mas temos a expectativa de aumentar ainda mais as vendas para o exterior”, afirmou.
Levantamento aponta acréscimo de 3,7% no valor do combustível e de 6,3% da gasolina.
Na semana passada, a Petrobras anunciou um novo reajuste no preço dos combustíveis nas refinarias, de 6,3% da gasolina e de 3,7% do óleo diesel. O oitavo reajuste desde janeiro deste ano, o que fez a gasolina encarecer 46,18% e o diesel 43,88% em 2021 para os distribuidores. Este aumento tem impactado o setor de transporte rodoviário de cargas, de modo que as empresas precisam repassar esta elevação ao valor dos fretes.
“A única forma de reagir é reajustando os fretes. Aliás, muitos contratos já preveem um gatilho no aumento do frete, portanto o custo logístico brasileiro será impactado fortemente”, explica Tayguara Helou, presidente do Conselho Superior e de Administração do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp).
A pedido do sindicato, o Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC) elaborou uma pesquisa levando em conta os últimos reajustes. Segundo a pesquisa, a gasolina teve um acréscimo de 6,3% e o óleo diesel 3,7%, refletindo correções médias de R$ 0,16 e R$ 0,10 por litro, respectivamente.
Este cenário reflete diretamente no cotidiano das empresas de transporte, aponta Helou. “O óleo diesel é um dos principais custos de uma transportadora, especialmente para as empresas de carga lotação. Este tipo de combustível chega a representar 60% do custo da empresa, portanto gera grande impacto”, conclui.
Segundo o boletim técnico do IPTC, este último aumento sobre o preço do diesel na refinaria elevará os custos do transporte de cargas lotação em 12,57% na média geral, sacrificando mais as operações de longas distâncias (6 mil km) em 18%. Já para as operações de carga fracionada o impacto médio é de 4,87%.
Hovani Argeri, diretor geral de Operação da Via Trucks, concessionária DAF com unidades em Contagem (MG), Guarulhos (SP) e São Bernardo do Campo (SP), explica que para reduzir o consumo é preciso saber conduzir o veículo e também fazer a manutenção no tempo certo.
“Existe transportador que adia a manutenção para adiar os custos. Mas o que ocorre na prática é aumento do consumo e o transportador se coloca em risco de ter um problema e levar a um custo elevado por falta da manutenção preventiva, além de ficar sem o veículo que é um bem de produção parado. Outro fator é que hoje o motorista é um operador do veículo e deve operar dentro das normas de condução definidas pelo transportador e de acordo com as normas de condução econômica definidas pela montadora para o produto em específico”, disse o executivo.
Em nota assinada pelo presidente Vander Costa, entidade ressalta importância do aprimoramento da medida provisória que institui o DT-e
A CNT (Confederação Nacional do Transporte) divulgou nota em que expressa o apoio da entidade ao relatório apresentado pelo deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS) sobre a medida provisória n.º 1.051/2021, que institui o DT-e (Documento Eletrônico de Transporte).
O DT-e visa a unificar e digitalizar documentos exigidos para o transporte de cargas. Na nota, a CNT destaca a defesa de mecanismos que permitam a desburocratização do transporte, mas ressalta a importância de que se observem as peculiaridades dos modais. Nesse sentido, destacou a relevância do aprimoramento do texto da medida provisória.
“Acreditamos nos avanços institucionais e legislativos através do diálogo e da apresentação de dados técnicos que demonstrem de forma factual a realidade do setor transportador e de sua operação. Dentro desses princípios, o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Infraestrutura, bem como pelo deputado Jerônimo Goergen (PP/RS), foi primordial para o aprimoramento da proposição e o atendimento à observância das peculiaridades do setor transportador”, afirma a CNT.
Veja, abaixo, a íntegra da nota assinada pelo presidente da Confederação Nacional do Transporte, Vander Costa. Clique aqui para fazer download do documento.
NOTA DE APOIO – DT-E – RELATÓRIO DO DEPUTADO JERÔNIMO GOERGEN
Medida Provisória (MPV) nº 1.051/2021 – Documento Eletrônico de Transporte
O transporte é um dos principais pilares do desenvolvimento do Brasil. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) trabalha para que o setor cresça e consolide a multimodalidade dentro de uma infraestrutura adequada e de qualidade.
Dentre os objetivos da CNT está o de promover e garantir que o transporte se desenvolva de forma segura, estratégica e sustentável. Hoje a Confederação é composta por 27 federações, cinco sindicatos nacionais e 21 entidades associadas. Isso representa mais de 165 mil empresas de transporte, responsáveis pela geração e pela manutenção de mais de 2,2 milhões de empregos.
Acreditamos que o equacionamento da fórmula “planejamento, desburocratização e investimento” será o responsável por gerar resultados que viabilizem a retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico do país.
Em 19/05/2021 o Governo Federal editou Medida Provisória (MPV) nº 1.051/2021, que institui o Documento Eletrônico de Transporte (DT-e).
A CNT é defensora da criação de mecanismos que permitam a desburocratização do transporte e diminua os custos do segmento e contribua para melhorar a sua eficiência. No primeiro momento a MPV foi vista com ressalvas pois não abarcava as peculiaridades dos modais e gerava dúvidas ao setor.
Acreditamos nos avanços institucionais e legislativos através do diálogo e da apresentação de dados técnicos que demonstrem de forma factual a realidade do setor transportador e de sua operação. Dentro desses princípios, o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Infraestrutura, bem como pelo deputado Jerônimo Goergen (PP/RS), foi primordial para o aprimoramento da proposição e o atendimento à observância das peculiaridades do setor transportador.
A pasta e o parlamentar ainda buscaram a harmonizar os objetivos do Poder Executivo e a realidade do setor transportador. Nesse sentido, a CNT agradece ao esforço realizado pelo deputado Jerônimo Goergen e apoia o parecer à MPV nº 1.051/2021, que de fato objetiva contribuir para a desburocratização do serviço de transporte.
Acreditamos que o relatório é um direcionador e muito do seu regramento virá por regulamentação do Poder Executivo. Esperamos que o deputado Jerônimo Goergen siga como interlocutor junto ao Ministério da Infraestrutura e demais órgãos do Governo Federal na construção das regras seguras e justas para implementação do Documento Eletrônico de Transporte e envolva ativamente, como ocorreu na construção do relatório da MPV, a CNT, entidade máxima de representação do setor transportador.
Como parâmetro, a ANTT utilizou o valor do óleo diesel S10 e do IPCA
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou, nesta quarta-feira (14/7), a Resolução nº 5.949/2021, referente ao reajuste da tabela de pisos mínimos de frete do transporte rodoviário de cargas. Foram considerados o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período de 4,61% (dezembro/2020 a maio/2021), a atualização do valor do óleo diesel S10 para 4,568 (semana 13/06/21 a 18/06/21, pesquisa ANP) por litro nas tabelas constantes dos anexos da Resolução ANTT nº 5.867/2020 e a alteração das tabelas vinculadas com os coeficientes de pisos mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes, por eixo carregado.
A medida é prevista no § 2º do art. 5º da Lei 13.703/2018: “Na hipótese de a norma a que se refere o caput deste artigo não ser publicada nos prazos estabelecidos no § 1º, os valores anteriores permanecerão válidos, atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou por outro que o substitua, no período acumulado”.
Para saber tudo sobre a Política Nacional dos Pisos Mínimos de Frete (PNPM), clique aqui. Para entender as etapas de implementação, acesse aqui.
Para entender melhor sobre a PNPM, assista ao vídeo do Canal ANTT no Youtube sobre como é, em regra, composto o cálculo da tabela. Aqui também você encontra um vídeo sobre a Resolução nº 5.923/2021.
O reajuste entra em vigor em 20 de julho de 2021.
Clique aqui para ter acesso aos novos coeficientes de pisos mínimos de transporte rodoviário de cargas.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu ter errado na dosagem ao enviar a primeira versão da proposta de mudanças no Imposto de Renda. Ele disse hoje que o objetivo da reforma tributária não são as empresas, e sim os “proprietários ricos” que tiram dinheiro delas.
As declarações foram dadas em entrevista ao jornal “Valor Econômico”. Segundo o ministro, houve excesso de conservadorismo nos cálculos da Receita Federal os erros de calibragem das alíquotas propostas na primeira versão do projeto.
“O que estava errado na primeira versão foi a dosimetria, as doses estavam erradas, porque o princípio é o mesmo”, afirmou o ministro.
Guedes afirmou que a desoneração de 5 pontos porcentuais do imposto cobrado das empresas era desproporcional à taxação de 20% sobre dividendos. No entanto, no decorrer das discussões, esses erros foram corrigidos, segundo ele.
“As empresas são agentes geradores de emprego e renda. Não quero tributar a empresa, quero tributar o proprietário rico, quando o dinheiro sai da empresa”, afirmou.
Perda na arrecadação
De acordo com Guedes, o governo não está preocupado com a perda na arrecadação de impostos prevista pelo relator da reforma tributária na Câmara, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA).
Segundo relatório apresentado ontem por Sabino, as mudanças no Imposto de Renda resultarão em uma redução de R$ 57 bilhões na arrecadação em dois anos, sendo R$ 27 bilhões em 2022 e R$ 30 bilhões em R$ 2023.
“Isso não está nos preocupando muito agora, porque só de o PIB [Produto Interno Bruto, a soma de tudo o que é produzido no país] voltar a um nível semelhante ao que estava antes da pandemia já veio uma arrecadação R$ 100 bilhões acima do previsto até agora”, disse Guedes.
Segundo o ministro, a arrecadação de impostos previstas para o primeiro semestre era em torno de R$ 640 bilhões, mas o resultado apurado de janeiro a maio pela Receita Federal foi de R$ 744 bilhões.
Guedes vê aprovação ainda este ano
Questionado se a reforma tributária seria aprovada no Congresso, Guedes disse acreditar que a proposta passe ainda este ano, tanto a primeira parte —entregue no ano passado e que unifica uma série de impostos federais— quanto a segunda, a relatada por Sabino e trata do Imposto de Renda.
Segundo ele, o governo tem conseguido avançar mais em sua agenda desde que Arthur Lira (PP-AL) assumiu a presidência da Câmara em substituição a Rodrigo Maia (sem partido-RJ), desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“O presidente da Câmara, Arthur Lira, está fazendo um trabalho brilhante de coordenação política, está ganhando todas as votações. O governo Bolsonaro estava sem eixo político durante dois anos”, afirmou.
(*Com informações do Estadão Conteúdo e da Reuters)
O IPCA geral, no acumulado dos últimos 12 meses (8,35%), está bem acima do teto da meta (5,25%), definida pelo Conselho Monetário Nacional
O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de junho de 2021, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz dois alertas para as empresas do transporte. As informações estão no Radar CNT do Transporte, publicado pela Confederação Nacional do Transporte nesta segunda-feira, 12. O Índice é considerado o termômetro oficial da inflação no país, pois seu principal objetivo é monitorar a variação nos preços dos produtos de mercado para o consumidor final.
O primeiro alerta é em relação ao aumento do preço dos combustíveis registrado pelo Índice. O valor avança pelo segundo mês seguido, depois da queda pontual ocorrida em abril por conta das reduções dos impostos sobre o produto e da mistura de biodiesel no diesel de 13% para 10%. No resultado do IPCA acumulado de 12 meses – de junho de 2020 a junho de 2021 –, o setor de transporte foi o que mostrou a maior variação, de 15,05%, considerando todos os grandes grupos de atividades que compõem o Índice.
O segundo ponto que requer atenção do transportador diz respeito ao próprio Índice. O IPCA geral, no acumulado dos últimos 12 meses (8,35%), está bem acima do teto da meta (5,25%), definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Caso continue sofrendo pressões, ou seja, se a inflação continuar aumentando, o Banco Central pode rever para cima as metas da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), que já sofreu três aumentos em 2021, chegando ao nível atual de 4,25%.
Este cenário pode não ser favorável para o transportador. Para as empresas do setor, o impacto mais direto deve se dar na tomada de crédito com custo mais caro, dificultando investimentos em um período de crise global por conta da pandemia do novo coronavírus. Outro risco é a possível desaquecimento da economia, que potencialmente pode diminuir a procura pelas atividades e serviços do transporte, importante intermediário entre o produtor e o consumidor.