Se alcançado, resultado deste ano será 30% superior ao de 2017, último recorde; retomada da China e dos EUA deve continuar ampliando as vendas de soja e minério de ferro; em abril, foi registrado saldo comercial positivo de US$ 10,3 bi
Com a demanda por produtos como soja e minério de ferro em alta, principalmente na China, e o reaquecimento da economia dos Estados Unidos, as exportações brasileiras devem dar um salto neste ano e a balança comercial registrar um saldo positivo recorde. Bancos e consultorias estimam que o superávit poderá chegar a US$ 73 bilhões. Se alcançado, o número será 30% maior que o de 2017, quando o País bateu seu último recorde, com US$ 56 bilhões. Na comparação com o ano passado, a alta do saldo seria de 46%.
O Relatório Focus, elaborado pelo Banco Central com base em projeções das principais casas de análise econômica do País, indica que, por enquanto, a mediana do mercado para o superávit de 2021 é de US$ 64 bilhões – ainda assim, um recorde. Ao contrário do que ocorreu em 2017, quando a debilidade das importações garantiram o saldo histórico, desta vez o superávit será impulsionado pelo aumento das exportações.
Além de os principais parceiros comerciais do País – China e EUA – estarem se recuperando rapidamente da crise da covid-19, há uma retomada do comércio internacional que deve favorecer as exportações brasileiras. A Organização Mundial do Comércio estima crescimento de 8% para este ano, após um tombo de 5,3% em 2020.
A consultoria LCA é uma das mais otimistas com o saldo comercial brasileiro, projetando US$ 73 bilhões para 2021. A estimativa foi feita no começo de abril, mas já há um viés de alta, segundo a economista Ana Luisa Mello. Quando o ano começou, explica ela, era esperado um superávit significativo porque os preços das commodities vinham subindo. Agora, somou-se a isso uma elevação no volume de produtos embarcados. “O crescimento das exportações está acima do que se esperava em janeiro, quando ainda não havia informações sobre o sucesso do processo de vacinação nos EUA”, diz Ana Luisa.
A consultoria Tendências vinha prevendo um superávit de US$ 53,8 bilhões para o ano, mas vai revisar o número ainda nesta semana. “Acho que dá para pensar entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões”, diz o economista Silvio Campos Neto.
De acordo com Campos Neto, ainda que o minério de ferro seja o produto que concentra a maior elevação no preço – a tonelada passou de US$ 67,6 em abril de 2020 para US$ 129,8 em abril de 2021 –, essa alta está disseminada e favorece também produtos como soja e celulose.
A economista Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, afirma que até manufaturados (como têxteis e calçados) devem começar a registrar maiores embarques, puxados pela desvalorização do real. “Como o mercado interno está mais encolhido, as indústrias acabam se voltando para setor externo.”
O Itaú Unibanco estima superávit de US$ 72 bilhões para este ano. A economista do banco Júlia Gottlieb destaca que a alta nas commodities registrada no começo do ano está chegando agora aos preços praticados. Por isso, os resultados recentes da balança comercial foram mais positivos.
As exportações brasileiras bateram recorde em abril, quando a venda de bens para o exterior somou US$ 26,5 bilhões, uma alta de 50,5% na comparação com abril de 2020. Foi o maior valor para todos os meses da série histórica, que tem início em janeiro de 1997.
As importações também aumentaram, com as empresas brasileiras comprando mais insumos, e chegaram a US$ 16,1 bilhões, um avanço de 46,8%. Ainda assim, o saldo comercial bateu recorde, alcançando US$ 10,3 bilhões. “O boom de commodities internacionais tem ajudado o Brasil e as compras chinesas também ajudam, porque a China tem formado estoques de matérias-primas”, afirmou o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
Como ponderação, ele lembra que o crescimento expressivo, tanto das exportações como das importações, se deu sobre uma base de comparação bastante fraca, já que abril de 2020 foi o auge do impacto da pandemia na economia brasileira.
As exportações do mês passado foram impulsionadas pela soja, com 17 milhões de toneladas, o maior montante já vendido em um mês. O produto respondeu por 27,1% de todos os embarques de abril. “Há demanda mundial aquecida por produtos brasileiros no contexto de recuperação econômica em países como China, da União Europeia e EUA”, disse o diretor do subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão.
Impacto
Apesar de serem consideradas positivas por trazerem receita ao País, as exportações recordes não serão suficientes para impulsionar a economia do País. Isso porque elas têm uma participação pequena no PIB. “O PIB pode até ser beneficiado pelas exportações, mas elas não conseguem alavancar o crescimento sozinhas”, diz Lia Valls. Campos Neto, da Tendências, lembra que a participação do comércio exterior no PIB poderá crescer de 12% para 15% neste ano, mas o movimento ocorrerá em grande parte por causa da desvalorização do real. Como o PIB é mensurado em dólar, as atividades internas pagas em real acabam perdendo representatividade. /COLABOROU EDUARDO LAGUNA
Com os registros positivos do setor agrícola, é natural que o empreendedor rural queira aproveitar os bons resultados e investir em novos equipamentos
As exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$11.57 bilhões em março. O valor é recorde para o mês, que nunca havia ultrapassado US$ 10 bilhões desde o início da série histórica em 1997. E Minas Gerais acompanhou o movimento. O estado teve relevantes 15,2% de participação no desempenho nacional das exportações do agronegócio.
A receita do estado foi de US$ 2.02 bilhões no período. Com 2,11 milhões de toneladas de produtos exportados, o volume da produção deste ano foi 0,3% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.
A pandemia exerce influência na dinâmica do mercado, favorecendo o agronegócio. A alegação é da assessora técnica da Superintendência de Inovação e Economia Agropecuária (Siea) e da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa/MG), Manoela Teixeira de Oliveira. “O aumento de preço de algumas commodities colaborou para o bom resultado. O preço médio chegou a US$ 957 por tonelada“, afirma a especialista.
Ranking da exportação mineira
Confira os TOP 5 dos produtos da pauta da exportação estadual:
E os cinco principais destinos da produção do agronegócio mineiro são:
China (19,6%); Estados Unidos (12,8%); Alemanha (11,7%); Bélgica (6%); Japão (5,7%).
Ao todo, o estado exporta para 149 destinos.
Considerando a sequência de registros positivos do setor agrícola, é natural que o empreendedor rural queira aproveitar os bons resultados para ampliar suas produções. O primeiro passo é se certificar de que as etapas do trabalho no campo estejam bem ajustadas e investir no potencial produtivo.
Há muitas alternativas no mercado, mas é preciso pesquisar para fazer aquisições dimensionadas para o porte da produção e não comprometer o orçamento. A busca por tratores à venda, mão de obra qualificada, insumos e as condições de trabalho estão entre os elementos que merecem atenção.
O estado teve um desempenho histórico da receita das exportações do café com US$ 1 bilhão arrecadado. O volume fornecido foi de 8,11 milhões de sacas. O momento convida o cafeicultor a investir em colheitadeiras, insumos ou tratores à venda em MG para garantir uma boa estrutura produtiva.
A Secretaria de Ciência, Tecnologia & Inovação (Secti) de Pernambuco e o Porto do Recife assinaram nesta quarta-feira, um Acordo de Cooperação Técnica que amplia o trabalho de inovação tecnológica e intercâmbio de conhecimentos com a comunidade acadêmica. Com a parceria, o ancoradouro vai se transformar em um laboratório para o desenvolvimento e experimentação de novas soluções e realização de pesquisas científicas em georreferenciamento, veículos autônomos aquáticos e aéreos, além de novas ferramentas para movimentação de cargas e sistemas inteligentes de logística, para tornar o equipamento como um hub de inovação do setor.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Lucas Ramos, agora o Porto do Recife vai ser mais uma opção de prática tecnológica, contribuindo para a formação de mão de obra. “A partir de agora o Porto faz parte da rede de ecossistema de inovação de Pernambuco, uma rede voltada para a formação de pessoas. A gente pode desenvolver programas com instituições que não estão embarcadas no Porto do Recife, onde teriam o Porto como laboratório para parte prática. Identificando os ambientes de inovação, percebemos o potencial do Porto, e precisávamos conectar a esse ecossistema de inovação”, disse.
Como exemplo do que pode ser feito, o secretário apontou que estudantes que fazem parte do Programa Pernambuco na Universidade (Prouni-PE), poderão desenvolver atividades de extensão no ancoradouro. “A Secti assinou contrato com estudantes do Prouni-PE, onde existe dentro do programa, uma contrapartida dos estudantes que precisam dedicar horas para atividades de extensão curricular. O Porto vai ser uma das atividades, colaborando com alguma pesquisa científica, desenvolvimento de soluções para as empresas embarcadas, é conectar um programa da pasta, com o porto do recife, discutindo problemas vivenciados no Porto”, declarou Ramos.
O presidente do Porto do Recife, Marconi Muzzio, destaca que a parceria pode contribuir não só para o desenvolvimento de profissionais, mas como uma melhor atuação do ancoradouro. “Sempre acreditamos que a parceria entre academia e empresas é fundamental para o desenvolvimento e não poderia ser diferente aqui. O interesse é buscar soluções para desafios que já conhecemos, questões da profundidade do porto, georreferenciamento, logística, e vamos conseguir soluções muito mais baratas, trazendo o universo acadêmico”, destacou Muzzio.
Além do secretário e do presidente do Porto, a presidente do Conselho de Administração (Consad) e secretária executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Ana Paula Vilaça, também participou da assinatura do Acordo de Cooperação Técnica.
Projeção ficou 14% acima do previsto para o período. Faturamento superou em 52% o projetado para janeiro e fevereiro
Em meio ao cenário de incertezas na economia global por conta da pandemia do novo coronavírus, a Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ) se mantém otimista para o ano de 2021. Impulsionada pelo crescimento de 9,8% em 2020 — o dobro da média nacional —, a companhia fechou o primeiro bimestre com 23,5% de movimentação sobre o mesmo período de 2020. O resultado é 14% superior ao projetado para os meses de janeiro e fevereiro no Plano de Negócios 2021-2023 concluído no fim do ano passado e lançado recentemente.
Com 268,7 milhões de toneladas, o Brasil deve ter uma produção recorde de grãos na safra 2020/21. O volume, divulgado hoje (8) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é 4,2% maior do que o recorde anterior, alcançado na safra 2019/2020, quando foram produzidas 257,7 milhões de toneladas.
A Conab estima também um crescimento de 1,3% na área cultivada. A expectativa é que em 2020/21 o plantio ocupe cerca de 66,8 milhões de hectares, 879,5 mil hectares a mais que na safra anterior.
As estimativas fazem parte do primeiro de 12 levantamentos de campo que a Conab realiza a cada safra. Participam da coleta dos dados 80 técnicos espalhados por todas as regiões do país, que contatam aproximadamente 900 informantes cadastrados.
“Essa nova safra começa num cenário de preços muito altos, os produtores de uma maneira geral estão muito motivados a investir”, disse o presidente da Conab, Guilherme Bastos, ao apresentar os dados.
Bastos destacou os preços do milho, que registram preços entre 50% a 100% maiores do que no ano passado, e da soja, que atingiu recentemente a cotação de R$ 123 por saca, o maior valor nominal já registrado.
No caso do arroz, Bastos disse que a Conab observa uma estabilização de preços, depois da recente alta impulsionada pelo aumento nas exportações e no consumo interno.
Grãos
Em 2020/21, a produção de soja deve ficar em 133,7 milhões de toneladas, estima a Conab, o que mantém o Brasil como o maior produtor mundial da oleaginosa. A colheita de milho também deve ser recorde, de 105,2 milhões de toneladas, 2,6% a mais do que no ano anterior.
A área de cultivo de arroz deve aumentar 1,6%, mas os técnicos da Conab estimam queda de 4,2% na produtividade, o que deve resultar numa colheita de 10,8 milhões de toneladas. O mesmo pode ocorrer com o feijão, cuja safra estimada é 3,126 milhões de toneladas, o que significaria diminuição de 3,2% em relação à temporada passada.
No caso do algodão em pluma, deve cair a área plantada e a produtividade. A produção para o produto deve se limitar a 2,8 milhões de toneladas, redução de 6,2% ante a safra anterior.
Neste ano, contudo, a exportação de algodão deve bater o recorde de 1,2 milhão de toneladas produzidas até setembro deste ano, 49% superior em relação ao mesmo período do ano anterior.
O milho deve atingir, na safra atual, 34,5 milhões de toneladas exportadas, enquanto a exportação de soja deve ficar em 82 milhões de toneladas e subir 3,7% na safra 2020/21, chegando a 85 milhões de toneladas, estima a Conab.
Em geral, as exportações devem se manter elevadas devido ao câmbio favorável, avalia a Conab.
Apesar do recorde, tanto as exportações quanto as importações registraram quedas na média diária em comparação a agosto de 2019
Com uma queda nas importações devido à pandemia da covid-19, a balança comercial brasileira registrou um superávit recorde em agosto. As exportações superaram as importações em US$ 6,609 bilhões, o maior resultado para o mês na série iniciada em 1989. No ano, o superávit já soma US$ 36,594 bilhões.
O dado de agosto ficou dentro do intervalo das projeções de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que previam saldo positivo de US$ 3 bilhões a US$ 11,497 bilhões. A mediana indicava superávit de US$ 6,8 bilhões em agosto.
Apesar do recorde, tanto as exportações quanto as importações registraram quedas na média diária em comparação a agosto de 2019. As compras vindas do exterior, porém, desabaram em maior magnitude, o que fez a balança pender para o lado positivo. Em valores absolutos, as exportações somaram US$ 17,741 bilhões em agosto, enquanto as importações ficaram em US$ 11,133 bilhões.
A média diária das importações caiu 25,1% em relação a agosto do ano passado, com tombo de 59,5% na indústria extrativa e queda de 23,8% na indústria de transformação. A média diária de importações da agropecuárias caiu 0,8%, sempre na comparação com agosto de 2019.
Já no caso das exportações, a queda foi de 5,5%, puxada por indústria extrativa (-15,4%) e indústria de transformação (-7,7%). A agricultura teve alta de 14,6% na média diária. O mês de agosto de 2019 teve um dia útil a mais, observou o Ministério da Economia.
No oitavo mês de 2019, o saldo positivo da balança havia ficado em US$ 4,1 bilhões. O Ministério da Economia divulgou ainda os superávits de US$ 1,75 bilhão na quarta semana de agosto (24 a 30) e de US$ 73 milhões na quinta semana (31).